3

759 59 3
                                    

Aquelas palavras ficaram na minha mente e eu não conseguia pensar em mais nada! Agora, ele possui a minha posse! Como meu pai teve coragem de fazer isso. ( Alguns segundos, longos segundos se passam, sem eu perceber ). Desperto com alguém falando comigo.

-Pérola! Você está bem?

-Eu realmente não sei. - olho para os meus dedos e depois para a mesa, e então para o velho, que está na minha frente com seu rosto não demonstrando nenhum sentimento. E continuo. - E agora? Como será daqui para frente?

-Agora, você irá morar nesta casa, até completar 16 anos. E então, quando você completar 16 anos, você irá se casar com o Márcio.

-O que? - Entra Márcio na sala de reunião. Ele está visivelmente alterado.

-Isso mesmo, Márcio. Eu e o seu pai, decidimos que isso será o melhor para você. - Diz a senhora, mãe de Márcio.

Ele olha para mim, e logo depois para o seu pai. Olha para mim e depois para sua mãe.

-Isso é loucura! -ele exclama e sai do ambiente, batendo a porta atrás de si. Sua mãe olha para o seu pai. E sai logo após. O senhor balança a cabeça, em sinal de navegação e volta a palavra em minha direção.

-Vocês vão se casar. E enquanto isso, você irá estudar até terminar o segundo grau. E também, irá fazer cursos para se tornar uma boa dona de casa. Sairá com a Sônia e também com a Anne para um banho de loja e também para algumas aulas. Quero que você pertença a nossa família! Agora, vá se aprontar, daqui a pouco teremos o almoço e logo após, você sairá com elas.

-Sim senhor. Digo e saio daquela sala fria!

Vou até o meu quarto e me arrumo da melhor forma possível. Vou para a cozinha jantar e depois eu saio com a Sônia e com a Anne. Primeiro nós vamos até um grande salão de beleza, lá eles cortam o meu cabelo, hidratam e quando percebo, estou parecendo outra pessoa. Faço uma limpeza completa, sobrancelhas e as unhas das mãos e dos pés. Depois vamos até a um dentista e no fim da tarde vamos ao shopping, ganho um guarda roupa novo, com roupas, sapatos, bolsas e acessórios. Vamos embora, cansadas... Chego na minha nova casa, e o velho me olha e diz que elas fizeram um ótimo trabalho. Vou depois para a cozinha, lá vejo o  Márcio. Ele está comendo um pedaço de melancia, sentado no balção. Chego em silêncio e quando ele percebe a minha presença ele sorrir.

- Oi Pérola!

-Oi, Márcio... 

-Você aceita um pedaço?

-Não, obrigada.

Ele concorda com a cabeça e eu me viro para pegar o copo e depois abro a geladeira  e pego a água. Bebo devagar, olhando a janela da cozinha que a visão é de um lindo jardim. 

-Pérola, nós podemos conversar um pouco?

-Sim, claro.

ele se levanta e ele faz sinal com a cabeça para eu o seguir, e eu faço isso.  Nós vamos até o jardim, quando estávamos afastados ele olhou para mim.

- Eu não quero que você se sinta mal, por hoje mais cedo, desculpe se de alguma forma, eu te ofendi. Meu problema é com o meu pai e não com você.

-Eu entendo, tudo bem. 

-Que bom. E aproposito, você ficou ainda mais bonita assim.

fico vermelha e agradeço com um sorriso. Continuamos a andar em silêncio, e até que vejo a flor favorita da minha mãe e os meus olhos se enchem d'água. Seco com às minhas mãos sem ele perceber, ele me mostra um lindo local que dá para ver uma grande parte da cidade. Logo depois nós voltamos para casa e ele sai e eu vou para o meu quarto. Pego um livro e começo a ler... esqueço por algumas horas, tudo que está acontecendo comigo. Não sei como será a minha vida daqui para frente, só sei que nunca mais quero ver o meu pai na minha frente! Como ele foi capaz de me vender? Ele nunca gostou de mim... Sempre me disse que eu não deveria ter nascido, mas ele me vender, eu jamais imaginaria. Agora não tenho mais ninguém no mundo, estou sozinha, sou ainda muito nova e não sei o que fazer para eu ir embora dessa casa. Quer dizer, pelo menos aqui em tenho o que comer, o que vestir, escola. Mas em troca de tudo isso, sou obrigada a casar com alguém desconhecido... 

***

No dia seguinte, vou com a Anne até a uma escola. Nós duas vamos estudar na mesma sala de aula, o velho quer que eu tenha uma boa educação. A tarde tenho aulas de etiquetas e também de inglês. Cada dia da semana, tenho aulas diferente. De gastronomia, de etiqueta, de línguas, de música, de dança, e assim vai. Estou aprendo cada dia mais e o ensino da cidade não se compara com o da roça. E  com o tempo, vou me transformando em uma menina com mais educação, mas minha relação com o Márcio não é nada boa. Eu acho que ele gosta de outra pessoa. Mas eu não sinto nada  por ele também, então isso não me faz sofrer. E assim os primeiros meses foram se passando e cada dia mais eu e a Anne ficamos mais próximas, ela é uma menina incrível e a única amiga que tenho. O velho está organizando o casamento do Márcio comigo, e isso está me tirando o sono. Márcio trabalha na empresa do seu pai de dia e a noite ele faz a faculdade. Eu só o vejo no final de semana, mesmo assim, quando ele não sai com os amigos dele. Deixando o seu pai furioso, eu não entendo o motivo por ele ter aceito se casar comigo. 

Faltam um mês para o meu aniversário, quando alguém bate na porta da grande mansão, estamos todos na sala. Quando o empregado abre a porta, eu reconheço a voz. "A Pérola está?"A senhora, Sônia, logo se entromete e pergunta quem é, ela se apresenta, é a Maria Alice minha amiga de infância e o João Miguel, o seu irmão. Davi olha para o Márcio e o Márcio olha para mim. 

-O que desejam? - pergunta Isac

- Conversar com a Pérola. Nós nos conhecemos desde sempre e estamos com saudades dela.

Isac olha para Sônia e logo depois para o Márcio e depois ele concorda. Eu me levanto e abraço a minha amiga, a alguns meses eu não a via. Logo depois abraço o João Miguel.

-Como você cresceu! - diz ele, e nós duas rimos.

Saímos nós três  e conversamos um pouco, eu digo que estou bem na medida do possível, mas não digo nada sobre o casamento. João Miguel, olha para a Maria Alice, e percebo que eles querem me contar algo. Maria Alice então, gaguejando, começa a falar: 

-amiga, nós viemos aqui te contar algo.

-O que?

-É sobre o seu pai. - diz o Pedro Miguel.

-Ele se meteu em uma briga no bar e acabou morrendo - diz Maria Alice, entre os seus suspiros e com os olhos cheios de lágrimas.

-Aí meu Deus, eu exclamo e me sento no banco atrás de mim.

- O velório é amanhã... e ele não tem onde ser enterrado, pois ele não tinha nada. - diz Pedro.

Ele me explica a situação e eu fico ainda mais preocupada, mas a minha raiva por ele, não deixa eu chorar mas eu sinto um pouco de alívio até.  O tempo passa rápido, eu os levo até onde eles deixaram a moto e volto para casa, eu ainda estou sem acreditar que aquele traste morreu. 


Nota da autora: Não se esqueça de deixar a estrelinha e comentar o que achou! Que quiser ver outras fanfics, no instagram, é só ir no perfil: textosperola


A TrocaOnde histórias criam vida. Descubra agora