CAPÍTULO DOIS

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A distância entre o apartamento de Charles e o Hotel Regência era somente de uns quarteirões, mesmo assim Charles ia de carro. Caminhar não era o seu exercício favorito. Não mais que cinco minutos após ter deixado Dominique, Charles entregava as chaves do seu Jaguar prata ao manobrista e, a passos largos, entrava no hotel cinco estrelas.

Atravessando apressadamente o corredor de mármore, ao passar pela ala de butiques exclusivas e de última moda que se encontravam alinhadas na espaçosa galeria do saguão, seu olhar pousou sobre uma jóia espetacular, iluminada por um refletor, na vitrine de Whitmores Opalas. Charles parou em frente à loja e ficou a olhar o magnífico colar com duas fileiras de opalas cor de leite ovaladas, envoltas por diamantes e unidas por fios de ouro entrelaçados.

Como ficaria maravilhoso em Dominique com seu elegante pescoço e seus cabelos louros!

Uma olhada rápida no relógio mostrou que ainda não eram oito horas. Ele tinha doze minutos antes de estar oficialmente atrasado. A loja permanecia aberta. Estas lojas funcionavam até as nove toda sexta à noite.

O preço era exorbitante, claro. Jóias de qualidade não são baratas. Ele tentava se convencer de que realmente precisava parar de estragar Dominique daquela forma, mas era tarde demais. Ele já podia vê-la usando colar.

Decisão acertada, Charles entrou na loja e cinco minutos depois já tinha o colar no bolso da jaqueta, em uma clássica caixa preta de couro forrada com um espesso veludo preto. Do momento em que retirou seu cartão magnético de visitante na recepção até pegar o elevador exclusivo que o levaria ao último andar, faltavam dois minutos para as oito. Ele ainda tinha um minuto de sobra até que as portas do elevador fechassem e a porta da suíte presidencial se encontrasse à sua frente.

Quando ele contou a Dominique onde ele jogava pôquer sexta à noite, ela questionou a escolha de um ponto de encontro tão dispendioso. Por que eles não iam à casa uns dos outros? Seria muito mais econômico.

Ele explicou que não lhe custava nada. Um dos seus companheiros de pôquer era um xeque árabe que hospedava na suíte presidencial do hotel toda sexta à tarde, após deixar sua propriedade Hunter Valley de helicóptero.

Naturalmente, Dominique tinha ficado empolgada com essa notícia e queria saber mais a respeito desse misterioso xeque que jogava pôquer com seu marido. Charles somente lhe contou os poucos detalhes que sabia, que ele era o príncipe Ali, trinta e três anos, - extremamente bonito e o mais novo dos filhos do rei Khaled de Dubar, um dos mais ricos dos Emirados Árabes. Com quatro irmãos mais velhos, Ali provavelmente não assumiria o trono, e tinha sido despachado a Austrália alguns anos atrás, aparentemente encarregado de tomar conta dos interesses da família real em corridas de cavalo.

E ele certamente havia feito um bom trabalho. O haras real de cavalos puro-sangue ostentava alguns dos mais altos preços com seus potros nas vendas anuais, na época da Páscoa. Havia rumores, entretanto, de que as habilidades de Ali como cavaleiro e homem de negócios nada tinham a ver com a sua escolha para o cargo atual de gerente do haras real. Aparentemente, ele fora exilado de Dubar em benefício de sua própria segurança após um escândalo envolvendo uma mulher casada.

Provavelmente verdade, na opinião de Charles. Ali também conquistara a reputação de ser um homem de muitas mulheres na Austrália, embora não, obviamente, na forma convencional à sociedade. Ele nunca era visto, em público, sozinho com uma mulher, ou fotografado com alguma. Quando ele conhecia uma moça bonita que o atraía, durante as suas visitas semanais às corridas em Sydney, planos secretos eram feitos, e se a moça, objeto de seu desejo, estivesse disposta a um encontro, era imediatamente levada à sua propriedade no campo.

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