10. ele não quer ela no grupo - pt.1

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10. ele não quer ela no grupo - pt.1

     Tinha limpado a última mesa da cafeteria e estava prestes a ir trocar de roupa, passando pelos tantos livros que Iara amava e embaixo da escada, entrando no banheiro.

     Queria sair dali logo, evitar encarar Iara e Aimée como estava fazendo, tentar conversar com Zeus e saber como que ele andou todos aqueles meses sem que me desse uma única notícia diretamente, e queria mais que tudo ir pra casa antes da aula, pra conseguir deixar o filme pronto para Lívia assistir na TV.

     Quando que meu melhor amigo se tornou uma emergência menor do que a minha colega de apartamento eu não sabia, mas ia persistir na ideia dos filmes até ela vir falar comigo, ou até eu conseguir ver um filme com ela.

     Vestindo novamente meu jeans preto e colocando uma camiseta preta, vesti minha jaqueta jeans e me olhei no espelho, arrumando meu cabelo. Pegando a mochila do chão e colocando o resto da roupa dentro, sem nem me preocupar em arrumar, ri sozinho pensando em com Lívia iria reagir se visse de verdade como eu não era organizado.

     Aquilo não era motivo para eu rir por muito tempo, porque ter Lívia irritada era divertido, mas não tão divertido quanto ter ela conversando comigo, e talvez me elogiando, percebendo que eu e ela no final podíamos viver um com o outro. Essa ideia fazia com que eu quisesse acabar me encaixando com ela de um jeito que nunca tentei, mostrando que iria aos poucos, fora e dentro de quatro paredes, ser quem ela podia usar para espairecer. Se ela percebesse, seria muito mais fácil toda a função da gente transar.

     No momento em que fechei a porta do banheiro, Aimée estava encostada em uma das prateleiras, as mãos cruzadas na frente do seu corpo apoiadas na barriga que cada dia crescia mais. Por mais que olhar pra ela, toda grávida e sendo a amada do grupo, fizesse eu simplesmente querer sorrir, o seu olhar de inquisição me dizia que eu deveria ter ido embora sem nem trocar a roupa como tinha feito todos os outros dias.

     — Tu tem que parar de fugir de mim. — Falou, os olhos se fechando mais ainda e as narinas abrindo em falsa raiva.

     — Eu? Fugindo de ti? — Perguntei, a mão no meu peito dando ênfase da brincadeira toda. Não tinha como dizer que não estava fugindo aquela semana inteira depois do Chá de Fraldas.

     Balançando a cabeça, Aimée me seguiu enquanto eu ajustava de novo a alça da mochila no ombro e passava pelas prateleiras, chegando perto do balcão onde Iara normalmente ficava, mas de repente não estava mais.

     Me apoiando e decidindo continuar toda aquela função, para que ela simplesmente não acontecesse de novo, coloquei a minha melhor expressão de interessado e esperei Aimée começar toda a palestra sobre eu não tomar rumo.

     — O trabalho aqui termina sexta que vem, tu te mudou sem que eu soubesse, tá morando com uma guria que nem sabia existir e, ainda, — colocou a mão na barriga — tu vai ser tio... isso tudo requer responsabilidade, Aquiles.

     — O que eu parar de trabalhar aqui tem a ver com responsabilidade? — Perguntei sorrindo, minhas sobrancelhas se juntando.

     — Tem a ver que tu vai parar de ganhar teu dinheiro e vai voltar a usar tudo da mesada que teus pais deixam cair na tua conta.

     Levantando uma das bochechas em uma careta improvisada, não deixei de mostrar os dentes. — Até agora só vi vantagem.

     Aimée não conseguiu manter o rosto sério por muito tempo, e em um suspiro baixou os olhos até o chão. Tinha o rosto decepcionado o qual já era costume eu ver.

Boa noite, Aquiles ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora