Capítulo 29

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  Hana pov

 Eu estava ajudando minha mãe a arrumar as coisas após o jantar, ela lavava as panelas e tigelas enquanto eu secava tudo e punha no armário.

  Ela parecia contente, era provável que essa felicidade repentina estava ligada ao fato dela e meu pai não estarem brigando.

    — Você está saindo com alguém? — a voz dela quebrou o silêncio e eu quase derrubei o copo que tinha em mãos.

  Por que ela estava perguntando aquilo?
 
    Não que eu achasse ruim, só não era comum a minha mãe se interessando sobre a minha vida.

    Ponderei sobre o que dizer, não podia contar muito sobre Taehyung, mas não também não queria mentir.

   — Meio que sim — continuei guardando as coisas.

   — Eu reparei que você dormiu fora — comentou num tom despreocupado  — espero que estejam usando camisinha.

    O quê!!!!?

— Não é nada disso — me virei nervosa — nós não fizemos nada...eu..

   — Hana, calma — minha mãe riu e eu percebi que meu corpo parecia queimar de vergonha — da sua idade, eu já tinha uma filha. Não vou brigar com você, só quero que se cuide.

    — Mas nós realmente não fizemos nada, eu dormi lá porque o Tae estava doente.

   — É aquele garoto que veio te buscar uma vez? — assenti — ele é bonito.

   Eu ainda estava chocada com o fato dela parecer tão interessada, mas apenas continuei lhe respondendo. Precisei mentir sobre a forma como conheci Taehyung, afinal a história real era maluca demais.

    — Seu pai também usava mullet quando nos conhecemos — sorriu — ele até tinha uma moto. Nós amávamos viajar nela, mas precisamos vender quando você nasceu.

  — Parece que atrapalhei as coisas, não é? — mordi o lábio.

   — Não pense assim, Hana. Nós ficamos muito felizes quando você nasceu — ela se aproximou — sei que não sou a melhor mãe do mundo, mas não quero que se sinta um erro.

   As vezes era assim que eu me sentia, um erro. Por vezes ficava imaginando como a minha mãe poderia ter sido bem sucedida, se não tivesse ficado comigo.

   — Poderia ter sido uma bailarina famosa, eu estraguei os planos de vocês.

    — Eu poderia ter voltado a dançar, três meses depois que você nasceu, meu corpo já estava em forma — me encarou — eu tentei te colocar na creche mas não conseguia ficar longe. Eu estava apegada demais e acabei escolhendo cuidar de você.

     Engoli em seco, parecia ter um nó se formando em minha garganta.

   — Se gostava tanto de mim, por que se tornou tão indiferente? — céus, perguntar aquilo, tirava um peso de cima de mim.

  Minha mãe pareceu ter sido pega de surpresa. Ela me encarou por alguns segundos como se não soubesse o que dizer e então me abraçou.

 Fazia tanto tempo que ela não me abraçava.

  — Eu sinto muito, filha — me apertou — eu deixei as minhas brigas com o seu pai nos afastarem. A culpa não foi sua, eu que deveria ter separado as coisas.

  Não conseguia responder, tudo o que conseguia fazer era chorar como uma criança.

  — Você não foi um erro, Hana — ela continuou — me perdoe por todos esses anos, eu quero consertar as coisas.

   Eu esperava que ela fosse mudar, quando eu era criança minha mãe era mais próxima e até me ensinava a dançar, mas conforme fui crescendo, ela pareceu cada vez mais distante.

    Quando me acalmei, ela disse que tinha algo a me mostrar. Nos sentamos na sala e após revirar o armário ela encontrou uma fita.

   Era um vídeo meu, com dois anos, usando um gorro vermelho e botinhas de inverno.

  “ Qual você quer?” uma versão bem mais jovem da minha mãe perguntou.

  Ela devia ter apenas 20 anos, usava um casaco amarelo e segurava minha mãozinha. Estávamos paradas próximas a um carrinho de comida.

  “ Chocolate “ eu disse numa voz fofa.

  “ Não se cansa de chocolate?” a voz do meu pai disse por trás da câmera.

  “ Não “ eu respondi mostrando os dentinhos.

 “ Eu te amo tanto” me mãe se abaixou me apertando entre seus braços.

  Ela comprou um crepe de chocolate para mim e eu sujei todo o rosto enquanto tentava comer. Meu pai apenas ria enquanto minha mãe tentava limpar.

  O vídeo acabou mas logo minha mãe colocou outro. O dia em que eu nasci, um pequeno ser rosado e bochechudo.

   “ Ela é igual a você “ meu pai disse parecendo emocionado.

 “ Esse nariz aqui é seu” minha mãe tinha uma voz cansada mas estava sorrindo.

   Eles pareciam alegres em todos os vídeos  e eu desejei que voltássemos a ser uma família feliz.

   ***

 Mais tarde em meu quarto, enquanto foleava um álbum cheio de fotos minhas quando criança, notei que Tae não dava notícias a um tempo.

  Me estiquei até o celular e mandei uma mensagem. Minutos depois ainda não havia resposta. Fazia um dia desde a última vez que nos falamos.

   Ele se recuperou dos ferimentos e agora parecia estar pensando em como se livrar do chefe, o que me preocupava muito.

 Acabei ligando para Jungkook, após o telefone de Taehyung dar fora de área.

— Oi, Kookie — falei assim que ele atendeu — você viu o Tae? Eu ligo mas ele não atende.

 “ Estou com ele, na delegacia.”

  — Como assim? — questionei aflita.

  “ O Taehyung foi parado por uns policiais e achou melhor falar a verdade” aquilo não era bom.

  — Ele está preso? — meu coração se apertou.

  “ Eu não sei, estão interrogando ele, ainda não tive notícias “ suspirou frustrado “ tenho medo de como isso pode acabar.”

  Aquilo só podia ser um pesadelo.
  

   ------
A mãe da Hana quer se redimir.

Não acredito que já chegamos a 60k ❤❤❤

   

In the dark 《 Taehyung 》Onde histórias criam vida. Descubra agora