- Podemos ir ver os esboços? Por favor? Por favor? Por favor?
Suspirei e esfreguei o rosto, o olhando com a melhor expressão de tédio que encontrei em mim.
- Eu falei que não todas as trinta vezes que você perguntou isso. Por que eu iria falar que sim agora?
- Exaustão cerebral. – Ele disse sorrindo e eu franzi o cenho. O loiro riu. – Por favor!
- Que droga eu não vou ceder, me deixa trabalhar!
- Mas eu quero ver os esboços, você prometeu!
Grunhi de desespero e deitei a cabeça na mesa com os braços em volta da mesma, me controlando para não expulsar ele do escritório.
- Por favor? – Ouvi um sussurro junto a minha orelha e ergui a cabeça, quase embatendo contra a cara de Niall que se afastou e riu. – Deixa?
- Tá, você ganhou.
Niall pulou da sua cadeira esticando os braços em direção ao teto e guinchou de felicidade. Um sorriso apareceu em meu rosto enquanto o olhava e ele finalmente notou que estava sendo observado e suas bochechas coraram.
- E aí, vamos ou não? – Ele cruzou os braços voltando a sua postura anterior.
Rolei os olhos e assenti, me levantei e saí do escritório seguido pelo loiro que conseguia ouvir que ainda guinchava baixinho de excitação. Ri e neguei.
Andamos por um corredor extenso e Niall observava atentamente tudo em seu redor como se quisesse guardar cada detalhe em sua mente. Olhei-o pelo canto do olho e sorri, logo desviando o olhar antes que ele se apercebesse disso. Abri uma porta e dei espaço para que ele entrasse na frente.
- É aqui? – Ele entrou e eu fiz o mesmo, fechando a porta atrás de mim.
- Não, aqui é a minha sala de estupro. – Disse sério começando a tirar o casaco e Niall arregalou os olhos como se seu coração quase parasse de bater. Gargalhei e vesti o casaco novamente. – Como você é trouxa. – Suspirei e me dirigi a uma estante.
- Você vive me zoando! – Ele cruzou os braços e eu ri novamente.
- Você realmente achou que eu ia te estuprar? A você? Eu hein.
Ele estreitou os olhos e deu um tapa em minha nuca, me levando a segurar seus pulsos e encostar o loiro na parede, me mantendo distante. Sua respiração ficou mais ruidosa e ele engoliu em seco.
- Vai querer ver os esboços ou continuar brigando?
Niall estreitou os olhos e se soltou de mim, me empurrando com força e sacudiu suas roupas.
- Besta.
Rolei os olhos e peguei uma pasta com muitos esboços que mal cabiam lá. Estiquei a pasta na sua direção e o loiro de imediato se apressou a pegá-la. Recuei a minha mão, o levando a me olhar.
- Qual é? Vai ficar de frescura é, Sr. Styles?
- Primeiro quero que prometa que vai me ajudar a arrumar eletricista.
- Aff tá! – Ele tentou pegar a pasta de novo.
- Prometa. Eu sei que você é piranha.
Ele se fingiu de ofendido, pousando a mão no peito mas acabou rindo e dando de ombros, concordando comigo.
- Sou né. – Ele ri todo fofinho. – Prometo.
Suspirei e lhe entreguei a pasta finalmente, me sentando em cima da mesa ali presente. Niall sorriu largo e se sentou no chão, pousou a pasta na alcatifa e tirou os esboços com o cuidado de quem pega em pétalas de rosa.
- São tão lindos... - Ele diz baixo e me olha com um sorriso de criança.
- Valeu. – Ri e pulei para o chão de novo, me sentando no chão do seu lado com as pernas cruzadas olhando os esboços espalhados pelo chão.
- Você fez todos esses?
- É... - Sorri pegando eu mesmo em alguns esboços.
Niall ficou em silêncio e eu achava incrível e adorável como ele tinha esse fascínio tão grande por moda. Era bom ver que a gente tinha algo em comum e que ligava a gente, visto que tinha tanto nos afastando.
- Você ainda se lembra bem dela? Da Ashley.
Niall levanta o olhar até mim e sorri fraco, assentindo.
- Claro, foi a pessoa que eu mais amei, eu acho...
- Como assim você acha? – Franzi o cenho e Niall deu de ombros e continuou a apreciar os esboços.
- Quem sabe o que é suposto se sentir quando se ama alguém? – Niall deu de ombros novamente como se respondesse à sua própria pergunta e eu cocei a nuca e fiquei calado também.
Passados alguns segundos senti que ele me olhava e o olhei também.
- Então, não vai me responder? – Perguntou o loiro.
- Eu? Porquê eu?
- Bom, você vai se casar. Não deveria saber a resposta?
Fiquei calado por algum tempo apenas o observando e pensando nas suas palavras e Niall sorriu fraco e desviou o olhar de novo.
- É quando você só está completo com ele. – Eu disse do nada e Niall me olhou. – Quando qualquer outro não poderia te fazer feliz. Você o ama quando pede desculpa, até quando custa... Quando se preocupa e se interessa por cada coisinha que faz parte do dia dele, por cada pensamento que passa em sua mente... Mas sempre o respeitando, a ele e suas escolhas, sua individualidade e liberdade.
Niall fica me olhando em silêncio e eu acabo desviando o olhar e me levantando, com Zayn em meus pensamentos.
- Você deveria ir se já terminou.
- Claro, você tem razão. – Ele arruma os esboços de novo dentro da pasta, se levanta e a pousa na mesa.
Enfio as mãos nos bolsos e fico o observando enquanto ele arruma tudo. Niall me olha ao terminar e sai da sala, deixando a porta aberta atrás de si. Suspiro e esfrego o rosto apenas, arrumo a pasta no lugar devido e saio também.
- Sr. Styles, tem a certeza de que é seguro trazer estranhos para a sala de esboços? – Ms. Connery pergunta logo que me encontra a sair da sala.
- Não é um estranho, e além disso foi uma promessa que eu fiz.
Ela franze o cenho mas assente apenas, devagar.
- O senhor está bem?
- Estou ótimo. Mas estarei melhor quando resolver os problemas do desfile. Então, já conseguiu marcar uma reunião com a empresa de organização?
- Eu- não mas-
- Você entende a gravidade dessa situação, Ms. Connery?
- Sim, Sr. Styles mas eu não-
- Não tem mas. Esse desfile precisa se realizar e precisa ser na data que eu estipulei. Entendido?
- Sim, Sr. Styles...
- Marca essa reunião ainda hoje. – Digo bem sério e ela aperta as folhas que carregava contra o peito e assente.
- Sim, Sr. Styles. – Ela baixa o olhar e sai logo, andando rápido.
Suspiro e volto a percorrer o corredor para regressar ao meu escritório, reparando que algumas pessoas me olhavam surpresas pela forma como falei com Ms. Connery. A verdade é que já tem problemas suficientes na minha vida nesse momento e funcionário incompetentes não será outro. Não agora.