5. The Good Side

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Minhas mãos estão trêmulas e soam de uma forma absurda, um frio sobe por meus pés e parece se alojar em meu estômago me fazendo querer vomitar.

Kyle ergue uma de suas sobrancelhas enquanto espera que eu diga algo.

— Pode reler sua fala James? — ele pede, pacientemente sem me olhar. O garoto ao meu lado assente e cola os olhos no papel em suas mãos.

— Boa manhã meu primo! — ele interpreta de uma forma que eu penso que sou realmente seu primo.

Engulo em seco enquanto tento ler o papel tremulante em minhas mãos.

Merda, todos estão me olhando.

— Ai de mim! A-as horas...

— Tudo bem, pare. — Kyle ergue uma de suas mãos enquanto se aproxima de mim em passos lentos.

Seus óculos estão no topo de sua cabeça, e suas mãos escondidas no bolso de seus jeans. As botas ecoando no chão de madeira abaixo de nossos pés.

— Evans, querido. Você tem que interpretar o personagem e não apenas ler. — ele diz e seu olhar parece quase como carinhoso.

Puta merda.

Estou tão nervoso que sinto que posso me desfazer feito areia. Quero correr o mais rápido que posso do auditório, mas sei que se o fizer estou fora do time, e essa ideia é a única que não posso suportar nem em um milhão de anos.

Não digo absolutamente nada por longos segundos e Kyle atende isso como uma deixa para dispensar todos, e me sinto verdadeiramente aliviado e grato.

Ele parece querer dizer algo, mas ando em passos rápido até a saída e o escuto proferir meu nome, mas não paro.

Corro até o banheiro e imagino que vou vomitar. Minhas mãos seguram o mármore a minha frente e meus olhos se encontram com os do reflexo do espelho. A ansiedade se instala em minhas veias, e por um segundo não sei o motivo exato.

Já fiz apresentações antes, e nunca me senti dessa forma.

O azul dos meus olhos parecem um tanto apagado, e as olheiras debaixo deles é perceptível.

E por um segundo penso que é por conta de meus pais, seria o único motivo por eu estar assim. A ideia de tê-los na mesma cidade que eu é completamente sufocante.

Olho para porta no exato momento em que ela se abre revelando um garoto de cabelo brancos e um olhar quase como preocupado.

— Oi. — sua voz está calma, e ele se aproxima em passos cautelosos até mim. Da proximidade que estamos, noto que seus olhos são de um tom diferente dos meus, eles não parecem apagados e sim vivos, como se estivessem felizes todo o tempo.

— Oi. — digo, e não me atrevo a olhá-lo. Minhas mãos se apertam ao redor do mármore e penso que vai se quebrar.

— Eu queria dizer que...

Seu olhar se perde em meu rosto, e só assim noto sua cara de surpresa. Devo estar lamentável.

— Dizer que...?

— Oh, sim. — ele continua e apoia seus ombros na parede. — Tudo bem você ser péssimo, porque todos nós somos horríveis! — exclama e um sorriso aparece em seus lábios.

Se recomponha, idiota. — digo a mim mesmo milhões de vez antes de largar o mármore.

— Tanto faz. — minha voz soa despreocupada, mas sei que ele notou o quão angustiante realmente está.

Passo por ele, e abro a porta que dá para o corredor.

Não olho para trás um segundo.

— Finalmente te encontrei! — a voz de Sophie me desperta, e ela fica na ponta dos pés para dar um pequeno beijo em meus lábios.

Don't Say My Name - (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora