Capítulo 2

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2

Victor

01 de março de 2012

Quinta-feira

Assim que a tela fecha, apoio a cabeça nas mãos e espero Igor se acomodar ao meu lado, sem soltar a sua lata de refrigerante. O que diabo foi isso que aconteceu aqui?

Eu devia contar para ele. Devia contar a situação maluca que acabei de vivenciar. Igor é um cara legal e vai entender o que aconteceu aqui. Ele foi o garoto que me recepcionou no meu primeiro dia de aula. Comecei a estudar no Colégio São Vicente há quase dois meses e foi difícil para mim me adaptar à mudança de cidade, de amigos, de vida. Mas Igor conseguiu transformar meus dias difíceis em momentos alegres. Eu o considero um grande amigo e acredito que vamos bem longe com essa amizade.

Mas não sei o que ele pode pensar de mim quando contar sobre o minuto bizarro que tive que viver quase agora. Sinto que vou ter problemas por ter fechado a tela do nosso jogo. Por mais estranho que possa ser, não tenho nenhuma explicação coerente que justifique eu fechar o jogo, se estávamos ganhando. Igor me mataria se eu dissesse que foi culpa de uma garota que entrou do nada na tela, me chamando para uma conversa de vídeo. Aliás, uma tremenda gata. Mesmo com uma expressão confusa, ela deixou claro que não sabia, tanto quanto eu, o que aconteceu ali com nós dois.

Eu devia ter pedido o telefone dela. Como eu fui burro.

— Como está o jogo? — Igor olha confuso para a tela. — O que aconteceu aqui? Você fechou a partida?

— Não — digo. — Acho que entrou vírus. Não me olhe assim, Igor. Você não acha que eu fechei o jogo de propósito, acha?

— Você fechou? — retruca ele imediatamente.

— Claro que não.

— Então, por que o jogo não está mais aqui? — ele pergunta, mexendo no mouse.

— Não sei. — Dou de ombros.

— Deixe-me ver se consigo recuperar. — Igor diz, inclinando-se para a frente da cadeira e mexendo em alguns comandos. — Droga, Victor! Saímos da partida. Agora só amanhã.

Ele bebe um longo gole do seu refrigerante.

A cabeça de Igor está inclinada. Ele me encara... em silêncio e com curiosidade. Meu amigo acha que estou mentindo, que fui eu quem fechou o jogo. Dá para ver em seus olhos miúdos.

Talvez ele tenha razão. Ou talvez seja mesmo um vírus.

Ele abre a área de trabalho.

Estou prestes a dizer que precisamos fazer o dever de casa mas, de repente, Igor arregala os olhos e me chama.

— Olhe só isso — diz ele.

Eu fixo meus olhos na tela do notebook e inclino meu corpo para a frente. Igor observa a figura de um tigre estampada ali. Nunca coloquei aquela figura ali.

— Você sabia que eu vou tatuar essa figura quando completar dezoito anos? — ele pergunta apoiando a lata sobre a mesa.

— Eu nunca vi essa figura na minha vida. — Digo, totalmente confuso.

— Mas então, quem colocou essa imagem aqui? — Ele aponta, esperando que eu dê uma resposta coerente.

Dou de ombros.

Seus olhos estão entusiasmados, ou melhor... chocados. Acompanho-os até a imagem. Então meu sangue gela.

— Ai, meu Deus! — Arregalo meus olhos. — A imagem do tigre sumiu. 


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Gratidão por chegar até aqui. 

Deixe seu comentário. Estou ansiosa para saber se está gostando. 


Beijos e até o próximo.

 <3

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