Capítulo 14

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- Megan! – Minha mãe me abraça assim que entro pela porta de casa. – Por que não nos ligou? Íamos te buscar...

- Não precisava e eu também queria fazer uma surpresa. – Digo.

- Filha como você cresceu! – Meu pai exclama. – Sua mãe não via a hora de você vir...

- Eu imagino. – Olho para ela.

- Mas venha. – Ela me puxa. – Querido pega a mala. – Meu pai ri. – Como está sendo em São Paulo?

- Bem legal. – Digo. – A cidade é incrível, vocês iam adorar.

- Meg você não quer tomar um banho? – Meu pai pede, ele sabe que minha mãe vai me atolar de perguntas.

- Olha eu vou aceitar, não demoro. – Digo e abraço cada um deles. Meu pai me ajuda a levar minha mala até meu antigo quarto, assim que entro sou tomada pela nostalgia. Meu antigo quarto rosa. Eu detestava essa cor. Ainda detesto, mas eu que peguei a lata errada então fazer o que. Reparo que tudo está do jeitinho que eu tinha deixado quando fui embora.

- Esperamos você na cozinha, com biscoitos. – Ele sorri.

Tomo um banho quente e eu me sinto estranhamente bem. Antes não parecia que eu sentia tanta falta assim. Quando saio coloco uma roupa mais confortável e prendo meus cabelos, desço até a cozinha e sinto um cheiro maravilhoso vindo de lá.

- Estou amando o cheiro. – Falo assim que entro na cozinha.

- Pega um. – Minha mãe estende a bandeja de biscoitos. – Nos conte mais filha, o que houve com Peter? – Mordo o biscoito e os dois me encaram.

- Não estava mais dando certo, Peter estava ficando obsessivo demais e me pediu em casamento, falei não na cara dura. – Digo e minha mãe arregala os olhos.

- Essa é minha garota. – Meu pai ergue um biscoito. – Sua mãe achou que fosse apenas uma briguinha de namorados...

- Não, nos separamos mesmo mãe. – A olho. – Sei que você gosta muito dele...

- Filha se você está feliz eu também estou. – Ela sorri.

- Bem como eu disse para vocês, estou morando com a Emília e o irmão dela. Vocês vão adorar conhecer ela. – Digo. Só de pensar em meus pais a conhecendo eu fico animada só de pensar. – Ela é doidinha...ah antes que me esqueça, tenho presentes para vocês.

- Não precisava...- Minha mãe sorri. – Ai que bonito. Eu adoro artesanatos...são de Petrópolis?

- São. – Respondo.

- Quando que você foi para lá? – Pede meu pai.

- Faz um tempo...- Falo e meus pensamentos param em Connor. Aqueles dias juntos...abro um sorriso ao lembrar de nós.

- Megan? – Meu pai estrala os dedos na minha frente. – Planeta terra chamando...

- Ai desculpa, o que foi? – Peço e me xingo mentalmente.

- Por que esse sorrisão enorme aí? – Minha mãe se para ao meu lado.

- Eu...eu...- Tento falar, mas acabo ficando calada. – Mãe não quero falar sobre isso agora está bem?

- Tudo bem querida. – Ela sorri fraco.

- Ah nós ficamos sabendo da exposição que teve. – Meu pai fala. – Vimos algumas fotos na internet, mas não é a mesma coisa...você por acaso as trouxe?

- Claro que sim, queria mesmo mostrar elas para vocês. – Digo, vou até meu quarto e pego elas. Nos sentamos no sofá e mostro para eles. Conto um pouco sobre cada fotografia e meus pais ficam maravilhados com cada detalhe que elas possuem. Minha mãe troca de foto e arregalo meus olhos ao ver a foto de Connor ali, jurei que tinha a deixado em São Paulo, mas parece que onde vou ela está comigo...

- Quem é esse bonitão? – Minha mãe me encara.

- Connor. – Digo.

- Ele estuda com você? – Meu pai pergunta.

- Não, nós os conhecemos no aeroporto...- Falo. – Eu fui com ele para Petrópolis.

- Ah vocês são amigos. – Meu pai diz. Eu fico encarando meus pés, sei que minha reação vai me entregar, mas é difícil me controlar quando o assunto é o Connor.

- Acho que amigos não, estou certa? – Minha mãe me olha.

- Amigos não. – É só o que consigo dizer.

Depois disso eu mudo de assunto. Ainda bem que meus pais não me perguntam mais nada sobre Connor, eu sinto falta dele. Nem sei onde é que ele está nesse momento. O tempo passa e eu ajudo minha mãe com a janta. Eles me contam o que fizeram esse tempo todo sem eu por perto. A comida da minha mãe é deliciosa e eu não consigo para de comer, acho que vou levar ela comigo...até que a ideia não é ruim.

- Quando é que sua amiga vem? – Minha mãe pede.

- Daqui a uns dois ou três dias. Ela está acampando com o namorado dela. – Digo. Meus pais se entreolham. Os dois se conheceram em um acampamento, eu adoro essa história. Meu pai estava pescando no rio quando minha mãe passou correndo porque um bicho estava atrás dela. Aí ele quis bancar o herói e salvá-la, no final os dois acabaram em cima de uma árvore com medo, foi assim que eles começaram a conversar, em uma árvore. Os dois estão sorrindo feito criança.

Quando acabamos de jantar, eu ajudo minha mãe com a louça e em seguida subo para ir dormir. Troco de roupa e coloco minha camisola lilás, escovo meus dentes, mas antes de me ditar resolvo olhar o céu. A lua cheia brilha a milhões de quilômetros de distância, as estrelas ao seu redor piscam devagar e uma brisa leve me atinge. É tão bom estar em casa. Vejo que tem uma movimentação na árvore ao lado da minha janela. Tento ver o que tem ali, mas está escuro demais. Espero que seja uma coruja!

Me inclino para a frente e meus olhos se encontram com um olhar que me tira o fôlego todas as vezes. Tento falar algo, mas eu só consigo encarar Connor ali em cima da árvore da minha casa. Me sinto em um dos romances de Shakespeare, o que resta é saber se terei um final feliz ou não.

AcasoWhere stories live. Discover now