Hana pov
Eu estava ajudando minha mãe a arrumar as coisas após o jantar, ela lavava as panelas e tigelas enquanto eu secava tudo e punha no armário.
Ela parecia contente, era provável que essa felicidade repentina estava ligada ao fato dela e meu pai não estarem brigando.
— Você está saindo com alguém? — a voz dela quebrou o silêncio e eu quase derrubei o copo que tinha em mãos.
Por que ela estava perguntando aquilo?
Não que eu achasse ruim, só não era comum a minha mãe se interessando sobre a minha vida.Ponderei sobre o que dizer, não podia contar muito sobre Taehyung, mas não também não queria mentir.
— Meio que sim — continuei guardando as coisas.
— Eu reparei que você dormiu fora — comentou num tom despreocupado — espero que estejam usando camisinha.
O quê!!!!?
— Não é nada disso — me virei nervosa — nós não fizemos nada...eu..
— Hana, calma — minha mãe riu e eu percebi que meu corpo parecia queimar de vergonha — da sua idade, eu já tinha uma filha. Não vou brigar com você, só quero que se cuide.
— Mas nós realmente não fizemos nada, eu dormi lá porque o Tae estava doente.
— É aquele garoto que veio te buscar uma vez? — assenti — ele é bonito.
Eu ainda estava chocada com o fato dela parecer tão interessada, mas apenas continuei lhe respondendo. Precisei mentir sobre a forma como conheci Taehyung, afinal a história real era maluca demais.
— Seu pai também usava mullet quando nos conhecemos — sorriu — ele até tinha uma moto. Nós amávamos viajar nela, mas precisamos vender quando você nasceu.
— Parece que atrapalhei as coisas, não é? — mordi o lábio.
— Não pense assim, Hana. Nós ficamos muito felizes quando você nasceu — ela se aproximou — sei que não sou a melhor mãe do mundo, mas não quero que se sinta um erro.
As vezes era assim que eu me sentia, um erro. Por vezes ficava imaginando como a minha mãe poderia ter sido bem sucedida, se não tivesse ficado comigo.
— Poderia ter sido uma bailarina famosa, eu estraguei os planos de vocês.
— Eu poderia ter voltado a dançar, três meses depois que você nasceu, meu corpo já estava em forma — me encarou — eu tentei te colocar na creche mas não conseguia ficar longe. Eu estava apegada demais e acabei escolhendo cuidar de você.
Engoli em seco, parecia ter um nó se formando em minha garganta.
— Se gostava tanto de mim, por que se tornou tão indiferente? — céus, perguntar aquilo, tirava um peso de cima de mim.
Minha mãe pareceu ter sido pega de surpresa. Ela me encarou por alguns segundos como se não soubesse o que dizer e então me abraçou.
Fazia tanto tempo que ela não me abraçava.
— Eu sinto muito, filha — me apertou — eu deixei as minhas brigas com o seu pai nos afastarem. A culpa não foi sua, eu que deveria ter separado as coisas.
Não conseguia responder, tudo o que conseguia fazer era chorar como uma criança.
— Você não foi um erro, Hana — ela continuou — me perdoe por todos esses anos, eu quero consertar as coisas.
Eu esperava que ela fosse mudar, quando eu era criança minha mãe era mais próxima e até me ensinava a dançar, mas conforme fui crescendo, ela pareceu cada vez mais distante.
Quando me acalmei, ela disse que tinha algo a me mostrar. Nos sentamos na sala e após revirar o armário ela encontrou uma fita.
Era um vídeo meu, com dois anos, usando um gorro vermelho e botinhas de inverno.
“ Qual você quer?” uma versão bem mais jovem da minha mãe perguntou.
Ela devia ter apenas 20 anos, usava um casaco amarelo e segurava minha mãozinha. Estávamos paradas próximas a um carrinho de comida.
“ Chocolate “ eu disse numa voz fofa.
“ Não se cansa de chocolate?” a voz do meu pai disse por trás da câmera.
“ Não “ eu respondi mostrando os dentinhos.
“ Eu te amo tanto” me mãe se abaixou me apertando entre seus braços.
Ela comprou um crepe de chocolate para mim e eu sujei todo o rosto enquanto tentava comer. Meu pai apenas ria enquanto minha mãe tentava limpar.
O vídeo acabou mas logo minha mãe colocou outro. O dia em que eu nasci, um pequeno ser rosado e bochechudo.
“ Ela é igual a você “ meu pai disse parecendo emocionado.
“ Esse nariz aqui é seu” minha mãe tinha uma voz cansada mas estava sorrindo.
Eles pareciam alegres em todos os vídeos e eu desejei que voltássemos a ser uma família feliz.
***
Mais tarde em meu quarto, enquanto foleava um álbum cheio de fotos minhas quando criança, notei que Tae não dava notícias a um tempo.
Me estiquei até o celular e mandei uma mensagem. Minutos depois ainda não havia resposta. Fazia um dia desde a última vez que nos falamos.
Ele se recuperou dos ferimentos e agora parecia estar pensando em como se livrar do chefe, o que me preocupava muito.
Acabei ligando para Jungkook, após o telefone de Taehyung dar fora de área.
— Oi, Kookie — falei assim que ele atendeu — você viu o Tae? Eu ligo mas ele não atende.
“ Estou com ele, na delegacia.”
— Como assim? — questionei aflita.
“ O Taehyung foi parado por uns policiais e achou melhor falar a verdade” aquilo não era bom.
— Ele está preso? — meu coração se apertou.
“ Eu não sei, estão interrogando ele, ainda não tive notícias “ suspirou frustrado “ tenho medo de como isso pode acabar.”
Aquilo só podia ser um pesadelo.
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A mãe da Hana quer se redimir.Não acredito que já chegamos a 60k ❤❤❤
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In the dark 《 Taehyung 》
FanfictionHana é uma jovem cercada por relacionamentos abusivos, tanto tempo sobrevivendo com migalhas lhe ensinou a exigir cada vez menos. Taehyung vive no subúrbio de Seul, afundado em seus próprios problemas, ele jamais imaginou que uma noite pudesse muda...