Capítulo VI

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*** ATENÇÃO: Este capítulo pode afetar a sensibilidade de certos leitores. Caso seja o caso e deseje um resumo para poder continuar com a leitura dos próximos capítulos, avise-me para que o possa fornecer. Obrigada e continuação de uma boa leitura! ***

Assim que abri os olhos, estava a andar no passeio de uma das ruas da cidade. Era de noite e conseguia sentir uns leves chuviscos. Estava a arrefecer cada vez mais, porém, a chuva em vez de piorar, mantinha-se leve, quase impercetível.

Era uma rua normal com alguns becos e, no outro lado da estrada, seguia um grupo de crianças acompanhadas por uma senhora jovem, provavelmente a educadora. Eles estavam a passar por um dos becos quando, de repente, ouve-se um rugido.

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Quando Liz acordou, estava deitada de lado no sofá com as pernas encolhidas e uma manta a tapá-la. Miss Kit estava a dormir aconchegada junto da sua barriga, e a sua mãe estava sentada à beira do sofá a tentar acordá-la dando-lhe leves abanões. Embora tivessem várias parecenças, tais como os olhos e o sorriso, tinham ambas feitios muito diferentes. Para além disso, o cabelo de sua mãe era preto e liso, acentuando assim a sua beleza, enquanto o de Liz era castanho e ligeiramente encaracolado.

O relógio de parede da sala indicava as 19:32h. Na televisão estava pausado um filme que tinha dado. Liz começa então a lembrar-se que o tinha começado a ver com Hugo até ter adormecido. Ele devia estar bem chateado...

- Olá Bela Adormecida... – começou a sua mãe – O Hugo acabou de sair, ele disse que tu tinhas adormecido a meio do filme e que amanhã te vinha apanhar à hora do costume. Eu vou agora começar a fazer o jantar, depois quando acabares de acordar vem pôr a mesa ok?

- Hum hum... – foi a única coisa que Liz conseguiu dizer de tão cansada que estava, a única coisa que ela não percebia bem era o porquê de se sentir assim.

Ela levantou-se e começou a arrumar a sala para ver se perdia o sono. Quando já estava recuperada, foi então pôr a mesa enquanto a mãe acabava de fazer o jantar. Já sentadas à mesa, não podia faltar o habitual questionário de primeiro dia de aulas que nenhum pai consegue resistir a fazer:

- Então... Como foi o primeiro dia? Tens colegas novos? Conta-me tudo.

- Nada de especial, tenho só dois colegas novos que aparentemente são gêmeos e vieram da Austrália. De resto não há assim mais nada de especial. – Liz queria despachar ao máximo este tema com a mãe, visto este dia não ter sido propriamente um excelente ou pelo menos normal primeiro dia de aulas.

- E são simpáticos?

- Ainda não tivemos tempo para falarmos e nos conhecermos.

- Hum... está bem. Tu vai ajudando-os a integrarem-se na escola, quer dizer, isto é tudo novo para eles, devem estar a passar por uma fase difícil. E a Miranda, como está? Ela este ano ficou na vossa turma?

- Está boa. Não, como foi para uma área diferente ficámos separados, mas foi melhor para ela.

- Ainda bem.

Durante o resto do jantar não se voltou a tocar no assunto. Finalmente, às 22:00h, Liz largou as equações que tinham tido como trabalho de casa de matemática e começou a arrumar o quarto para se preparar para ir dormir. Foi à casa de banho lavar os dentes e assim que entrou no quarto, Miss Kit foi logo disparada para a cama para marcar o seu lugar no seu cantinho favorito.

Quando se deitou, Liz sentiu a fadiga e o cansaço de um dia de trabalho e stress a cair-lhe em cima. Devido às insónias de que ela sofria frequentemente, pôs-se a pensar num assunto do qual ainda não tinha tido tempo para o fazer: o curto sonho que tinha tido naquela tarde. Que crianças eram aquelas? Quem era a senhora que as acompanhava? Que rugido tinha sido aquele que saiu daquele escuro beco?

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