Capítulo 12: E agora?

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Primeiro, a idéia da Vera era muito estranha! Segundo, como ela sabia o que eu estava a calçar se mal abria os olhos? E terceiro! Como ia eu passar por uma janela tão pequena?

Cruzei a perna, desapertei a bota e descalcei me.

Lembro me que nesse momento eu me concentrei ao máximo no vidro...

Levantei o braço, com a parte de traz da bota virada para a frente, investi toda a força possível e bati no vidro. Não partiu.. Voltei a fazer o mesmo e bati com mais força ainda! Repeti a ação umas cinco vezes e NADA!

_ Que RAIVA! -gritei desesperada

_ Leire concentra te por favor.. Tu consegues dar mais de ti! Eu sei que tu consegues! Vai..

Baixei a cabeça e comecei a chorar, eu sabia que não conseguia, eu sabia que não era forte o suficiente!

_ Não consigo! -exclamei

_Eu tenho a certeza que tu consegues!- exclamou a Vera mais uma vez- não desistas por favor, parte essa porcaria!

Não conseguia, já nem valia a pena tentar... Foi nesse momento que baixei os braços e olhei para a Vera com o objetivo de lhe dizer que já não havia nada a fazer...

Ela abriu bem os olhos, olhou para mim e disse:

_ O vidro é o alvo! Tenta só mais uma vez! Leire concentra te!- acalmou se um pouco e insistiu mais uma vez- O vidro é o alvo!-gritou ela

_ Não consigo! -respondi mesmo sem tentar novamente partir.

_ O VIDRO É O ALVO!- exclamou apertando a minha mão esquerda q estava livre.

Aquelas palavras entraram na minha cabeça e aumentaram a minha esperança de 8 a 80.

Olhei de novo para lá "O vidro é o alvo Leire.. O alvo!".

Essas palavras entoavam cada vez mais alto cá dentro, tão alto e tão forte que fiquei com os nervos á flor da pele.

Não havia explicação para a raiva que me assistia naquele momento!

O que se estava a passar comigo? Até conseguia ouvir o meu coração bater como nunca tinha ouvisto.

Fiquei muito vermelha, com muito calor, como se eu fosse um vulcão prestes a entrar em erupção.

Não me conseguia controlar,  o cérebro não me obedecia, como se não fizesse mais parte do meu corpo! Simplesmente deixei me ir...

Levantei o braço, inclinei para traz e num movimento brusco descarreguei as minhas emoções! O vidro estalou e acabou por se despedaçar numa fração de segundos! Senti um alívio enorme! Olhei para a Vera e abracei a tão forte!

_Consegui! -disse eu- Vera! Consegui!

O seu sorriso disse tudo, foi o melhor agradecimento que me podia dar.

Ainda estava debilitada, penso que o efeito da anestesia ainda estava a passar...

_ Sentes te pronta para sair? -dei lhe a mão

_ Sim, sim! Sim! Vamos sair daqui!

_ Mas Vera tu ainda estás fraca, mal te mexes!

_ Vamos sair daqui! Não é seguro...

Tentei tirar todos os pedacinhos de vidro da parte inferior da janela, passei primeiro as pernas e deixei me deslizar até ao chão.

Com muita dificuldade,  tirei a Vera e foi um alívio sentir me livre!

Depois de me acalmar, de respirar ar puro, olhei em volta... Não fazia a mínima idéia onde estava mas tinha a sensação de já ter estado alí...

A carrinha estava parada mesmo a meio de uma estrada da qual eu não conseguia ver o fim.. Do lado direito floresta e do lado esquerdo floresta!

As árvores eram bem altas e davam um ar sombrio á avenida, o sol passava escassamente por entre a folhagem e a neblina dominava no horizonte...

_ E agora ?

_ Não temos muita escolha, seguimos na estrada...- murmurou a Vera

E claro, foi isso que fizemos. Por mais de uma hora andamos pela estrada, o cenário era sempre o mesmo e não havia casas, nem cafés e não passavam carros para podermos pedir ajuda! Estávamos sozinhas na porcaria de uma floresta deserta...

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