Capitulo II -

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Lance

Quando Lance abriu os olhos, o primeiro pensamento que surgiu em sua mente foi sobre o quanto sua cama espacial era desconfortável.

          Suas pernas estavam doloridas e as extremidades de seus joelhos ardiam intensamente (tinha ele adormecido com sua armadura?), sem contar com o zumbido permanente em seus ouvidos, quase como se uma mosca estivesse sobrevoando-o de perto – Lance tirou um segundo para perguntar-se se sequer existiam moscas no espaço. Ele podia sentir uma luz forte e insistente batendo contra seus olhos, e imaginou que, não pela primeira vez, Allura deveria estar acendendo todas as luzes dos quartos no intuito de os fazerem levantar da cama.

       Eu realmente deveria levantar, pensou Lance com sonolência. Eles poderiam estar sendo atacados por Galras assassinos, que poderiam captura-los e mata-los a qualquer segundo. Mas o sono, sua consciência argumentou, e Lance sentia-se tão dolorido e pesado, como se tivesse duzentos quilos extras amarrados em seu corpo, que resolveu presentear-se com mais alguns minutos de sono perdido. Não é como se mais cinco minutos fossem matar alguém, pensou ele ao mentalmente dar de ombros, mesmo sabendo que, como um paladino, cinco minutos poderiam realmente matar alguém.

         Lance não se importou, no entanto. Fez menção de virar a cabeça para o lado para talvez conseguir uma posição mais confortável... apenas para ser agraciado com um ecoante "BAM!" quando sua cabeça colidiu contra um metal duro que definitivamente não deveria estar na sua cama.

          Os olhos de Lance voaram abertos, instantaneamente desperto. Sua cabeça chicoteou para cima, e ele não pôde segurar o grunhido com o súbito desequilíbrio que isso trouxe. Piscou repetidamente até que sua visão pudesse adaptar-se a nova luz, e, quando esta finalmente o fez, Lance teve que resistir a um engasgo de susto. O cenário que o encontrou não era seu quarto, de jeito nenhum.

           Os acontecimentos da batalha voltaram em uma enxurrada para sua mente, e Lance teve que resistir ao impulso de choramingar de desespero ao pensar naquilo. Os Galra... O que exatamente eles tinham feito? Para onde haviam mandado Lance? Onde estavam os outros? Dios, por favor, que nada tenha acontecido com o resto de seu time. E se eles estivessem feridos? Desacordados? Mortos?

            – Muito bem, Lance. Mantenha a calma - murmurou ele para si mesmo, lutando contra a hiperventilação. Tentou concentrar-se em alguma outra coisa, focando-se em tomar seus arredores.

            Ele estava em Blue, aparentemente, mas não lembrava-se de jamais ter visto seu Leão daquele jeito. Todos os suprimentos e equipamentos extras mantidos em segurança nas laterais da nave estavam espalhados pelo chão, quase todos sem aparente salvação. Lance viu de relance seu capacete atirado no canto de Blue, o visor completamente estraçalhado, enquanto a lateral estava irreparavelmente amassada – ele resistiu um estremecimento culpado ao pensar em quanto trabalho Pidge e Hunk tiveram para atualizar aquele capacete, somente para Lance arruina-lo. O teto de Blue também estava amassado, formando uma cratera funda no metal, quase como se um gigante tivesse metido um soco certeiro ali. A janela estava trincada em varias partes, mas, para o enorme alívio de Lance, não havia se partido, ou pelo menos não totalmente. Vidro e pedaços soltos de metais estavam espalhados desordenadamente pelo chão, desprendidos de seus devidos lugares. Tudo parecia amassado, arranhado ou esmagado, e Lance sabia que ele (que mal passara na obrigatória prova de mecânica básica que a Garrison exigia) não conseguiria concertar aquilo de forma alguma.

             Entretanto, não importava quão ruim estava o resto do Leão, o painel de controle era definitivamente a pior parte. Lance não pôde evitar uma careta ao ver o estado destroçado dos controles de navegação, do volante, e — Lance reprimiu um gemido de desespero — o sistema de comunicação. Seja lá onde estivesse, ele estava preso.

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