SAMANT

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Campy recebe outro soco na cara. Parece que independente da resposta que ele desse, o retorno era sempre o mesmo, um murro.

As mãos de Kanty e seus samantros doíam de tanto socar o rosto do prisioneiro amarrado no mastro. Estavam indignados, pois ele se quer demonstrava sentir alguma dor.

  – Onde está o sal?  – Indaga Kanty ofegante enquanto chacoalha as mãos por causa da dor.

– Pode bater – Provoca o outro.

– Você é um homenzinho muito teimoso – Responde entredentes.

Ele soca o prisioneiro mais uma vez, mas berra de dor enquanto o outro sorri.

– Vocês batem como maricas – Instiga Campy com a cara já amassada.

– Não, não, não, Cortador – Reponta Kanty – Imagino que sua dor terá de vir alguma hora...

– Eu não sentiria dor nem se todas as pessoas de Teяïs socassem a minha cara.

Ainda debruçados, todos chacoalham as mãos, impossibilitados de esconder as dores nos membros de tanto socar o rosto do prisioneiro. De mãos inchadas, se perguntavam porque não acontecia o mesmo com o rosto do Cortador.

Kanty pede para outro samantro atacar, que por sua vez, ainda relutante com a dor nas mãos, dá um murro no rosto do prisioneiro. A mão do autor da agressão se desmembra deixando vários dedos no piso do convés. Ele despenca chorando de dor.

– Acho que você vai ter que ensiná-los a bater como um samantro Cagão'tro. Hahahahahaha...!

Kanty se enfureceu, e esquecendo-se da dor nas mãos, ele desfere um murro com todo o resto de força que ainda tinha, mas caí no piso chorando de dor com o outro samantro assim que acerta Campy.

– Vamos lá samantros! Quem é o próximo? – Debocha o prisioneiro.
A roda de samantros aumenta ao se afastarem do prisioneiro. Estavam assustados, quase chorando também.

– Por favor – Implora Kanty entre lágrimas – Ao menos minha parte do trato.

'Essa é a chance'

– Lhe entrego toda uma fortuna que tenho escondido – 'Vou morrer mesmo' – Com uma condição.

Um brilho de esperança assomou os outros samantros. Até parecia não sentirem mais dor.

– Qual condição?

Todos se inclinam para ouvi-lo.

– Vamos para Samant agora mesmo.

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Foram três dias de viajem tranquila. Normalmente demoravam de quatro a seis dias para chegar aquele ponto do oceano,  o que significava que estavam em dia excelente.

No entanto a dois dias de Samant, as águas demonstraram uma certa agitação que foi aumentando gradualmente até Samant.

Samant não passava de três grandes rochas aglutinado por casas. Era uma bela paisagem para quem visitara o lugar anteriormente, isso porque naquele momento, Samant passava por uma incrível tempestade.

Ondas enormes despedaçavam-se para todos os lados. Nuvens espessas cobriam o cume das grandes rochas de Samant. Campy nunca esteve tão apreensivo, torcendo para que Helys e os outros samantros tivessem protegendo sua esposa de alguma forma.

Ao aportarem a embarcação, Campy avista o navio parcialmente destruído de seu pai.  Helys estava ali. Um alívio passou na alma de Campy,  mas passou logo ao ver o corpo de Johua e Lis na água.

Só então ele nota uma diferença, uma rombo; o navio estava mais destruído.

Assustado ele antra no rombo, que parecia ter sido feito de dentro para fora; samantros desesperados para sair do navio.

Ele sobe a estrutura interna da embarcação destruída, entrando na cabine. Ao sair dela pela porta principal para o convés.

Estava tudo escuro ali fora. O navio estava diferente, pois havia sangue em tudo. Tripas pendiam de vários lugares. Ele anda até próximo do alçapão, a porta aberta e destruída, convida qualquer um a não entrar nela.
Um fedor horrível; corpos em decomposição.

Kanty aparece igualmente impressionado.

– E o sal? – Chuta um braço do caminho – Onde está?

Campy já não o ouvia mais. Um ciclone invertido está em volta da sua casa.

'Arlis'

Campy rompe para a saída derrubando Kanty, rumo para a morte certa.

O Retorno do ViajanteOnde histórias criam vida. Descubra agora