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Ele cumprimentou todos nós e sentou-se na cadeira ao lado de seu tio, eu o encarava em curtos períodos de tempo percebendo a reciprocidade enquanto o mesmo degustava sua comida, passamos praticamente o jantar todo em silencio até que o meu pai o quebrou.

— Mais cedo você me perguntou o motivo de eu lhe trazer a essa reunião não é meu anjo? — Meu pai me olha enquanto terminava de limpar sua boca com um guardanapo de pano bege

— Sim pai, o que tem?  — Direciono meu olhar para ele que dividia seu olhar empolgado comigo e com o Sr Alfredy

— Como a senhorita já sabe esse é meu sobrinho — Sr Alfredy se pronunciou direcionando seu olhar ao garoto ao seu lado e o retornando a mim — Ele chegou ontem de viagem.

— Oh sim, acho que já entendi — Abro um leve sorriso — O senhor queria que eu fosse sua guia? — Olho para meu pai que continuava com sua empolgação nada transparente e retorno meu olhar a Sr Alfredy.

— O que você acha? Só nessas primeiras semanas enquanto ele se enturma — Direcionei meu olhar para o garoto que transparecia uma certa incomodação.

— Por mim tudo bem, contanto que para ele também esteja — Dou um tímido sorriso bebericando um pouco do suco de groselha que já estava no fim.

— Não — Ele se pronuncia levantando de sua cadeira e direciona seu olhar ao seu tio — Eu não preciso de babás titio, muito menos ela como babá — Ele dá ênfase no ela e dá de ombros saindo pela grande porta de madeira.

Fico olhando para a porta por alguns minutos, aquele garoto é um mistério intrigante, sua ignorância e empatia poderiam até ser parte do seu charme, mas era, com certeza, irritante.

— Pai, vou ao banheiro — Falo levantando e o mesmo assente com a cabeça.

Saio daquela grande sala me deparando com a linda sala de recepção pela qual tínhamos passado onde tinha vários lustres iluminando o local deixando-a ainda mais bela. Atravesso a outra grande porta de entrada saindo totalmente da casa, onde, igualmente, estava lindo.

Começo a caminhar pelo pátio enorme que rodeava aquela casa me deparando com uma pequena, porem linda, estufa.

Adentro o local e fico apreciando suas lindas variedades de plantas e flores logo sentando num banco de balanço que se encontrava no canto esquerdo do local, ele era enfeitado por várias folhas coloridas e flores como tulipas, cravos, rosas, camélias e margaridas.

Sento-me no banco encantada com a beleza das flores e seus aromas e noto um objeto brilhante preso dentre uma espécie lindíssima de cipós, chego mais perto e vejo um anel, era um lindo anel de quartzo fume, pela sua aparência era um anel antigo mas nada nele estava gasto ou sujo, exceto por uns minúsculos arranhões que eram quase impossíveis de ver, mas o que entregou sua antiguidade foi o que estava marcado no seu interior "Sweet, 2.3.69".

Um barulho entre os arbustos que cercava a estufa fez eu acordar de meu transe e guardar rapidamente o anel no bolso de minha calça.

Levantei-me e fui em direção ao tal arbusto encontrando somente um gato no qual saiu a disparada para o outro lado da estufa, decidi não ir atrás dele e sair daquela estufa para evitar qualquer ideia errada a meu respeito.

[QT]

Logo pela manhã nem esperei meu pai para dar bom dia e fui correndo a casa de Gregg, precisava falar com ele a respeito do estranho anel e também fazia tempo que não passávamos um tempo juntos.

Bati na porta da casa de Gregg e o mesmo logo saiu me recebendo com um toque de mão que inventamos na oitava série.

— Oi Garota, por onde você andou? Viajou e nem me disse? —  Ele perguntou enquanto arrumava sua mochila nas costas

— Não exagere, nos vimos ontem de manhã — Revirei os olhos.

— Mas à tarde não, é sério Luiza o que tem feito nesses dias? — Ele me olhou magoado como se tivesse lhe trocado pelos mendigos que moram no beco da esquina.

— Eu vou te contar, mas não agora, essa rua tem ouvidos e você sabe disso — Disse lhe empurrando para sairmos de sua varanda.

[QT]

Contei para Gregg tudo que havia acontecido na noite passada e esperava uma reação sua enquanto o mesmo me encarava com os olhos semicerrados, sua cabeça apoiadas nas costas de suas mãos que estavam em cima da velha mesa de cumaru do meu velho cantinho na biblioteca.

— Então você achou um anel antigo escrito "Sweet 2.3.69" e um gato malhado tipo pérsia? — Ele falava sem mexer sequer um fio de cabelo além de seus lábios — Uou isso tá parecendo muito uma cena de série americana, só falta falarem que o chefe do seu pai matou o próprio irmão por ele descobrir um segredo sombrio — Ele falou e deu uma breve gargalhada — Mas eu ainda não entendi aonde o gato entra nisso.

— Em nenhuma parte Gregory, esqueça esse gato — Falei deixando transparecer minha frustração. — O que está me intrigando é esse anel, por que ele estaria no meio daqueles cipós? Pra estar tão enrolado ele deveria ter sido colocado ali no meio por alguém a muito tempo, deve ser um tipo de esconderijo — Pensei alto enquanto Gregg me olhava como se eu estivesse louca — Ai meu Deus, Gregg, se isso foi escondido quer dizer que tem dono, se tem dono quer dizer que eu roubei? — Perguntei alterada devido minha conclusão.

— Acho que não, se essa pessoa escondeu obviamente ela não queria que alguém achasse, mas algum dia alguém acharia e você só deu a sorte de encontra-lo primeiro — Ele sorriu para mim e eu retribui, porem logo cessei meu sorriso.

— E se não for sorte? — Perguntei encarando o objeto que estava no centro da mesa.

— Descobriremos de alguma maneira — Ele disse pegando o objeto e colocando nas minhas mãos. — Eu só espero não ser da pior maneira possível.

— É... Nem eu — Dei um sorriso amarelo levantando da mesa. —Vamos? Agora é sociologia e Sr Bowneitt não suporta atrasos — Revirei os olhos estendendo a mão para ele.

— Por que existe a escola? — Gregg levantou os braços e olhou pra cima, ri da cena mas fui interrompida por uma voz.

— Olha... Se não é a ladra de anéis... — Me virei encarando aqueles olhos indecifráveis. Ele sorriu de lado se divertindo com aquilo. Maldito

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