_ Vou sentir a vossa falta, adorava que vocês viessem connosco, mas, o melhor para vocês é terminar os estudos aqui...- disse a minha mãe a choramingar.
_ Foi a vossa escolha.
Boa sorte com a avó... se tiverem tempo dêem notícias!
Não queria ser fria mas essa escolha de nos "abandonarem" maguou-me.
_ Adeus minha Kiki...
Porta te bem filha, não enerves a tua irmã e obedece sempre!
Vou ter saudades tuas meu amor!- disse desta vez apertando a Francisca nos seus braços.
O meu pai era mais sentimental. Não conseguiu despedir se e foi colocar as malas no carro.
Com um simples abraço frio e com dor me despedi dos meus pais.
Agarrei forte a Francisca enquanto viamos o carro partir pelo caminho de terra batida em frente a casa.
A tia Evelyn viria nessa tarde buscar as nossas malas para nos levar ao novo colégio.
O meu pai transferiu nos para o colégio "Luna".
Fiquei super feliz porque já conhecia lá a Julia e a Carolina (Carol).
Elas faziam parte de um grupo de Biologia no qual eu tambem estava inscrita.
Estavam eufóricas quando lhes disse que iria viver lá.
Ficaram super felizes. Mal podiam acreditar!
Ia ser mesmo divertido viver com elas.
Estava bastante preocupada com a Kiki... Será que ela se iria dar bem sem os mimos dos pais ?
De todas as formas eu iria estar lá com ela para ajudar a superar as saudades e para a integrar no colégio.
Logo entramos em casa e o silêncio perdominava...
Subi as escadas, agarrei a mala que a mãe me tinha deixado perto da porta do quarto e entrei para preparar tudo.
Enfiei todo o tipo de roupa até não poder mais... Num saco á parte coloquei o calçado.
Ainda preparei outro saco para os objetos pessoais onde pus os perfumes, cremes e afins.
O quarto da Francisca era em frente ao meu.
Como eu já tinha acabado decidi ver se ela precisava de ajuda.
Quando me aproximei da porta ouvi a falar.. Primeiro, pensei que estivesse a cantar mas, parecia que a Kiki estava a conversar com alguém.
Mas como?! Só estava eu e ela em casa! Bati á porta e entrei. Vi a minha irmã sentada junto a cama:
_Kiki? Está tudo bem? Com quem estavas a falar?
_ Com uma menina que estava a chorar... - disse baixando a cabeça.
Olhei á volta no quarto e não estava lá mais ninguém! Certamente era estupidez de infância com as histórias de amigos imaginários...
_ Francisca não está aqui menina nenhuma! Já arrumas te tudo para levar?
_ Sim já está tudo...
No canto do quarto estavam as malas...
_ Não te esqueces de nada? - perguntei
_ Não, penso que não... Tem a minha roupa, sapatinhos e o ursinho Tii está no saco vermelho. Não preciso de mais nada Leire...
_ Bom, ok então vou descer as malas... Despede te bem do teu quarto porque não vamos voltar tão cedo...
Saí do quarto da Kiki com as malas dela e desci-as para o salão...
Em seguida trouxe as minhas.
Ainda não tinha parado de pensar na amiga imaginária da Kiki... Porque ela disse que a menina estava a chorar?
Os amigos imaginários não andam felizes?
Subi novamente curiosa.
Mais uma vez ouvi vozes e muito barulho, encostei me na porta para tentar perceber o que se passava do outro lado e quando me encosto, tudo silenciou.
Bati á porta e quando abri tudo estava virado do avesso.
Os quadros estavam ao contrário, havia vidros no chão, os armários estavam abertos e os brinquedos espalhados.
No meio estava a Francisca debruçada sobre as pernas.
Não sabia o que pensar, o que se passava com a minha irmã? Teria ela feito isso ao quarto por vingança do "abandono" dos nossos pais?!
Estaria revoltada como eu?!
_ Não quero falar sobre isto Leire...- disse ela mesmo antes de eu perguntar algo.
Corri na sua direção e peguei a nos meus braços.
Estava pálida, gelada e tremia...
Queria acalma la, demonstrar que estava alí para ela e que me podia contar tudo.
Confesso que fiquei com medo... As conversas misteriosas e o que acabava de ver era absolutamente absurdo!
_ Sabes que estou aqui para ti!- disse eu tentando acalmar...
Agarrei a nos meus braços novamente e desci para preparar um almoço.
O tempo passou e a tia Evelyn apareceu...
No caminho para o Colégio a imagem do quarto não me saíra da cabeça mas como a Francisca já estava bem mais calma e a sorrir decidi esquecer por um momento e pensar na nova vida que iamos ter.