Milagre

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 Alguns meses depois...


-Eu estou nervoso – Thomas dizia para mim pela quinta vez e eu só revirei os olhos.

-Se você falar isso mais uma vez, – eu disse – tenho quase certeza que esse bebê vai querer sair da minha barriga.

-O que tem haver? – ele perguntou.

-Nem ele te aguenta falando – eu disse rindo e meu irmão fechou a cara por alguns segundos.

-Você acha que é um menino? – ele disse um tempo depois.

Coloquei a mão em minha barriga.

A verdade é que eu não fazia a menor ideia. Independente do sexo, eu só queria que o momento do nascimento chegasse logo.

-Quem sabe? – eu disse terminando de ajeitar a gravata do meu irmão.

Hoje ele iria se casar com Brenda e devia estar mais nervoso que a noiva. Na verdade, ele estava mesmo. Eu tinha acabado de encontrá-la e ela estava comendo salgadinho loucamente. Era basicamente uma mulher linda em um vestido de noiva se entupindo de porcaria.

-Prontinho – eu disse olhando para ele de longe. – Podemos ir?

Minho havia insistido para que houvesse uma pequena cerimonia, parecida com a minha e a de Newt, ou seja, na praia. Brenda não quis no começo, mas depois de eu e Minho termos chorado um pouco (literalmente), ela topou.

-Vai conseguir mesmo andar até lá? – Thomas perguntou passando um braço ao redor do meu.

A verdade é que minha barriga estava enorme e eu não conseguia fazer praticamente nada. Ficava o dia todo sentada em minha cama aos cuidados de Newt, que estava sendo um amor comigo. Eu praticamente dormia e comia o dia inteiro, o que eu não podia reclamar. Mas a dor de ficar em pé e com todo aquele peso realmente me incomodava.

-Claro – eu disse mentindo – Vou dançar a noite toda, você vai ver.

Thomas riu ao meu lado.

Começamos a andar até a praia como cominado. Observei todas as aquelas pessoas ao nosso redor, sorrindo e torcendo pela nossa felicidade. Pessoas que contribuíram para que estivéssemos bem hoje e eu sempre seria grata a isso.

Quando finalmente chegamos ao pequeno altar, sentei no primeiro banco, ao lado de Newt. Ele sorria para mim e se inclinou em meu ouvido.

-Você está linda com essa barriga.

Ri com aquilo. Só Newt para me achar linda gorda desse jeito.

A cerimonia ocorreu perfeitamente bem. Minho que fez tudo, inclusive o próprio casamento. Ele disse palavras muito bonitas. Até o pequeno Toby estava lá ao seu lado. E eu chorei o tempo todo. Chorei litros e litros.

 Brenda e meu irmão eram perfeitos juntos. E eu não podia estar mais feliz por eles.

-E com o poder que eu mesmo me dei - Minho disse - Eu os declaro marido e mulher.

Brenda e Thomas sorriram e se beijaram. E eu chorei mais uma vez. Minho também estava chorando.

-Acho melhor a gente voltar – Newt disse assim que a cerimonia acabou – Você precisa descansar.

-Ainda tem uma festa – eu disse me levantando com sua ajuda – Vamos ficar. Eu to com fome e Minho disse que vai ter bastante comida.

Newt me olhou meio bravo, mas depois concordou com a cabeça. Ele nunca conseguia negar algo para mim. Ainda mais se comida estivesse no meio.

Mas assim que eu dei o primeiro passo em direção ao meu irmão, senti uma forte pressão em minha barriga. Me curvei com a dor e logo depois senti as mãos de Newt me segurarem.

-Emily – ele disse me segurando – O que foi?

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me acalmar.

-Vai nascer – eu consegui dizer um tempo depois. - O bebê vai nascer.

Thomas, que já estava na minha frente me olhando preocupado, sorriu de orelha a orelha.

-Vamos leva-la até a enfermaria – ele disse e eu logo senti Newt me pegar no colo.

Era uma mistura de sensações em meu corpo. Eu estava tremendo, não sei se de frio ou de nervoso. Mas eu mesmo tempo estava suando. As dores estavam bem fortes e eu não tinha condições de andar sozinha. Mas mesmo com tudo aquilo, eu não conseguia parar de sorrir.

Me colocaram em uma maca da enfermaria e eu logo pude observar um dos médicos do local chegar. Ele estava cuidando de mim desde quando descobri a gravidez.

Apertei a mão de Newt com força, talvez machucando o mesmo. Mas eu não liguei muito. Aquela dor era insuportável e eu precisava dele ao meu lado.

-Eu estou aqui – Newt disse se ajoelhando ao meu lado – Estou aqui.

Aquelas palavras me acalmaram um pouco. Eu nunca conseguiria sem ele. E só de pensar que talvez nada disso tivesse acontecido, voltei a ter forças. 

Fiquei naquela situação por três horas. Três horas de dor e gritos.

-Eu não aguento mais – eu disse já chorando.

Naquela sala estava apenas eu, Newt, o médico e uma mulher.

-É claro que você aguenta – Newt disse – Emily, você é a pessoa mais forte que eu já conheço! Desde que te vi dentro daquela caixa, encolhida, eu sabia que você era uma mulher forte, determinada e independente. E eu sei que você consegue passar por isso!

Sorri com aquelas palavras. Respirei fundo e tentei mais uma vez.

-Prontinho – o medico disse e eu pude finalmente relaxar – É uma menina!

Sorri mais uma vez. Newt ao meu lado já estava chorando.

-Uma menina – eu consegui repetir.

Meu corpo estava fraco, mas eu não conseguiria descansar até ter minha filha em meus braços.

Um tempo depois ela veio. Já estava enrolada em um manto. Era tão pequena e delicada. Era minha. Segurei a mesma com tanto medo, como se ela fosse de vidro.

-Ela é linda – Newt disse me dando um selinho – E um verdadeiro milagre.

Chorei mais uma vez. Porque aquela cena era o que eu mais queria no mundo.

-Teresa – eu disse – Ela vai se chamar Teresa.


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Próximo capitulo é o último pessoal!

Vamos chorar!

E eu irei responder as perguntas de vocês no próximo capitulo! Qualquer pergunta, só mandar!

A garota do refúgioOnde histórias criam vida. Descubra agora