Domínio

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Música: DNA - Lia Marie Johnson

"Fique aqui comigo
Em meus braços
Sob meu domínio."

     Dois corações, nela havia dois corações. Poderia ele estar se enganando? Talvez a doença tenha prejudicado seus sentidos de lobo e ele tenha se equivocado, mas por um segundo pareceu tão real, tão intenso. Aquelas batidas valentes, batidas de um verdadeiro coração de lobo, pareciam tão reais.

Jeongguk desejava ouvi-las outra vez, mas ele não contava com o truque do espírito animal em sua amada, que já sabia sobre a condição dela, mas preferiu ficar quieta. O animal, assim que sentiu uma força muito forte passar a disputar espaço consigo, logo soube que se tratava de uma criança Alfa, fruto do romance entre sua humana e o hospedeiro do lobo que ela conheceu séculos antes.

A loba não queria e não iria permitir que Jeon percebesse aquela gravidez, pois atrapalharia todos os planos dela de ficar longe do lobo do rapaz. E para isso, usaria seu escudo para quebrar a conexão entre o pai e a criança.

– Aqui está, Jeon. – Lua retornou da cozinha, onde revirou muitos armários e a geladeira, com um prato de sopa, a qual estava muito cheirosa. – Não sou nenhuma expert, mas me viro. – sentou ao lado dele, que a observava e aguçava a audição em busca do segundo coração, o qual agora estava imperceptível graças ao escudo do Alfa especial. – Coma tudo.

– Dê para mim, por favor.

– Jeon, você ainda tem suas patinhas de animal. – brincou e acabou fazendo o rapaz rir.

– Seja boazinha, Lua. – com seu sotaque manhoso, pediu.

– Está bem. – Lua segurou o prato em uma mão e com a outra passou a alimentar Jeongguk.

Os olhares estavam presos, os corações batendo no mesmo compasso e as respirações calmas. – Eu sinto sua falta. – Jeon confessou entre uma colherada e outra. – Tanta falta.

– Jeon, por favor.

– Por quê estamos separados? Ficar longe de ti é um tormento.

– Você está noivo e logo assumirá uma vida onde não tenho lugar.

– Você estaria disposta a fugir de tudo comigo? – aquela pergunta acelerou o coração de Lua, que sentiu sua loba se revirar dentro de si.

Ela estaria disposta a abandonar tudo em nome daquele amor? Até quando fugiriam se caso ela aceitasse? Jeon não estava pensando direito, pois se estivesse, lembraria que não apenas sua alcatéia passaria a caçá-los, mas também a alcatéia de Akyla, que rasgaria o pescoço de Lua no primeiro descuido que ela desse.

Então não, mesmo o amando, haviam coisas demais envolvidas para simplesmente fugir de tudo e passar a correr ainda mais riscos.

– Não. Jeon, termine de comer e vá descansar, quando acordar não estarei mais aqui. – o entregou o prato e se pôs de pé, ficando de costas para o moreno.

– Lua!

– O quê?

– Não vá. – implorou.

– Descanse. – sem mais, ela saiu do quarto e sentou no sofá, onde levou as mãos ao rosto e respirou fundo.

Reencontrar Jeongguk estava sendo muito mais do que ela conseguia expor através de palavras, era uma situação que devia ser apenas sentida.

"O que pretende fazer?"

A voz sussurrada da loba a fez ficar tensa.

– Pensei que não iria falar mais comigo.

O Filho do Alfa Onde histórias criam vida. Descubra agora