3. Bleeding Out

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A sala estava barulhenta quando cheguei — ou talvez fosse só minha cabeça outra vez

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A sala estava barulhenta quando cheguei — ou talvez fosse só minha cabeça outra vez. A chuva torrencial da cidade batia nas janelas e me perguntei se ela estava tentando seguir meu humor matinal.

Estava atrasado e tentava culpar o fato do celular não ter despertado e dos remédios que tomei, mas quando entrei na sala todos dirigiram um olhar fugaz na minha direção.

Talvez não fosse em mim, ou pra mim e talvez eles também não estivessem me julgando dentro de suas cabeças mas era só o que conseguia pensar quando pisei dentro da sala.

Eles estão olhando pra você e sabem sobre os remédios que você tomou pra dormir. E sobre a Sophie e sobre como você só está em pé por causa de uma garrafa de enérgico.

Tentei afastar minha mente disso. Queria gritar para que olhassem pra outra pessoa, pra outro lugar. Tentei não cair na frente de todo mundo e passar despercebido. Sabia o quão horrível estava fisicamente, não tinha dado a mínima pra isso hoje de manhã, quando evitei meu olhar no espelho, mas agora parecia que eu estava aos pedaços. Não só mentalmente, mas agora parecia que quem quer que olhasse pudesse me ver da forma que eu me via e isso estava fodendo minha mente.

— Desculpe o atraso, — murmurei, assim que entrei na sala, para que só o professor Aniston pudesse ouvir. — Não vai se repetir.

Ele olhou por cima, por cima dos óculos de grau e uma cara ranzinza.

— Quero que fique no final da aula, Evans. Se possível. — Se possível, você tem duas opções: ou fica, ou fica.

Relativamente bom nos esportes péssimo em sala de aula, é o que ele pensa de você.

— Claro. — Falei e apertei a alça da bolsa indo em direção a carteira. A mesma de ontem, por algum motivo. Kyle estava lá. Tinha um rosto passivo e simpático. Sorriu e eu forcei os lábios para o lado na tentativa de não parecer um babaca do caralho, mesmo sabendo que era.

Não somos amigos e eu ainda não gosto de você. Não gosto de ninguém aqui, nem desse seu sorriso calmo quando tudo parece cair aos pedaços ao redor.

Me joguei na cadeira, minha cabeça doía e me forcei a ficar acordado o maior tempo que conseguisse. Ele tinha virado o rosto e eu fiz o mesmo. Alguns olhares ainda queimavam no meu corpo e eu só queria gritar para que parassem. Façam algo melhor das suas vidas.

Então — como se estivesse lendo meus pensamentos — o professor começou a falar algo, com as costas viradas para o quadro negro e eu o encarava, tentando fugir da queimação na barriga por causa do energético.

Tentata olhar não como se entendesse algo, mas tentando fingir que sim. Nada entrava na minha cabeça e queria bate-la contra a parede por isso.

A cada pergunta que ele fazia, Kyle levantava a mão ao meu lado, respondendo tudo como um tipo de Google Ambulante, gritando "tente a sorte".

Don't Say My Name - (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora