depois que ele descobriu a mania que eu tenho de banhar-me nas madrugadas de domingo, passou a ler poesia para mim com um dos pés a brincar na banheira. não fazia a menor diferença se eu estava alegre ou em ruína. lá vinha ele com o banquinho e um livreto nas mãos, revigorar-me.
só que eu meio que acostumei-me àquela ducha de detalhes. para hoje sentir a falta da sua voz branda a recitar Camões no pé do ouvido enquanto lavava os pés.nós podíamos ter feito mais.
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Escaninho
Poetryes-ca-ni-nho (s.m.); pequeno compartimento no peito onde são guardados todos os detalhes que possuem valor. serve de refúgio para a alma em dias que nos sentimos envoltos de tanta razão, esgotados de sermos jogados pra cima e pra baixo tão rápido. °...