CAPÍTULO TREZE

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Charles nunca tinha visto Rico jogar tão mal. Alguma coisa o perturbava. Aquele telefonema. Será que mentira quando disse não ter sido Leanne?

Possivelmente.

Quando o jantar chegou, ele puxou Rico para um canto.

— Tudo bem, quero a verdade agora. Aquele telefonema era de Leanne, não era? Você só não queria que Renée soubesse.

— Não, não era de Leanne — Rico repetiu, seu corpo falava e denunciava a sua agitação.

— Então, quem era? Ande. Diga logo!

— Você comprou ou não uma casa esta semana? —surgiu a pergunta inesperada.

Charles piscou. Meu Deus! Quem era ao telefone?

O corretor?

— Você decidiu não se divorciar de Dominique? — Rico continuou. — Fale a verdade.

Charles estava feliz em contar. Estivera aguardando a oportunidade certa.

— Não, eu não vou me divorciar de Dominique, e comprei, sim, uma casa para nós.

O palavreado de Rico despertou a atenção de Renée, que continuava sentada à mesa de jogo, bebericando o seu café.

— O que foi? — perguntou, parecendo preocupada.O que aconteceu?

— Nada — Charles respondeu bruscamente. — Só uma questão pessoal, assunto de homem.

— Você quer dizer que o assunto é sobre mulheres e sexo — murmurou num tom irônico.

— Não, droga, não é! — Charles retrucou. Ele também estava ficando cansado do sarcasmo de Renée. — É sobre mulheres e amor. Nós, homens, sabemos a diferença. E, certamente, optamos pelo último.

Ela corou enquanto Rico resmungava. Charles não gostou do som daquele gemido. Carregava muita culpa.

— Estou começando a ficar preocupado, Rico — sussurrou baixinho. — Acho que deveria me contar tudo o que está acontecendo e parar com esse jogo de palavras. Quem estava ao telefone, e o que queria?

Rico parecia arrasado e Charles começou a entrar em pânico.

— Era Dominique — Rico deixou escapar. — Ela ... ela encontrou o relatório.

O palavreado de Charles superou o de Rico. Ele agarrou o braço do amigo e o sacudiu.

— Conte o que ela disse!

— Dominique disse que não vai estar em casa quanto você chegar. Ela disse que quer o divórcio.

Charles imaginou que ela tivesse dito muito mais coisas. Obviamente, o remorso de Rico soletrava uma mudança muito mais longa e volátil do que aquela. Mas ele não tinha tempo para descobrir os detalhes agora.

Charles virou-se à procura do anfitrião, que o observava do outro lado da sala. Ele compreendeu que seu xingamento, uma atitude que não lhe era característica, teria chocado Ali, um verdadeiro cavalheiro.

— Tenho que ir,Ali, e agora.

Charles já estava fora e correndo antes de ter pronunciado a última palavra. A descida no elevador era puro tormento, mas ele correu novamente assim que a porta se abriu no térreo. Nem pediu ao manobrista para pegar o carro. Levaria muito tempo. Saiu em disparada pela rampa, ganhou a rua e foi correndo para casa.

Fez o percurso do hotel até o prédio em que morava em três minutos; o segurança o olhava assustado enquanto ele entrava no saguão.

— Viu minha esposa hoje à noite, Jim? — perguntou com o coração batendo acelerado.

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