Capítulo 22

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   Por um momento tudo o que existia era Taehyung e eu. Ele me beijava de maneira lenta e meu corpo se estremeceu com seu toque  em meu braço.

      Quando ele se afastou eu encarei o chão envergonhada. O que estávamos fazendo? Eu não podia me colocar em perigo de novo.

     — Tae...

  Minha cabeça estava tão confusa.

    — Eu sei que não devia —  puxou o piercing entre os lábios —  mas não pude evitar. Você mexe comigo. 

  Meu coração acelerou e meu nervosismo era evidente. Taehyung era complicado demais e eu tinha acabado de sair de um relacionamento tóxico.

    — Nós estamos confundindo as coisas  — engoli em seco  — você não tem tempro pra isso, eu...

      — Atrapalho?  — a voz de Jungkook me interrompeu  — a Heeyoung vai fazer o discurso dela e depois o jantar será servido.

      — Nós já vamos  — tentei disfarçar minha timidez.

      — Ok  — o olhar de Jungkook desviou entre mim e Taehyung  — estou esperando.

   Assim que Jungkook deu as costas, comecei a me perguntar o quanto ele tinha ouvido. Taehyung parecia sob controle mas eu mal conseguia olhá-lo   sem me sentir confusa.

     — Depois do jantar nós conversamos  — acenou com a cabeça e eu apenas assenti  — por favor, não deixa isso estragar sua noite.

    Um beijo desses não poderia estragar nada.

    — Está tudo bem.

   Voltamos para nossos lugares, se Jungkook viu algo, deve ter decidido ignorar. Heeyoung subiu no palco, ela estava deslumbrante e todos prestavam atenção.

       — Espero que estejam tendo uma boa noite. Este jantar tem como finalidade ajudar crianças carentes e eu fico feliz em ver que tantas pessoas contribuíram  — sorriu e Jungkook pareceu prestes a babar  —  vocês poderão acompanhar tudo que será feito com o dinheiro, basta checar o site da fundação.

    Ela falou mais algumas coisas e em seguida autorizou que o jantar fosse servido. Havia tanta carne que me perguntei quanto dinheiro tinha sido gasto ali.

     Bebi mais um pouco de vinho mas Taegyung se contentou com suco, já que voltaria dirigindo.

     — Posso me sentar aqui?  — Heeyoung segurava seu prato com cuidado.

     — Claro  — Jungkook sorriu  — não precisa nem perguntar.

  Olhei para Taehyung e ele parecia estar pensando o mesmo que eu: Jungkook tinha os quatro pneus arriados pela Heeyoung.

      — Vocês acham que eu parecia insegura durante o discurso?  — ela pôs o prato sobre a mesa e pegou seus talheres.

      — Você foi ótima, eu não teria coragem de falar na frente de tantas pessoas  — dei um gole em meu vinho.

    — Todos estavam focados em você   — Taehyung comentou enquanto sorria para Jungkook  — é ótima no que faz, Hee.

     — Mal posso esperar para rever minhas crianças  — os olhos dela pareciam brilhar  — eles vão ficar tão felizes com as coisas novas.

   A conversa prosseguiu até Heeyoung precisar se levantar para se despedir dos convidados. Jungkook parecia encantado por ela.

    — Toma, limpa a baba  — Taehyung riu enquanto entregava um guardanapo para Jungkook.

     — Idiota  — fez uma cara séria.

    — Não fale assim com seu hyung  — Tae continuava rindo  — quando vai falar com ela?

    — Falar o quê? Não tem nada para falar  — deu um gole na própria bebida.

     — Ah, não adianta negar  — provoquei  — está caidinho por ela.

     — A Heeyoung é inalcançável.

      — Você já tentou?  — ele negou  — então pare de ser medroso e tome uma atitude  — Tae cruzou os braços.

  ***
   [ coloquem a música da multimédia ]

    — Por que parou aqui?  — encarei a praça pela janela do carro.

     — Precisamos conversar e sua rua não é segura  — tirou o cinto  — vem?

  O segui para fora, um chafariz jorrava água, num pequeno laguinho em volta. Eu me sentei num dos bancos, mas Taehyung apenas ficou em pé me encarando.

    Ele parecia tenso, como se estivesse prestes a fazer algo difícil.

      — Eu vou ser sincero com você  — soltou o ar  — eu não sou um cara legal e você sabe disso. Me envolvi com a máfia porque era burro e me comploquei mais ainda tentando sair.

      — Você é legal quando quer.

    — Eu já matei um homem, Hana  — passou a mão pelo rosto  — eu não queria, mas não teve outra saída. Estou complicado até o último fio de cabelo e nem devia estar aqui com você.

     — Por que não me deixa para trás então?  — encarei o chão.

    Eu sentiria falta mas também sabia que seria o melhor.

     — Porque eu não consigo!  — riu amargo  — eu penso em você mais do que devia, sempre estou me perguntando se você está bem. Não sei se sabe disso, mas você é fascinante.

     — Eu...?  — franzi o cenho.

     — Você tem olhos de gazela e fica muito bonita quando está com o cabelo preso  — sentou do meu lado  — eu gosto do formato dos seus lábios e do som esquisito da sua risada. Mas eu não posso.
  
     — Pensei que caras maus, não sentiam essas coisas  — ri nervosa.

    — Esse é o problema  — encostou a testa na minha  — Você me faz querer ser bom.

     Queria rir e dizer que SeonWoo também me disse que iria mudar. Mas Taehyung parecia estar expondo tudo ali, Seon Woo nunca me deixou ver suas fraquezas.

      — Não sei o que dizer  — fechei os olhos quando ele acariciou minha bochecha  — Você já fez tantas coisas e eu estou perdida no meio disso.

     — Eu tenho medo de como isso vai acabar  — seu tom baixo parecia cheio de medo  — mas eu não quero por ninguém em risco  — ele me selou e eu senti as malditas borboletas em meu estômago  — sei que você precisa de um tempo e eu preciso consertar minha vida.

     — Eu sei que pode mudar, se quiser.

     — Então me espere, até que eu seja um homem bom. Quero uma chance, mas só quando eu for digno de você.

   O mundo parecia estar girando mais devagar e meu coração bateu forte. Kim Taehyung estava acabando comigo e dessa vez era de um jeito bom.

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Jungkook vai precisar de um babador.

Taehyung quer mudar mas o passado sempre pode voltar....

   

   

   

    

In the dark 《 Taehyung 》Onde histórias criam vida. Descubra agora