Nefasa

•10•

--Priminho? –Arqueei as sombrancelhas dividindo o olhar entre Adam e aquele projeto humanoide

--É, digamos que eu também não estou nada contente com isso –Ele cruzou os braços mantendo-se rígido

--Enfim –A figura se pronunciou –Me chamo...

--Cyrus Magnoli, ou deveria chama-lo de Cy Noli? –O interrompo

--Oh, então a princesinha me conhece –Ele deu um leve sorriso amarelo irônico

--Não tem quem não te conheça naquela escola Cyrus –Reviro os olhos –Mas o que ele faz aqui? –Dirijo meu olhar a Adam

--Eu moro aqui –Cyrus respondeu indo em direção ao sofá sentando no mesmo

--Eu não falei com você garoto –Respondo-o secamente sem encara-lo

--Vamos, no caminho eu explico –Proferiu Adam que fitava o garoto no sofá seriamente

Seguimos até a garagem da casa pela porta dos fundos, onde também se era a porta de acesso à estufa, Chegando lá adentramos o seu carro, acomodei-me no banco de couro aproveitando o aroma doce suave que surtia do veículo.

--E então? –Perguntei enquanto o via mexer no porta-luvas em minha frente

--Cyrus é nosso primo, mas ele é originado de Hades –Sua atenção se mantinha no porta-luvas enquanto revirava o mesmo

--Por isso ele mora com vocês?

--Exatamente, nosso tio acha que já que vivemos no meio dos humanos, Cyrus também pode –Ele levantou trazendo consigo um envelope –Vamos ter que passar em um lugar antes, tudo bem?

--Claro –Sorri amarelo –Mas continuando o assunto do Cyrus, eu o conheço desde o fundamental e ele sempre foi normal para mim, então porque ele não poderia?

--Você já o viu sorrir ou sem aquela touca ridícula? –Observei o portão se abrir em nossa frente enquanto pensava em sua pergunta

--É... Não

--Agora pense consigo mesma, por que alguém normal nunca tiraria o capuz e nem sorriria em público? –Adam arrancou com o carro por aquela rua deserta e escura sendo capaz de enxergar somente até aonde os faróis do carro eram capazes de alcançar

--A não ser que ele seja um infeliz orelhudo, não existiria um motivo –Falo enquanto ligava o rádio podendo escutar um sereno som de uma guitarra –A não ser que essa pessoa queira esconder uma coisa

--Bingo! Então, Hades faz de tudo para que Cyrus possa viver aqui nesse mundo, e eu particularmente suspeito que ele esteja aliado à Hades e esconde alguma coisa a respeito dos segredos desse colar que você carrega –Olho para o colar quando Adam pronuncia as últimas palavras –Mas claro, isso é só um palpite e não vamos tirar conclusões precipitadas

--Cyrus é filho de quem? –Pergunto de supetão encostando minha cabeça no estofado forrado do banco

--Ah, é uma deusa pouco conhecida –Adam falava girando o volante ao dobrar em uma curva –Macária, mais preciosamente filha de Hades

--Então como nós somos netos de Zeus, ele também é neto de um maioral, no caso Hades –Pensei alto processando as informações

--Exato

--Mudando de assunto, aonde você vai? –Olho pelo vidro aonde podia ver as casas passando rapidamente por conta da velocidade do carro

--Eu preciso resolver algumas coisas na biblioteca

--Biblioteca? Às 21:50 da noite? –Retorno meu olhar para o mesmo de olhos arregalados

--Eu tenho entrada liberada, relaxa –Adam sorriu enquanto parava em uma vaga em frente à escola –Vamos? –Adam desceu do carro e fiz o mesmo, ouvindo o som do alarme ao mesmo ser ligado

Segui Adam até os fundos da biblioteca aonde dava para a sala de produtos de limpeza do faxineiro da escola, entramos por lá e seguimos até a entrada da biblioteca aonde Adam seguiu diretamente até o armarinho aonde costuma ficar as escrituras das casas da cidade.

--O que estamos fazendo aqui? –Perguntei-o num cochicho um pouco alto

Após terminar minha pergunta, Adam puxou a fechadura do armarinho, como se fosse uma alavanca, dando origem a uma escadaria profunda e escura

--Vamos

Nisso, ele começou a desce-la, me fazendo segui-lo, logo chegamos a um local, do qual me dava uma leve nostalgia por ser maravilhosamente igual a como minha mãe descrevia em suas histórias de viagens adolescentes quando eu era criança, a sala de recepção de um castelo do qual no seu centro era rodeado de poltronas e um tapete felpudo vermelho, vidraças extensas e largas do chão ao teto, da qual esbanjavam um céu ciano e nuvens como algodões rasgavam o céu, lustres gigantescos e candelabros enfeitados e pintados de diversos modos, e uma mesa gigantesca coberta por frutas e algumas folhagens exóticas

--Nossa! –Disse maravilhada olhando tudo ao redor

--Seja bem vida ao Olimpo –Adam esbanjou um enorme sorriso, e eu não pude deixar de retribuir