epílogo olímpios

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epílogo olímpios

eles

Quando Apolo levantou naquela manhã, tomou um cuidado extra para não acordar a sua mulher. Ultimamente ela estava com o sono leve e também grávida do seu segundo filho, o que não o ajudava.

Desta vez eles escolheram não saber se era um menino ou uma menina, mas diferente da primeira vez já tinham separado nomes gregos e de deuses, por mais estranho que fossem, para que a família dele parasse um pouco de sempre comentar como a tradição tinha sido quebrada. 

Ele caminhou para a outro quarto, desviando de algumas caixas que estavam no chão como o resultado de outra mudança. Naquela tarde eles estariam arrumando o restante e levando todas as caixas para a nova casa com mais quartos do que o necessário, mas também com espaço suficiente para todos os que quisessem ficar lá. 

Checando se a sua filha continuava dormindo, Apolo abriu a porta que dava para o quarto de Maia e espiou o cabelo escuro esparramado no travesseiro, vendo também o corpo do irmão na outra cama de solteiro que eles tinham arranjado. Só então Apolo relaxou. O apartamento ecoava tudo com muita facilidade, ele sabia bem, e devagar e sempre ele pegou as suas chaves e foi para a porta. 

A cafeteria já estava aberta e Iara sempre sendo pontual esperava Apolo aparecer para entregar todo o pedido que ele havia feito por mensagem. 

A mulher, ainda taciturna, achava o gesto nada mais que a obrigação de Apolo e não gostava de admitir que considerava gentil. Sua melhor amiga merecia toda a paparicação e o ser que crescia na barriga de Aimée, o qual Iara com certeza seria dinda, merecia o melhor café da manhã naquele dia que seria movimentado. Ela ainda tinha dificuldades de pensar que Aquiles merecia o mesmo café da manhã, mas o seu coração, que tinha começado a derreter por ele, se sentia orgulhosa pelo fato de que ele não estava bebendo.

O clima de Porto Alegre estava representando o início do inverno rigoroso, e o casaco que ela usava não adiantava. 

— Não colocou nenhuma roupa mais quente hoje? — Apolo perguntou, pegando as coisas do balcão da cafeteria. 

— O Renan está me trazendo um casaco. — Ela disse, o rosto não mostrava nada, mas Apolo viu como ela ficava feliz de falar sobre o companheiro. — Ficou às 14h mesmo? Os gêmeos estão loucos pra ficar com a Maia hoje.

— Então,— Apolo começou a falar sobre o horário marcado. — Aquiles vai ir buscar a Lívia às 15h, porque ela teve que trabalhar hoje. To pensando em todo mundo aparecer um pouco mais tarde. 

— Se depender daqueles dois vamos nos atrasar. Eles não conseguem largar um o outro.

Apolo riu da resposta, mas entendeu como um acordo. 

Enquanto ele voltava para o apartamento, no local Aimée já estava acordando e se espreguiçando, os pés inchados doendo e o sono querendo vencer mais uma vez, só que, escutando o cunhado conversando com uma voz fina com a sua filha, decidiu se levantar e ir ver o que estava acontecendo. 

Ao sair do quarto, ela encontrou Aquiles sentado no chão, apoiando as suas costas no sofá e com Maia no seu colo. 

— Apolo foi buscar o café da manhã. — Disse. — Ele achou que não tinha me acordado mas a gente sabe que ele não consegue se mexer sem fazer barulho. 

— Ela acordou com ele fechando a porta? — Aimée perguntou, abrindo um sorriso e indo sentar perto do cunhado. 

— Sim. — Aquiles riu. — Mas a gente deixa ele pensar que não. 

Vendo Maia rir e gargalhar para Aquiles, Aimée esticou uma mão e fez carinho no cabelo do homem, do mesmo jeito que ele fazia com a filha dela: bagunçando os fios e fazendo a filha rir mais ainda do tio.

— Tudo certo pra hoje? — Ela perguntou.

— Com certeza. 

Ela achava que Apolo fazia uma função maior do que o necessário em relação a toda mudança. Tinha sido assim quando eles tinham ido para aquele apartamento, quando eles decidiram construir a casa. Ele chamava todos os amigos como uma forma de juntar todos, também para que eles vissem toda a estrutura e a arquitetura que ele tinha planejado. 

Zeus, que todos chamavam de Renan e que agora lutava profissionalmente e ensinava na academia onde treinava, estava precisando também dessa distração depois de ter dado para a polícia todas as informações sobre Alli.

O grupo estava sentindo falta dele, Iara era a única que atualmente ainda conseguia conversar com o brutamontes, nem Aimée conseguia, mas ele nunca deixava de participar. No final, Zeus e Renan eram a mesma pessoa, e ele não conseguia negar que muita da raiva que ele sentia quando ainda era chamado pelo Deus existia dentro dele. 

Com os gêmeos ele continuava o mesmo, agora conseguindo dar uma vida para eles sem medo, finalmente estando com a mulher que ele ama como uma família. Tudo isso quase tinha sido posto fora após ele ter descoberto que finalidade sua mãe tinha tido.

Ela tinha sido encontrada na rua morta alguns meses antes, fazendo ele descobrir que no final Alli não tinha feito nada, somente provido tudo o que fez ela se perder. 

Renan não falava disso com ninguém que não fosse Iara.

Aimée entendia isso sobre o melhor amigo, e ficava quieta a maior parte do tempo, menos sobre a relação de Lívia e Aquiles. O casal era uma distração da gravidez e as dores, além de uma distração pela loucura que estava sendo a vida de todos à sua volta.

— Lívia tá bem? Como que vocês tão? — Aimée perguntou, ainda mexendo no cabelo de Aquiles.

— Nós estamos bem. — Ele disse sorrindo. — A procura por um novo apartamento tá enchendo o saco, mas estamos bem. 

— Ela não tá conseguindo achar umas opções? 

— A gente tem opções, mas é que tu sabe como é a Lívia. — Falou. — Dinheiro é um troço muito importante.

Por mais que ele ainda dormisse algumas vezes no apartamento de Apolo e Aimée, era só para mostrar que ele estava bem e passar um tempo com a família dele e com os amigos enquanto Lívia passava com os amigos dela. 

A procura por um apartamento ia continuar até ela conseguir pelo menos 10 opções onde ela soubesse que o dinheiro não ia ser gasto inteiro com aluguel e tudo mais. Aquiles se orgulhava dela. 

E também agradeceu por Apolo entrar no apartamento bem na hora que o papo sobre o o casal terminou. O irmão dele fazia tudo parecer mais importante do que realmente era. A ironia era que isso começou depois de ele notar que Aquiles estava mal e ele não tinha dado tanta importância, não até tudo começar a desmoronar. 

— Bom dia, família. — Apolo falou, largando o que tinha comprado na mesa onde eles iam comer, voltando e dando um beijo na esposa e pegando a filha do colo do irmão, ajudando o outro a levantar do chão e oferecendo um abraço de lado. — Falei com a Iara e ela achou melhor às 15h mesmo. 

— Amor, nós vamos antes e eles nos encontram lá. — Aimée disse, tentando fazer o esposo mais calmo sobre tudo. — Vai dar tudo certo. Tudo no seu tempo. 

Apolo revirou os olhos e Aquiles riu, sabendo que era verdade.

Eles tiveram manhã, tarde, noite, e teriam todos os dias para fazer as coisas darem certo. 


obs: nota final vem mais tarde

Boa noite, Aquiles ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora