Capítulo II

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Letícia:

Esse dia demorou a chegar, a minha volta ao Brasil não foi programada. Recebi uma ligação nesta manhã, de que meus pais anteciparam nosso retorno. Se estou feliz? Ah! De volta a minha vida, numa pequena cidade de São Paulo. Creio que me fará bem, afinal conheço alguns amigos de muitos anos lá. Desde que nasci.

— Está pronta?

— Estou, pai!

— Muito bem, sua mãe está te esperando para o jantar. Desça depois que terminar esse...

— Livro? — sorrio.

— Isso, esse negócio aí mesmo.

Sorriu e logo se foi. Meu pai! Um homem culto, que ama escrever. Pena que livros não é o seu forte. Prefere seu blog.

Meu celular toca, é a Hannah. Uma amiga que fiz no curso de publicidade. Fomos inseparáveis até o término da faculdade.

— É... oi!

— Oi, Hannah!

— Então é amanhã, não é?

— Pois é.

— Deve estar feliz, certo? Vai voltar pros seus amigos de verdade.

— Ei... não é bem assim, Hannah — digo, mas sei que o ciúmes dela é forçado.

— Vou sentir saudades, e me ligue quando chegar.

— Está bem, vou te ligar todos os dias. Ou pelo menos nos dias que der!

— Ok, boa noite!

— Boa noite, Hannah!

A ligação se foi. Brasil, aí vou eu.

Durante o jantar pronunciamos poucas palavras. Mamãe nunca foi de falar muito mesmo, mas meu pai estava mais calado do que o normal.

— Você está bem, pai?

— Oh, sim querida. Só... só pensei que fôssemos ficar mais tempo aqui. Sabe como é, meu emprego é bom, e lá irei ganhar a metade do salário que ganho por aqui.

— Amor, já falamos sobre isso — minha mãe enfim pronuncia alguma coisa.

— Tudo bem. Vocês sabem que não me importo com dinheiro — entro no diálogo.

— Eu sei meu amor, mas...

— Pai... para. A gente vai ser muito mais feliz lá. Você sabe disso.

Depois da conversa saio da mesa e vou de encontro ao meu quarto. Abro-o, pego meu laptop e vou até a cama e me sento na beirada. Digito alguma coisa no meu livro. Mas apago tudo logo após. Ser feliz, será que eu sei bem o que é isso? Talvez. Tenho um pai legal. Uma vida bacana, ou quase pelo menos.

Escuto batidas na porta, minha mãe entra.

— Filha!

— Mãe, o que há com papai?

— Você sabe como ele é, querida! — diz minha mãe sorrindo e beijando minha cabeça.

— É... eu sei. Mas ainda assim, vovô precisa da gente perto dele, vai ser muito bom dar umas boas risadas com ele — notei um semblante alegre nela, algo que desde que chegamos aqui, eu não tinha visto mais. Lá ela estaria perto do meu avô, e isso seria bom. Para todos nós.

Minha mãe se despede de mim, e vai para o quarto, fico pensando na grande responsabilidade que será por lá.

Fiz meus dois anos de faculdade aqui, agora terei que arrumar um emprego. Mas provavelmente irei começar um novo curso.

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