{Capitulo V} Som do Coração

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Havia, de certa forma, vantagens e desvantagens ao saber todos os melhores pontos de observação do exterior do QG. Leiftan sabia disso agora. Havia um ponto na colina, íngreme, que devido há varias arvores, impedia-se de muitos se aproximar, com medo de cair da beirada. Mas o rapaz não temia a queda, mas começou a temer o que seus olhos viam.

Olhava para praia, com desgosto. A visão das águas se tornando alaranjadas com o amanhecer, que batiam nas rochas, e espalhava o cheiro de maresia sempre lhe encantou, mas neste momento, já sabia que a tais visões e cheiros seriam lhe amaldiçoadas de lembrar.

Viu a garota, Erika, correr em direção a aquele maldito vampiro. Nunca pode negar para si mesmo que o líder da Guarda da Sombra era corajoso, mas também era imprudente, mulherengo, impulsivo. Nunca soube o que fez a garota se aproximar dele tão forte. Já sabia há um tempo que havia algo a mais entre eles, algo que não podia ser negado. Mesmo assim, fazia de tudo para mostrar a Erika que estava ali por ela, quando e para o que precisasse.

Nunca fora seu plano machucar a garota! Depois de libertar Naytili, sua estratégia era se livrar de Nevra, primeiramente. Um jeito natural sem deixar dúvidas, seria de utilizar a bruxa, inocente, sem saber de total seus planos. Nevra era conhecido por ser habilidoso em achar pistas; sairia despreocupado em direção a floresta, e a emboscada aconteceria. Mesmo sabendo onde já estaria a Flauta de Hameln-Weser, fingiria demência, para que Naytili acreditasse ter uma missão maior.

Chrome era um garoto facilmente manipulado, usando de seu ódio. Sua parte do plano era apenas retornar ao QG, antes que chegasse ao destino final, sem questionamentos, sem saber do que aconteceria com seu companheiro e líder logo após.

Erika não fazia parte do plano.

Chrome havia usado uma desculpa esfarrapada para seu retorno, e ao relatar que a humana estava junto com Nevra, Leiftan nunca havia sentido um alarde tão grande antes. Naytili não iria de ter piedade, ainda mais depois de seu último ataque.

Correu para seu auxilio, porém não chegou a tempo. Ao ver a adaga cravada no peito de Erika, era como ver ela cravada em seu próprio peito. E a culpa era total dele. Deveria ter planejado melhor, foi tomado por ódio e ciúmes, ao saber por Ashkore do que havia acontecido na praia poucos dias antes. Saber que Erika e Nevra haviam se beijado, mesmo que sem o total consentimento dos dois, lhe era de preencher as veias de ódio.

Assim como agora...

Faria qualquer coisa por ela, até mesmo deixar que se aproximasse ainda mais daquele que ele mesmo tanto odeia. Ao ver o desespero da garota, em busca do sombrio, de como praticamente o implorava, era de lhe partir o coração. Ele devia isso a ela. Já sabia o que poderia acontecer, e mesmo assim lhe entregou a localização de quem já havia tomado seu coração. Mas ainda assim, olhando de longe os dois. Em um beijo sincero, lhe era mais repugnante de observar do que pensaria que seria.

Com seu descontrole, suas garras maiores, de sua forma deamon despertam da ponta de seus dedos, e gravam no tronco da arvore mais próxima. Ao redor de onde toca, se torna aos poucos sem vida, seca, queimada, morta. Seu punho se fecha, e lascas voam.

Precisava se controlar.

-É, parece que a humana já foi fisgada. - Ashkore, muito imprudentemente havia lhe acompanhado. Escorado em uma arvore, ele observa os acontecimentos junto, despreocupado, debochado. Mesmo com a máscara, Leiftan sabe que o maldito dragão sorri por baixo. Era do feitio dele. - Algum novo plano genial?

Se o amaldiçoado não fizesse parte grande de seu plano maior, Leiftan arrancaria a cabeça dele ali mesmo. Já poderia imaginar gravando algum galho qualquer em sua garganta. Até mesmo arrancando o coração com o próprio punho.

{Eldarya} Coração de CristalOnde histórias criam vida. Descubra agora