Capítulo 11 : Enclausuradas

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Estava na hora de sair dalí, ainda não sabia porquê, só sabia que era pela minha vida.

Era muito desconfortante saber que não podia contar com a minha família. Mentiram me e eu não sabia desde quando... Talvez me tivessem mentido toda a vida!

A Vera ainda estava inconsciente e tirá la dalí não iria ser fácil!

Depois de muitas horas a pensarmos na melhor forma de o fazer decidimos que seria durante a noite para levantar menos suspeitas.

O Ivan tinha muitos conhecimentos fora do Luna e, segundo ele, era relativamente fácil conseguir um carro.

E assim foi, esperamos a melhor hora para fugir... Embrulhamos a Vera num cobertor e mais ao menos ás três da manhã saímos pelas trazeiras, enfiamos tudo na carrinha preta que o Ivan trouxera e lá fomos nós.

Estava prestes a deixar tudo mais uma vez, mas desta eu ia deixar a minha Francisca naquele lugar.

A última vez que a vi foi na hora de jantar. Lá estava ela com a Paula na mesa habitual com o filho do professor de ciências e um miúdo super fofo que ainda não tinha tido oportunidade de conhecer. Muito delicada sentou se, olhou para mim com aqueles olhos azuis cristalinos e sorriu.

Não a podia levar comigo por muito que quisesse fazê-lo. Como já disse antes, não sabia onde ia nem porque tinha de ir... Não podia meter uma criança inocente nisto! Olhei a nos olhos e sorri também, custa dizer, mas esta foi a minha forma de despedida.

Já no caminho para " sem destino certo" o meu coração apertava se cada vez mais. Qual seria a reação da Kiki ao acordar sozinha alí, sem o meu apoio diário, sem ninguém? O meu pensamento centrava se na possibilidade de ela um dia me poder perdoar pelo que estava prestes a fazer.. Estava a abandonar a minha própria irmã!

O Marcos ainda não tinha parado de chorar pois a Paula também ficara no colégio.

_ Elas ficam bem!- disse a Carol- Acreditem! A Isabel adora essas duas piolhas, não deixará nada de mal passar por elas.

_ Para onde estamos a ir?- perguntei limpando as lágrimas e saindo do meu mundo melancólico.

_ Vamos sair deste país! Só assim ficamos a salvo... Não sabemos o que nos espera aqui. Mais vale prevenir e ir para bem longe. Quando a Vera acordar para nos explicar o que se está a passar, logo vemos o que fazer.Talvez possamos regressar. - explicou o Ivan enquanto conduzia.

Deixei a minha cabeça escorregar para o lado e fixei a estrada entre os dois bancos da frente.

_ Vamos em direção a Portugal?- perguntei

_ Sim, deve ser suficientemente longe por agora... Trouxeram passaportes?

_ Sim, fui eu que guardei todos os documentos- disse a Julia.

_ Vai correr tudo bem princesa!- disse o Ivan agarrado a mão dela.

_ Vamos safar nos desta pessoal, como temos feito até aqui!- exclamou a Carol- Não estás sozinha Leire!

Olhei para ela e não consegui conter me. Fez me relembrar que minutos antes, tinha deixado alguém sozinho..

Olhava pela pequena janela suja pelo pó... Uma grande trovoada se aproximava e cada gota que caía limpava o vidro deixando um rasto. Por uns bons minutos foi esse o meu passatempo, ver a chuva cair no vidro... Por mais estúpido que pareça essa "atividade" acalmou me.

Acabei por adormecer pouco depois.

Quando abri lentamente os olhos percebi que já era de dia. Depois da grande trovoada da noite anterior o sol veio em força! Estava tão forte que tive de forçar os olhos para conseguir enxergar alguma coisa. Levantei a cabeça e vi que a carrinha estava vazia! Onde estavam todos?

LeireOnde histórias criam vida. Descubra agora