Saudade

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CAPÍTULO 2 SAINDO DO DO FORNO

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O cheiro de pão fresco e do café sendo feito tomavam o ambiente da padaria durante aquele início de tarde.

Yuri trabalhava com a mente distante, apenas esperando o seu horário para ir embora.

Haviam se passado 6 dias desde aquela noite, e o ômega não vira Otabek desde então. Agora que havia refletido melhor, muitas coisas passaram a lhe fazer sentido. A estranha fortuna inacabável que a família de seu noivo possuía, sua conduta correta demais, e o fato de estar adiando tanto uma procura de emprego após ter se formado.

Ainda que não quisesse admitir, sentia muita falta dele. Estava solitário apenas com Potya naquele grande apartamento, fora que seu cio se iniciaria no dia seguinte e podia sentir seu corpo sendo tomado pelos instintos toda vez que a presença do alpha se fazia necessária, sabendo que ele não estaria ali para tranquilizá-lo. Sua mente também o deixava inquieto, o fazendo imaginar o que o moreno poderia estar fazendo sozinho durante aqueles dias, isto é, se ele estivesse sozinho. Não gostava de pensar naquela hipótese.

Além disso, como seriam as coisas entre os dois dali para frente? Se a religião de Otabek já era rígida por si só, não poderia nem imaginar como era quando se tratava de um membro da realeza. Fora que, seguindo a lógica, a partir do momento que se casassem, ele também seria um príncipe, certo? Só essa ideia já lhe dava um frio no estômago.

O fato de Otabek ter sempre respeitado o seu espaço agora lhe era extremamente incômodo, já que o mesmo não havia insistido em procurá-lo. O deixara para pensar em seu tempo, gentil e compreensível ainda naquela situação...

— Yuri? Você está bem, querido? — A senhora que esperava no balcão da padaria chamou sua atenção.

— Ah, sim, me desculpe, senhora Brown. — Terminou de embalar os brioches dentro da sacola de papel. — O seu pedido.

— Obrigada — A ômega pegou a sacola. — Você está meio distraído, querido, um pouco mais do que o normal — A mulher soltou um pequeno riso.

— Sinto muito. Estou perto de me formar na faculdade, tive duas provas ontem e fiquei acordado até tarde terminando um trabalho. Felizmente estou de licença hoje por causa do cio, então não preciso ir para a aula. Mas soube que meu avô estava precisando de ajuda aqui, então resolvi trabalhar até o horário do almoço.

— Ah, sim, eu percebi — A velhinha fez um sinal com a mão, o chamando para mais perto e sussurrando. — Seu cheiro está bem forte.

Yuri corou fortemente enquanto cheirava o pulso, percebendo que o cheiro de flor de baunilha estava se alastrando ao seu redor. Merda, até mesmo longe e sem estar ligado a ele por uma marca, Otabek continuava causando esses efeitos nele.

— Mas pelo menos você tem aquele seu namorado, né? Aquele rapaz bonito, meio exótico... Qual era o nome dele mesmo? Otávio?

— Otabek — Corrigiu-a, tossindo levemente. — Mas... Eu e ele... A gente teve uma discussão...

— Ah, pobrezinho, já entendi — A ômega afagou carinhosamente a mão do mais novo. — Quando eu e Catherine brigávamos, também ficava desolada — Referiu-se à esposa alpha. — Mas essas coisas passam, querido, uma briguinha não é nada para duas pessoas que se amam. Olhe só para nós duas, já estamos casadas há 40 anos.

— Obrigado... — Refletiu um pouco sobre as palavras gentis.

— Não há de que, meu amor. Diz pro seu avô que eu e Catherine estamos esperando ele no bingo de Sábado — A senhora avisou amigavelmente enquanto ia até a porta. — Boa tarde.

Sua AltezaOnde histórias criam vida. Descubra agora