Tanto faz não me satisfaz

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Pov Katherine

Quando desci do carro, e atravessei a alameda vazia na qual o GPS, um tanto confuso, apontara ser meu destino final, tive apenas duas certezas: de que eu estava no lugar certo, pois li o nome tendencioso na fachada luminosa em vermelho neon extravagante e que, Dominique deveria estar em qualquer outro lugar que não fosse ali.

Se a sorte estivesse do meu lado, talvez eu não fosse assaltada, e se eu tivesse um pouco menos de sorte, talvez ela já tivesse ido embora.

Como sorte era algo que me cercava em doses descomunais nos últimos dias, eu não fui assaltada, e consegui localizar Dom e Mel, próximas ao balcão, na primeira passada de olhos que dei pelo público seleto do lugar.

Dom tinha os cabelos longos soltos e vez ou outra, separava uma mecha que enrolava com o dedo indicador e girava até chegar a extremidade, para então abandonar. Aquela era uma mania que eu já conhecia, como tantas outras dela. Ela sempre fazia aquilo quando estava preocupada com alguma coisa.

Confesso que naquele momento tive receios de uma aproximação, as coisas entre nós, não estavam fluindo com normalidade nos últimos dias e naqueles minutos em que observei de longe a conversa animada dela com Melanie, fui invadida por aquele encanto que tive na primeira vez que a vi.

Era como saltar em queda livre, sem aquele anseio de aterrisar.

Se não fosse por Melanie, talvez eu tivesse ido embora, porque aqueles sentimentos eram intensos demais e me assustavam, nunca tinha sido daquela forma antes com ninguém, nem com Ray.

Eu planejei ir embora, mas quando acordei do transe, já estava com as mãos em volta da cintura fina de Dom, e impedindo que ela se espatifasse no chão, junto com o resto de sua dignidade.

Dominique bebendo, nervos à flor da pele e eu com minha análise falha do que estava fazendo ali, não era a melhor combinação para aquela noite, mas Melanie e sua total falta de bom senso talvez amenizassem aquele combo.

Sim, ela merecia o crédito por pelo menos tentar e tentou, mas falhou miseravelmente.

Apesar de ser uma fã de carteirinha de comédia e preferir o gênero a qualquer outro para discorrer monólogos nas horas vagas, não era como se meu humor e minha realidade já tivesse se acostumado naquele ponto de tanto faz, em que tanto fazia se as piadinhas de Melanie ou de qualquer um me afetavam ou, não.

Eu não gostava e tentava ao máximo abstrair, mas nos últimos dias, meu escudo não estava mais refletindo, ele só absorvia

Nada no tom, nas brincadeiras, ou nas insinuações me agradava e mais que isso, eu não conseguia acreditar na inocência de nada, porque para mim, aquelas brincadeiras tinham extrapolado o limite.

Elas tinham sido racionalizadas antes de serem satirizadas e aquele processo, talvez devesse ser levado em conta.

Se não por quem as fazia, talvez por mim.

Eu não conseguia ignorar Dominique e as palavras dela, ou o quanto aquilo parecia racional?

Ela se sentia excitada quando nos beijvámos e se não fosse só aquilo.

E se, ela sentisse algo mais?

O meu filtro nos últimos dias estava afetado e eu não estava separando mais algumas coisas.

E se ela também não estivesse?

Dom seria meu filtro, e por aquele motivo precisávamos ter aquela conversa, e por aquele mesmo motivo eu tinha sido direta em minha pergunta e por aquele mesmo motivo, precisava que ela fosse sincera.

I Love HerOnde histórias criam vida. Descubra agora