{Eldarya} Coração de Cristal

{Capitulo I} Bem-vinda a Eldarya

-Erika... ERIKA!

Saio do meus desvaneios em um pulo. A tela do computador ilumina e pulsa conforme os movimentos de Elsa nas imagens da webcam de seu quarto. Ela balança a mãos em frente da câmera, e percebo que até mesmo no chat do canto da tela há várias letras aleatórias escritas mandadas por ela com o objetivo de chamar minha atenção.

Eu não havia percebido o por quanto tempo estava encarando a vista da janela afora. Meu pulso chega a estar dolorido de tanto tempo que apoio a cabeça na mão.

Elsa, de cabelos descoloridos pro loiro, e olhos castanhos, me encarando do outro lado da tela, quase querendo me comer viva por ter lhe deixado no vácuo.

-Desculpe! - digo me endireitando na cadeira.

-Não me venha com desculpas! Me diga logo, você vai ou não na festa do Ben? - Elsa me pressiona.

-Eu já disse que vou! Só tenho algo pra fazer antes! - pego o celular sobe a mesa, e analiso a tela. Ainda tenho duas horas.

-Não me diga que está analisando seu currículo de novo?

-Não é isso!

-Ainda bem, porque não aguento mais você choramingando por não arranjar um emprego. - apesar de tentar transparecer preocupação, ela analisa as próprias unhas com reprovação.

-Você sabe que é mais complicado que isso. - não acrescento palavras. Elsa é uma das minhas melhores amigas. Sabe muito bem como é complicado a minha relação profissional. Ou melhor, se existisse uma.

As aulas estão prestes a acabar. Isso significa que vou entrar em breve no mercado de trabalho: novas regras.. e inúmeras responsabilidades. E eu nem ao menos consegui decidir qual a faculdade vou fazer. A pressão do meu pai em minhas costas a cada dia aumentando. É sufocante. Entendo sua preocupação com minha carreira profissional. Ele é um grande empresário. Apesar de admirar seu trabalho, não me sinto em total liberdade de vontade seguir os mesmos passos.

Elsa me encara pela tela, uma sobrancelha erguida, como se entendesse o recado. Queria ter sua despreocupação com o futuro. Apesar que o momento, sei que seu foco já está totalmente em uma faculdade de modelagem, em qualquer lugar que não seja perto dos próprios pais.

-Oportunidade é o que não lhe falta! A menos que seja uma festa na casa do Ben, onde seu novo vizinho vai estar. Isso, minha amiga - Elsa se apoia empolgada na mesa com as duas mãos, e aproxima o rosto da câmera, querendo enfatizar o que diz - é o destino! Ou você vai. ou você vai. Eu ou você. Hoje é a decisão final!

-Meu Deus Elsa! -volto a apoiar a cabeça na mão, enquanto encaro Elsa em seus lamúrios de não saber que roupa escolher para ir a festa.

Tento manter a descrição que, na realidade, estou prestes a encontrar Arthur antes mesmo da festa. Depois de nos conhecermos na rua, quando acabara de se mudar para não muito distante de onde moro, Arthur acabou se enturmando rápido comigo e com meus amigos, que também não são vizinhos tão distantes. Fazendo que assim, o famigerado Ben 'Festança' Waller o chamasse para mais de uma suas festas casuais. Sempre que os pais viajavam a negócios, Ben fazia alguma festa. O mais incrível, é que os pais sempre estavam cientes, e aparentemente não se importavam, contanto que quando voltassem, estivesse tudo inteiro, limpo e no lugar. Segundo o próprio Ben, a regra número um, antecessora da regra: não entre no closet da minha mãe, era: Não engravidar ninguém.

Seguindo pelo menos essas duas regras, desde que o conheço a pelo menos uns tres anos, mes sim, mes não tem uma festa. E apesar de ser tão popular, agradeço por não haver aquelas famosas badernas de bêbados e drogados iguais a de filmes adolescentes. Na verdade, noventa e sete por cento das bebidas ainda são refrigerantes, ainda que misturados a energeticos. Pura rebeldia, amigos: competição de quem virá primeira um litrão de coca, ganha balas fini na cara, enquanto o perdedor é empurrado na piscina, e obrigado a falar pra pessoa que gosta que ele gosta dela.