Capítulo 9: Uma Partida Ou Um Até Já

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Foi um dia de aulas normal até aproximadamente as cinco da tarde. Entre a hora do lanche e o jantar ninguém sabia da Vera.

Quando o Ivan acabou as aulas-extra contamos lhe o que se passava e foi então que ele disse que, pela manhã, teria encontrado um recado da Vera na nossa porta destinado a mim.

Ele disse que talvez ela tivesse saído do colégio para tratar de algum assunto.

Foi então que ouvimos a Isabel gritar desesperadamente por ajuda.

Quase todo o colégio deixou os dormitórios para ver o que se passava. Era uma grande confusão, pareciam formigas!

Descemos o mais rápido possível as escadas e tentamos passar entre as pessoas.

Algo me dizia que a Vera não estava bem.

_ O que aconteceu? - perguntava eu, tentando perfurar a corrente de pessoas que enterrompia o acesso á antiga biblioteca, um lugar que pouca gente ou quase ninguém utilizava.

Quando finalmente consegui chegar me á frente, vi o pior cenário da minha vida.

Livros espalhados, sangue no chão, um corpo debaixo de um manto branco. O meu coração batia a mil e foi aí que um sentimento de culpa se apoderou de mim. Eu não sabia quem estava alí no chão, mas, não havia sinais da Vera desde á  umas horas atrás e era só juntar os factos.

A diretora Blanca chega e agarra se á senhora Isabel.

_ Quem está alí Isabel? Quem está alí, por favor diga me que não é ela! - disse a diretora quase a chorar.

Foi então que a Isabel, muito atormentada e a chorar disse:

_ Filha, tem força!

Apertou uma última vez a diretora Blanca nos seus braços e foi então que tudo caiu.

A diretora já lavada em lágrimas, chegou se perto do corpo e levantou a parte lateral  do manto vendo assim a mão da filha com as pulseiras que ela usava habitualmente.

Foi uma tortura ver esse sofrimento de mãe. Os gritos da senhora  percorriam todo o colégio. A cada vez que ela gritava "Vera" o meu coração apertava se e a culpa que eu sentia aumentava. Ela estava num estado lastimável e tiveram de tira la dalí.

Era a Vera, a sua filha, aquela que na noite anterior tinha arriscado em contar me parte dos esquemas do seu avô e da sua sociedade, aquela que o meu pai tinha ameaçado de morte. Teria ele coragem para lhe fazer uma coisa daquela dimensão? Coragem para matar?!

Ouvimos boatos que seria um suicídio.

Subimos de seguida com o objetivo de encontrar o recado da Vera e comprovar que não seria um bilhete de despedida mas talvez um pedido de ajuda agora atrasado. A idéia de que ela teria sido ameaçada ou perseguida antes de morrer não me saía da cabeça. Mas talvez ela se tivesse mesmo suicidado..

Eu não sabia o que pensar, o que dizer. Quais seriam os motivos que levariam a Vera a acabar com a vida?

_ O papel está na primeira gaveta do armário. Vou levar a Julia apanhar ar- disse o Ivan limpando as lágrimas da Julia e abraçando a- vão indo que nós voltamos rapidamente.

_ Eu vou com eles- disse também a Carol.

Dentre eles os quatro, a Carol e a Julia eram as que estavam mais afetadas. Conheciam a Vera desde pequenas e mesmo se nesses últimos tempos a amizade entre elas não estivesse a 100%, elas gostavam imenso da Vera.

Já no quarto, o medo de ler o papel era muito. Aquelas eram as últimas palavras da Vera para mim e custava me imenso pensar que ela se tinha matado por causa disto tudo.

_ Isto custa me- confessei com o papel nas mãos. Eu estava a tremer imenso, quase não conseguia manter o papel nas mãos.

_ Podemos o ler juntos. Estou aqui contigo Leire!- exclamou o Marcos.

Sentei me ao lado dele e abri, ele colocou as suas mãos em volta das minhas com o objetivo de mantêlas firmes e foi então que comecei a ler :

"Estou a ser perseguida pelos testes e fui estudar. Se eu não estiver aqui a horas para a aula de artes, procurem  a minha caixa de pintura no meu armário. Leire, aí está o teu pincel e podes finalmente acabar aquele quadro retratando o teu passado em família que me tinhas falado. Julia, Carol, Marcos e Ivan SU!

Vera Novoa"

Quando li não percebemos absolutamente nada, mas, depois tudo ganhou lógica.

_ Mas a Vera não tinha artes!- exclamou o Marcos- ela tinha biologia!

_ E eu não estou a pintar retrato nenhum! O que quer dizer SU?-perguntei

_ Uma espécie de lema que diziam entre amigos aqui no colégio.. Sempre Unidos.

_ Espera, ela começa por dizer que está a ser perseguida.. Talvez ela estivesse mesmo a ser perseguida!- exclamei

_ Talvez.. Por isso escreveu desta forma, para nos contar ou esplicar algo.

_ E, escreveu assim talvez para que, se por acaso os perseguidores encontracem o recado não o percebecem- murmurei

_ Sim! Oh meu Deus! Pobre Vera. - disse o Marcos

Continuei a percorrer palavra por palavra.. "Procurem a minha caixa de pintura no meu armário.."

_ Ela deve querer que procuremos alguma coisa no armário, talvez algo para ti porque de seguida ela fala para a Leire acabar o retrato de família- murmurou ele.

_ Então temos de procurar rápido. Se acham que foi suicídio vão vir procurar uma carta de despedida ou algo do gênero... Certamente a Vera deixou algo para nós e não para outros..- disse eu.

Abrimos o armário, estava tudo muito bem arrumado.

A Vera era muito organizada então já era de esperar ela ter as roupas arrumadas por cor e dobradas na perfeição.

Á primeira vista não vimos nada, tiramos tudo cuidadosamente para depois voltar a colocar do mesmo modo e nada, não encontramos nada.

Logo depois, o Ivan, a Julia e a Carol chegaram.

Mostramos o papel e explicamos as nossas "teorias".

Foi então que o Ivan agarrou numa grande tesoura que estava numa das nossas mesas, reabriu o armário e começou a tentar levantar a parte inferior.

Quando finalmente conseguiu tirar aquilo,  chegamos nos todos para ver.

O Ivan chegou se para traz deixando cair a tesoura no chão.

E eu, não conseguia  acreditar no que via!

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