Mini Minho

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 Não demorou para encontrarmos a casa vermelha. No meio de todos os destroços cinzas, ela se destacava bastante.

-Vamos devagar, para não assustar ele – Minho disse abrindo a porta da casa e olhando para dentro por uma fresta.

Entramos devagar, sem fazer barulho e olhei ao redor. A casa estava totalmente apagada, só com a luz vindo da janela iluminando. Tudo estava coberto com poeira, mas era possível ver umas roupas relativamente limpas em um canto. Uns enlatados estavam em cima da pia e dava para sentir o cheiro daquela "comida", provando que haviam pessoas lá dentro. Mas não tinha nenhuma criança a vista.

-Toby! – eu disse com a minha melhor voz – Somos amigos, não precisa ter medo. Sua mãe nos mandou aqui.

Nada.

Fiz um sinal para Minho ficar quieto. Uma voz feminina seria a melhor opção para o garotinho, que só teve a presença da mãe.

-Meu nome é Emily – eu continuei – E meu amigo se chama Minho. Podemos te ajudar, levar você para um local seguro.

Mais uma vez silencio.

Começamos a andar pela casa, procurando. Senti um pouco de medo do garoto ter fugido, pois lá fora era perigoso e seria mais difícil acha-lo. E quando eu já estava me preparando para procurar na rua, ouvi Minho me chamar.

-Emily – ele disse – Vem aqui.

Segui sua voz até que observei Minho agachado em um dos quartos da casa. Na sua frente estava um closet e, dentro dele, um garotinho, também agachado.

Ele tinha os cabelos negros e devia ter uns quatro anos. Mas o que mais chamava atenção eram seus olhos puxados.

Iguais aos de Minho.

O garotinho chorava. E eu não o culpava. Ele estava com medo, sua mãe não estava lá. Ele devia ter se escondido assim que ouviu nossa voz. E partiu meu coração ver aquilo. Minha vontade era de me aproximar e abraça-lo. Passar a mão naquele cabelo e dizer que tudo iria ficar bem, que eu iria cuidar dele.

Como uma criança pode sobreviver em mundo como esse?

-Oi amigão – Minho disse na sua frente – Meu nome é Minho.

O garotinho observava Minho o tempo todo, seu olhar demonstrava medo.

-Sua mãe nos avisou que estaria aqui – ele continuou – Seu nome é Toby, né?

O menino concordou com a cabeça.

-Vamos te levar para um lugar seguro. Eu vou cuidar de você. Prometo.

Sorri com as palavras de meu amigo. Enquanto eu pensava em como fazer aquilo, Minho já tinha feito. E muito bem.

Minho estendeu a mão e, meio relutante, o garotinho aceitou. Os dois saíram do closet, de mãos dadas. Percebi que o garotinho tremia, talvez de frio ou de medo.

Lembrei na mesma hora de quando cheguei na clareira. Em como eu estava igual a esse menino: com medo, sem conhecer ninguém, sozinho. Mas eu confiei em Newt, do mesmo jeito que ele tinha confiado em Minho.

E naquele momento eu tive certeza: nada quebraria esse laço.

-Vai ficar tudo bem – eu disse, repetindo as palavras de Newt.

Saímos daquela casa.

Toby ainda estava com medo e eu não o culpava. Ele olhava para todos os lados, como se procurasse algo. Uma mão ainda segurava fortemente a mão de Minho. Com a outra, ele segurava um pequeno brinquedo, talvez fosse um coelho de pelúcia. Tinha parado de chorar.

A garota do refúgioOnde histórias criam vida. Descubra agora