Capítulo VI

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" Esperança é a única coisa mais forte que o medo. 

Um pouco de esperança é eficaz, 

muita esperança é perigoso. 

Faíscas são boas enquanto são contidas."

(Presidente Snow em Jogos      Vorazes)


- Sério Micael me conte o porquê de tanto medo que eles cheguem perto dos dois.

- Não está óbvio Soraia, a Maia é a cópia fiel da mãe, você não acha que vão perceber na mesma hora quem eles são? - Em seu leito de morte Ruth me fez prometer que eu iria proteger nossos filhos custe o que custar e será isso que irei fazer. - Eu já disse para você confiar em mim, quando for à hora eu digo por que de não querer eles perto dos avós maternos.

-Tudo bem Micael vou confiar em você, mas eu gostaria que você também confiasse mais em mim.

- Eu confio , como eu disse é um assunto delicado demais. - olho os meus filhos brincando na água, a inocência deles, a alegria, são algo que não quero que percam jamais. - Você pode olhar eles um pouco, eu já volto.

- Tudo bem, eu fico.

- Obrigado. - Volto para casa e vou direto para o meu quarto, pego de dentro do guarda - roupa uma antiga caixa onde eu guardava lembranças, pego um envelope que possuía dois medalhões e duas cartas escrita por Ruth, uma para mim e outra para os nossos filhos, li e reli está carta dezenas de vezes, sei que é muita tortura ficar lembrando-se do passado, mas era algo que me deixava confortável.

Nunca tive coragem de entregar a carta que ela havia escrito para os nossos filhos, tinha medo que ali ela revela-se o que eu não tinha coragem de falar para eles. Pego novamente a carta que ela escreveu para mim e pelo milésima vez eu retorno a ler.

" Meu amado Micael, nem sei como começar está carta já que eu tenho milhares de coisas para dizer a você, mas eu acho melhor começar com um obrigada por tudo, por aparecer na minha vida quando eu não tinha mais ninguém, obrigada por amar os nossos filhos e me amar, obrigada por guardar meu segredo mesmo morrendo de vontade de fazer justiça, obrigada por existir.

Confesso que quando o Doutor Ricardo me disse que eu tinha pouco menos de uma semana de vida, morri de medo e com a pouca disposição que havia em mim, escrevi esta carta agradecendo tudo o que fez por mim. Poucas pessoas tem a sorte que eu tive em encontrar alguém como você, alguém altruísta, generoso, humilde, inteligente e que tem o coração maior  do mundo, mesmo o mundo não merecendo alguém como o meu Micael.

Micael, você não sabe o quanto eu te amo, mesmo que tivemos juntos apenas por seis meses, mas seis meses de pura alegria. Tudo que eu desejo para você e que seja feliz.

Eu te amo do fundo do meu coração, meu doce anjo Micael.

Para sempre sua, Ruth."

Ao final da carta eu estava chorando feito um bebê, como eu senti falta da minha doce Ruth, mesmo não estando sozinho por todos esses anos eu ainda sentia sua falta. Ela me ensinou muita coisa em tão pouco tempo, me ensinou o que era amar, me ensinou a ser pai, me ensinou a ser uma pessoa melhor e isso não tinha preço algum. Peguei a outra carta que estava escrito o nome de Maia e Gael junto com os medalhões que tinha a foto da nossa família, estava decidido que hoje eu contaria pelo menos isso, sei que eles perguntariam quem era o pai verdadeiro, mas isso eu não poderia contar, não agora, eles não mereciam isso.

Desço as escadas e percebo que eles já haviam voltado do lago e estavam na sala vendo algo na TV. Meu coração apertou só com a possibilidade deles me odiarem por ter escondido isso por muito tempo.

- Papai, o senhor sumiu.

- Estava ocupado, querida. – Soraia me olhava atenciosa, ela me conhecia muito bem para perceber que algo estava errado, ela se levantou e veio ao meu lado. – Meninos será que eu posso conversar com vocês? – Eles assentiram com a cabeça, me dando autorização para continuar. - O que eu vou falar para vocês e muito importante e delicado. – Todos me olhavam preocupados, principalmente Soraia que estava ao meu lado. – Há quinze anos quando eu voltei para este vilarejo, após eu terminar a faculdade de medicina, eu encontrei no cemitério uma linda jovem que estava deitada no meio das lapides, ela estava em trabalho de parto e estava sozinha, no começo ela se assustou comigo já que eu havia tropeçado em um buraco. – Lembranças daquela noite vieram em cheio na minha mente e não tive como evitar as lagrima que faziam questão em cair. – Quando enfim ela me deixou ajuda-la, ela já estava com oito dedos de dilatação e tivemos que realizar o parto ali mesmo no meio das lapides abandonadas, nem vinte minutos depois veio ao mundo um lindo menino e para nossa surpresa cinco minutos depois uma linda menininha se juntou a nós. Aquela noite foi a melhor da minha vida, já que ali com uma completa estranha e seus lindos filhos por quem eu me apaixonei perdidamente, eu comecei a minha família, eu me tornei pai e mesmo que vocês não tenham o mesmo sangue que eu, não quer dizer que não somos uma família, vocês não tem o meu sangue, mas com toda certeza vocês tem o meu coração, e para mim isso é o que mais importa.




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