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Eu estava rezando internamente para que alguém aparecesse e me tirasse dali, eu sabia que não seria um sonho por que nessa altura do campeonato eu já havia chorado tanto que sentia minha face totalmente molhada, eu queria sair dali, já havia tentado me mover de todas as formas mas parecia que meu corpo tinha se tornado pedra e única coisa que conseguia fazer era respirar entre soluços, parecia até que aquela coisa tinha posse sobre mim, pois quanto mais aquilo se aproximava, mais meu cérebro ficava conturbado com gritos e uma agonia apavorante me percorria.

Quando aquela criatura estava a menos de 1 metro de mim, uma coisa surgiu no meio da escuridão da longa subida que tinha na rua, que por sinal estava escura por não conter nenhum poste de luz naquela área, mas eu conseguia ver perfeitamente a silhueta masculina que havia ali mesmo em meio a escuridão, aquela figura masculina aparecia para mim perfeitamente o que, parecia ironia para mim, me trazia uma estranha paz.

A criatura também percebeu sua presença e então foi ao seu encontro, mas o mesmo em um movimento tão rápido lhe fincou uma lamina que o fez evaporar em um monte de luzes, que se eu não tivesse tão apavorada com a situação acharia até mesmo bonito.

Consigo me livrar daquela tortura petrificante e nisso corro para dentro da casa de meu tio, mesmo com as pernas bambas e sabendo que aquela figura masculina estaria me fitando de longe.

Entro na casa de meu tio aos prantos, totalmente apavorada e pasma com tudo aquilo, minha tia percebeu meu estado e correu em minha direção fazendo um longo interrogatório, claro que do jeito que minha tia correu vários de meus primos e tios vieram saber o que tinha acontecido, mas preferi guardar tudo para mim e seguir para casa com meu pai, mesmo querendo desabafar e contar-lhe cada pedaço daquela cena horrorizante.

Cheguei em casa, nem falei com meu pai direito e fui direto para o quarto de minha mãe, lá era onde eu podia relaxar e assim conseguir raciocinar um pouco, minha mãe morreu de uma doença quando eu tinha 5 anos, sinto tanta falta dela que poderia ficar abraçada em suas coisas por horas e horas, queria poder falar novamente o quando seu abraço era bom o quando seu café numa manhã chuvosa de domingo fazia meu coração encher-se de alegria, e o quanto a amava intensamente, eu ainda tenho meu pai, que amo muitíssimo e nem saberia o que fazer se algo acontecesse com ele, mas minha mãe era especial de uma maneira enorme, e isso as vezes me fazia querer ter 5 anos de novo.

Sento em um canto do quarto e pego uma foto que tinha em cima da penteadeira que tinha ali, fico olhando tentando esquecer daquilo, para mim, essa era a melhor e a única maneira para todos os meus problemas, apesar que de vez em quando me pegava chorando abraçada em uma roupa sua. Deito na cama e abraço uma pelúcia de gatinho que minha mãe havia me dado em uma viagem que fizemos quando tinha 4 anos e ali adormeço em meio de lágrimas e lembranças.


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