Ao acordar, vi Fábio dormindo ao meu lado. Sorrindo, acariciei seu cabelo e fiquei o olhando dormir por um tempo. Instantes depois, reparei que ele sorria durante seu sono e acordou, sorrindo para mim dessa vez.
-Bom dia, Fabinho.
-Bom dia, mulher mais linda da minha vida.
Sorri, enquanto ele ficava por cima de mim para me dar um selinho. Aproveitei a posição e roubei outro beijo dele, que após esse dengo, fez carinho na minha barriga nua.
-Será que nosso bebê já está aqui?
-Não tenho ideia. Mas o senhor pode sair de cima de mim para tomarmos café.
Fábio deitou ao meu lado, caindo na cama. Virei para ele.
-Está acordada tem muito tempo?
-Sim. Eu não sei se você já trouxe comida pra cá e não saberia achar mesmo, então fiquei aqui deitada. Mas estou morrendo de fome.
-Ah,tadinha. Quase me deu pena. Vou lá em baixo trazer pra você.
-Vai logo. Você tem que me tratar direitinho. Se eu ficar nervosa, vai que não consigo engravidar?
-Consegue, sim. Consegue que é uma beleza.
-Agora você entende muito do meu útero? Tem Phd em reprodução?
-Você é tão engraçada, Talita. Já volto.
-Ótimo.
Fábio se vestiu e desceu para a cozinha. Levantei, tomei meu banho e coloquei minha roupa da noite anterior. Deitei de novo e liguei a televisão na Globo, assistindo ao Bom Dia, Rio.
Durante o comercial, Fábio subiu com a bandeja. Me deu um selinho e sentou comigo, cheirando meu pescoço.
-Obrigada.
-Nada. Tá cheirosa, amor.
-Eu sou cheirosa, Fábio.
-E convencida.
-Mas você me ama.
-Amo. Amo tanto que dói.
Fábio beijou meu pescoço, me causando cócegas. Ri, virando o rosto, e ele sorriu.
-Você não está me deixando comer.
-Quero atenção também.
-Eu te dei atenção a noite toda ontem, Fábio. E outras coisas também.
-Talita!
-Estou mentindo?
-Não. Mas... Ah. Desisto. Você sempre sabe um argumento também.
-Te amo, viu? Vou te dar atenção.
-Agora não quero mais.
-Não perguntei nada.
-Acordou afiada hoje, hein.
-Eu sei.
Dei espaço e Fábio deitou aninhado em mim. Enquanto eu comia, fiquei acariciando seu cabelo.
-Fabinho.
-Oi.
-Vai fazer a mudança hoje?
-Você que sabe, pequena.
-Mas você vai trabalhar hoje?
-Vou, sim. Só de tarde.
-Fabinho... Não pode tentar uma folga? Tudo que eu e a Lalá queremos é um dia com você.
-Eu sei, eu sei... Vou ligar para o escritório e pedir para eles tentarem sem mim hoje.
-Obrigada, amor.
Antes de levantar, Fábio beijou minha boca e pegou o telefone fixo. Enquanto ele fazia a ligação,me distraí com seu celular.
Primeiro, fui conferir com quem ele ficou de papo no Whatsapp. Depois de conferir, abri a conversa com a Bruna e mandei, de forma carinhosa:
"Valeu, Bruna"
Pouquíssimo tempo depois ela mandou:
"Nada! E aí? A Tatá gostou?"
"Eu amei, Bruna. A casa é linda. Mas vai ter vingança"
"HAHAHAH
te enganei direitinho"
"Filha da mãe. Eu fiquei tão mal ontem. E você aí, nem pra me dar um sinal"
"Te amo, Minion ❤
A casa é linda, né? O Fábio estava todo bobo comprando ela"
"É muito linda! Eu até imagino hahahah"
"Pse. Ele queria até te contar antes, mas se segurou bem
Aqui, ele pode dar umas aulas pro Neymar?"
"Se o meu marido comprou uma casa de surpresa, lá na França o Ney vai te dar o que? A Torre Eiffel?"
"Engraçadinha, há há
Ei, só me dei conta agora. O que está fazendo com o celular do Fábio?"
"Marcando território"
"Tem noção de que isso foi muito psicopata da sua parte?"
"Eu sei. E ele provavelmente vai ficar muito puto comigo quando souber"
"Depois me conta a discussão que tiveram. Eu amo os diálogos de vocês dois. É mais engraçado que esses programas de comédia"
"Tua ama a gente, né. Sabemos"
"Se não amasse, não tinha sido a madrinha de vocês"
"Somos um casal incrível, tenho consciência disso"
"Bestona"
"Eu shippo Brumar"
"Você tá falando nada com nada"
Estava ainda pensando no que responder quando, de surpresa, Fábio tirou o celular da minha mão. Olhei sorrindo para ele.
-Eu falei para a senhora comprar o IPhone de outra cor. Agora fica confundindo o seu com o meu em uma frequência absurda.
-Dessa vez eu peguei o seu de propósito mesmo. O meu tá com a tela trincada no canto, já parei de confundir.
-Talita! Aquele celular tem nem três meses ainda. Está brincando, né?
-Não! Foi a Laís.
-Não joga a culpa no nosso pinguinho de gente.
-Tá, não foi culpa só dela. Mas foi metade da culpa.
-Eu nem acredito mais.
-Estávamos vendo se a gravidade funcionava na cozinha também.
-Eu sabia que aquela plantinha na varanda não era erva doce. Isso que você está fazendo é crime, hein. Aí de você se descobrem sua maconha-Gargalhei.
-Me descobriu.
-E você está desviando o assunto que era sobre estar mexendo no meu celular.
-Eu só estava falando com a Bruninha.
-Vou te contar um segredo. No seu celular,também tem o contato dela. Mesmo que você esteja fazendo um teste de resistência com a tela dele.
-Eu sei, bobão. Mas meu celular só serve pra ver Galinha Pintadinha.
-Serve para falar com a Bruna também.
-Porque tanto ciúmes com o celular? Está escondendo o que de mim?
-Não estou escondendo nada. Só sei que deixar um celular contigo é garantia de que a tela dele vai quebrar logo.
-Já falei que a culpa não é só minha. A tua filha fica babando o meu e ele escorrega da minha mão.
-Você quebrava os celulares bem antes dela nascer.
-É um detalhe. Para de falar isso, deita comigo. Vai trabalhar hoje ou não?
-Vou ficar com você e a Lalá mesmo. Desde que as duas não quebrem nada meu.
-Obrigada, amorzinho. Prometo que vamos nos comportar.
-Espero.
Fábio sentou na cama ao meu lado e me beijou, alisando meu cabelo. Sorrindo, lhe enchi de beijos.
-De novo, amor?
-Não, safado. Eu quero ir buscar nossa filhote. Estou com saudades dela.
-Mas vocês estavam juntas agora pouco. Porque não ficamos um pouco sozinhos?
-Porque você tem juízo e sabe que eu vou ficar mal humorada se ficar longe da minha bebê.
-Chata. Quer ir lá agora?
-Quero.
-Vamos lá.
Fábio levantou e pegou sua chave do carro na nossa bagunça na prateleira e ficou me olhando.
-Já?
-Claro. Levanta logo.
-Azedo.
-Não estou, não.
Lhe dei língua e Fábio me mostrou o dedo antes de sair do quarto. Arfei, levantei da cama e corri até ele.
-Isso não vai ficar assim, Porchat.
-Vai.
Pulei em suas costas, o pegando de surpresa. Fábio me segurou com força.
-Caralho, que susto. Não faz isso.
Rindo, fui até seu carro. Ele ainda me olhava desconfiado.🌸
Óbvio que o mais pesado da mudança Fábio ficou fazendo. Enquanto ele terminava de ajeitar as coisas da Lalá no quartinho dela, fiquei dando o almoço da nossa bebê. Sentei no chão da sala, enquanto ela não queria parar quieta. Mas ela não queria sentar para comer também.
-Filha, vem cá com a mamãe. Você tem que comer.
Ela me olhou rindo e voltou a atenção ao desenho. Suspirei.
-Se você não vier aqui agora para comer, a mamãe vai desligar a Princesa Sofia.
-Não, nã'!
Me assustei tanto com isso que quase derrubei o que estava segurando.
-Você tá falando, filhote?
Ela ficou tão ocupada em fazer bico pra mim que não falou mais nada. Sorri.
-Fala com a mamãe, meu amor. Agora você quer conversar?
Ela estava entendo muito bem, pois minha resposta foi ela negando com a cabeça.
-Então senta aqui pra almoçar. Prometo que não vou desligar a Sofia.
Tive que pegar sua mão e a puxar de leve para sentar em meu colo. Só assim consegui lhe dar o almoço,no maior silêncio. Ela realmente decidiu ficar bem quieta.
Assim que terminou de almoçar, Lalá continuou sentada no meu colo assistindo o canal da Disney. Logo começou outro desenho do Mickey, que é um dos mais chatos do canal. Decidi ver se assim conseguia a fazer falar de novo, pois me apaixonei em sua voz linda.
-Vamos trocar esse, filha? É repetido.
-Na'.
Ri, beijando o rostinho dela.
-Agora você podia falar mamãe, né?
Não tive resposta. Ouvi barulhos na escada e ao ver Fábio, sorri e o chamei.
-Amor!
-Oi.
-A Lalá tá falando!
-Mentira. É sério? O que ela disse?
Fábio correu até nós duas e sentou do meu lado no chão.
-Eu falei que ia desligar o desenho da Sofia. Aí ela brigou comigo. Disse Não.
-Primeira palavra é Não,filhote? Vai ficar mandona e chata igual sua mãe.
Para minha surpresa, Lalá gargalhou. Olhei para ele de cara feia.
-Nossa filha está aprendendo a falar. Você não pode ficar me chamando de chata na frente dela.
-Mas você é um pouquinho.
Bati em sua perna, ouvindo sua risada logo depois. Para minha surpresa, essa minha atitude me rendeu um castigo.
-Papai.
-Ah, minha princesa. Você está me defendendo da mamãe? Vem cá com o papai.
Laís foi para o colo dele sem nem pensar duas vezes. A olhei triste.
-Você não vai falar mamãe também, filha?
-Chora, Tatá. Ela falou papai primeiro. Que felicidade, filhote.
-Eu que carreguei nove meses, são os meus peitos que estão doendo pela amamentação e ela fala papai primeiro. Acho que eu cometo suicídio hoje mesmo.
-Filha, acho que você podia pedir desculpas pra sua mãe.
Óbvio que, safada daquele jeito, ela só sorriu e deitou em Fábio.🌸
No fim da tarde, nossa mudança estava quase pronta. Soube que a mãe de Fábio estava indo para o nosso antigo apartamento e fiquei feliz. Aquelas paredes tinham um significado pra mim e saber que a casa continuaria na família é ótimo.
Assim que terminei de arrumar meu closet e o de Fábio, ouvi um barulho bem conhecido meu se aproximando.
-Mamãe, tem alguém querendo mamar.
-Agora lembra que a mamãe existe, né? Me dá ela.
Ao chegar em meu colo, Laís parou de chorar e levou a mão até meu decote.
-Calma, amor. Já vou.
-Vou descer, Tatá. Quer vir?
-Quando ela dormir, eu vou.
-Ok.
Sentei em minha cama e lhe dei de mamar. Enquanto mamava, Lalá não tirou seus olhos dos meus. Fiquei acariciando seu cabelo, até ela ficar com sono.
Do meu quarto, a levei para o seu logo. Mal a deitei em seu berço, ouvi o som mais agradável do mundo.
-Mamãe.
Sorri, emocionada, e beijei seu rosto. Instantes depois, ela dormiu tranquila. Quando desci para a sala, não contei para Fábio. Fiz questão de manter essa cena linda na memória só para mim.
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Angel
FanfictionUma mulher, sonhando seu estrelato como atriz, um futuro planejado. Tudo parecia se encaixar na vida da doce menina mulher, até que a vida lhe pregou uma peça. Amargurada com seus traumas, Tatá seguiu sua vida como professora. Se fechou para o m...