Capítulo 13 /Saudades de Helena

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Arthur foi para o seu apartamento chamado de complexo, no centro de recuperação... Ainda terá que cumprir um cronograma de reposições dos hologramas. Tudo está sendo implantado em sua mente através dessa técnica. Nela, existe uma passagem de energia, com todas as informações necessárias para pensa em alguma coisa. A memória salta na consciência, sempre que for ativada pelo pensamento. Ele ainda tem algumas lacunas que precisam ser preenchidas, por isso, seu comportamento é estranho aos habitantes desse mundo. 

Não vê a hora de completar a organização toda, para seguir sua vida em frente.

Sinto como se fosse um hiato em minha vida, uma passagem de mais de 200 anos, representadas em alguns anos de amadurecimento. Estou muito mais velho. Não consigo precisar qual é minha idade atual. Quando tive o coma eu estava com 28 anos. Agora parece que eu tenho 40 anos. Pensa Arthur deitado em sua cama, divagando.

Yndit logo responde para mim, apresentando-se por um holograma.

− Você tem hoje 30 anos, Arthur. Por dois anos você ficou em coma antes deles te congelarem.

− Quer dizer que só perdi dois anos em meu mundo?

− É só isso sim, respondendo dentro do pensamento dele.

− Mas, parece que tenho 40 anos!

− Isso você sempre vai sentir. É o tipo de conhecimento. Quando as crianças crescem e recebem seus hologramas, esse conhecimento é diluído em torno de um ano de experiências. Com você temos que ser rápidos. Mas, se você se sentir muito velho podemos andar mais devagar. Teremos que diminuir o ritmo.

− Não, Yndit. Eu aguento, batendo o desespero de não seguir sua vida em frente.

− Não é questão de aguentar, retruca ela com vigor. Essa sensação fica permanente. Por isso, a velocidade do cérebro tem que ser levada em conta. É como se você tivesse passado num vestibular e agora está pronto para outra etapa. A sensação tem que ser confortável, senão a próxima etapa fica comprometida.

− Ok, por enquanto acho que estou com 38 anos, bem mais velho do que sou

− Vamos cuidar disso, então.

Yndit desliga o holograma. Quando ela fala e não está presente, sua figura se interpõe no espaço físico e parece que Arthur está conversando com uma pessoa real, como se ela se materializasse na frente dele e depois fosse esvanecendo.

Queria chamar assim Helena, para conversar comigo! Ai que saudades dela! Minhas memórias transpassam aqueles últimos momentos que passamos juntos. Desejava que ela ficasse grávida. Mas, sei que era impossível para ela. Eu não me surpreenderia porque tudo foi muito bom. Perfeito!

Lembro-me daquele momento onde eu a encostei na parede e tirei sua roupa. Aos poucos ela foi se entregando em minhas mãos e a mulher fatal apareceu. Não sei o que fazer com essas lembranças. Aqui, minha vida ainda é de suspense, embora eu não tenha mais aquela angústia, que me consumia todo. Tudo é calmo e sereno. Os dias são amenos e eu sou mais tranquilo. Isso me deixa mais ativo.

Vou tirar uma soneca e arrumar alguma coisa pra fazer. Com isso uma cama aparece em minha frente, com o pensamento comandando as coisas.

Deito-me para descansar. Não sei quanto tempo durmo, mas, já não é dia quando acordo, mais tarde.

Vou para a sala central e vejo que Yndit está rodeada de pessoas. Ela me vê e pede para eu me acercar.

− Venha, Arthur, aqui também resolvemos problemas coletivos.

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