Capítulo 10

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Victor

05 de março de 2012

Domingo

Assim que a tela fecha, me pego sorrindo à toa, como um bobão. Eu preciso convencer Igor a estar aqui amanhã à noite para provar para Ayslin que eu não estou mentindo. Sei que não preciso fazer isso, já que eu mal a conheço, mas algo dentro de mim pulsa mais forte e me empurra para me aproximar cada vez mais dessa garota. Ela não é maluca como imaginei que fosse. Pelo contrário, ela parece ser a pessoa mais determinada que já conheci em minha vida. Sabe o quer e espera que eu não esteja a enganando. Tudo isso eu consegui sentir só com o pouco da nossa conversa de agora.

Apesar do cabelo desgrenhado, os olhos inchados e a cara amassada, ela ainda estava linda hoje. Quando a tela abriu, senti um frio na espinha. Meu coração parecia derreter na ponta do vulcão. Claro que eu menti quando disse que a achei horrível. Mas é que não tive coragem de dizer a verdade. Ela apareceu para mim sem se preocupar com a aparência, muito menos com a falta de vaidade. E, por mais estranho que possa parecer, eu gostei dela assim. Natural, com personalidade, como realmente é.

Ela parecia que tinha chorado, parecia triste, e por esse motivo, tenho que trazer o Igor aqui. Seus olhos estavam inchados, o rosto vermelho, além do tom rosado mais brilhante do que costuma ter. Os lábios inchados. Mesmo assim, por mais que pensasse que ela estaria triste, seus olhos verdes demonstravam uma confiança que comprova o quanto ela é forte.

Fecho as mãos em punho, porque nunca senti uma necessidade tão grande de fazer algo por uma pessoa. Quero trazer o Igor aqui e dizer que sinto muito por ela estar sozinha agora. Por ter que tocar a vida sem a sua família. Por fazê-la achar que é necessário uma prova de que estou falando a verdade para que nossos laços de confiança se firmem.

Ela não faz ideia como essa história mexeu comigo. Ela não faz ideia de como quero me aproximar, ser seu amigo, apoiá-la no que mais precisar. Ela não sabe que eu daria qualquer coisa para dar um abraço nela, dizer o quanto eu sinto muito pelo que aconteceu.

Aliás, não aconteceu ainda. Igor está vivo. E pensar nisso tudo faz meu peito se apertar e se contrair. Porque tenho medo do que vai acontecer com meu amigo daqui a alguns dias. E não sei porque isso me preocupa, considerando que até entrar nessa história maluca de que estamos separados por uma distância de cinco anos, eu nem a conhecia. E muito menos eu fazia ideia de que meu amigo seria morto.

Mas agora que estou começando a conhecê-la, não quero mais me distanciar. E o fato de que ela é irmã do meu melhor amigo, do cara que melhor me acolheu no Colégio, me dá mais vontade ainda de me aproximar, porque sei que ela vai precisar de mim. E claro que vou estar ao seu lado, sempre. 

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