XV

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depois que ele descobriu a mania que eu tenho de banhar-me nas madrugadas de domingo, passou a ler poesia para mim com um dos pés a brincar na banheira. não fazia a menor diferença se eu estava alegre ou em ruína. lá vinha ele com o banquinho e um livreto nas mãos,  revigorar-me.
só que eu meio que acostumei-me àquela ducha de detalhes. para hoje sentir a falta da sua voz branda a recitar Camões no pé do ouvido enquanto lavava os pés.

nós podíamos ter feito mais.

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