ato VIII: you can keep my jacket

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— Cadê a porcaria do seu carro? — Grito, desesperado.

Ao meu lado, Jungkook toca as têmporas, soltando uma lufada de ar, enquanto encosta o corpo na lateral da casa.

— Porque a gente não entra? Seria mais fácil telefonar de lá. — Ele pergunta, pela décima vez.

Tenho milhares de motivos para que ele não entre, mas, infelizmente, só consigo contar o único que me faça parecer arrogante.

— Porque tem o risco do vovô reconhecer você. — Reviro os olhos. — E eu não quero isso.

— Porque? Te afeta tanto assim que seu avô saiba quem era o Jungkook de quem você tanto falava? — Ele cruza os braços.

Eu paro um segundo pra observar sua posição, seus olhos estão preocupados, seu maxilar travado e sua postura completamente tensa.

Ele é tão bonito que chega a ser doloroso o observar por poucos segundos.

Jungkook definitivamente deveria ser exposto em um Museu, apenas, porque todo mundo merece o observar uma vez na vida.

Quero suspirar e chorar ali mesmo, porque ele parece tão incomodado com a situação que tenho vontade de o abraçar e dizer que vai ficar tudo bem.

Mas, não vai. Não comigo, não com ele. Não é problema meu.

— Olha... — Murmuro, cansado de brigar. — Vamos tirar você daqui, é só uma questão de tempo até que elas saiam da frente do restaurante.

— Tudo bem. — Jungkook assente, por fim. — Mas, minha nossa, perdi até a fome...

Ergo uma sobrancelha, indignado com a sua paciência. Odeio estar quase explodindo enquanto ele está super tranquilo.

Eu e Jungkook sempre fomos opostos; tínhamos gostos diferentes, manias diferentes, sempre brigávamos por coisas diferentes; mas, coincidentemente, era justamente isso que nos aproximava.

Acabo comprimindo meus dedos contra a parede em meu tato, observando Jungkook com o telefone próximo ao ouvido.

— Oi. — Ele diz, soltando um suspiro. — Eu estou preso.

Engulo em seco, tentando não ouvir a ligação ao meu lado, desviando o olhar para as garotas do outro lado da rua, olhando para o estabelecimento, um tanto curiosas.

Por sorte, nenhuma delas estava de fato, incomodando e investigando o restaurante, porque, felizmente, não havia nenhum ator gostosão lá dentro.

— Eu estava procurando um restaurante, me distraí com... — Jungkook diz, rapidamente. — Com um gatinho na rua, e alguém acabou me vendo.

Pisco algumas vezes, com o incômodo surgindo em minha garganta. Porque, claro, ele poderia dizer que estava comigo, não poderia?

Que teimoso. Só por isso, solto um pigarro e estico os braços, soltando um bocejo.

— Jungkook-ah, precisamos ir! — Digo, cínico.

— Sim, sim. Estou nos fundos da casa agora, preciso de um carro. — Ele diz, um tanto desconfortável. — Não, não há ninguém aqui, oras.

Levo meus olhos até a frente de casa, dessa vez, as garotas estão provavelmente tweetando sobre o rapaz parecido com Jungkook e seus atributos.

Ao meu lado, ele suspira, irritado, afastando o telefone do rosto para verificar a situação da chamada.

— Você ainda tá aí? — Ele pergunta, confuso. — Eu preciso de um carro! Não pode me deixar aqui, se eu sair, elas vão me encontrar!

Porque diabos Jungkook estava tão preocupado em ser pego por suas fãs?

Disorder  | Jikook (Incompleta)Onde histórias criam vida. Descubra agora