Daquilo que julgamos o suficiente

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POV Katherine

Beijar Dominique, definitivamente, tinha sido a atitude mais impulsiva que eu tinha tomado nos últimos dias, mas ela não ficava muito atrás de outras atitudes, também impulsivas, daqueles mesmos dias.

Atitudes bem reprováveis, por sinal.

Atitudes como, atravessar Toronto às dez da noite, em menos de vinte minutos, para ir a um lugar chamado Long Way to Hell sem a certeza de que iria vê-la. Vinte minutos era um bom tempo e era isso o que alguns meses de motorista de Uber e um bom GPS, fazia com as pessoas.

Atitudes como, não ter dito ao meu marido o porquê da minha pressa, ou para onde ia, quando peguei as chaves do carro, dei as costas para ele, e deixei a porta bater sem olhar para trás uma última vez.

Isso tudo, menos de hora depois de termos chegado em casa, da nossa viagem à Califórnia, e era isso o que um dia cheio de visitas a apartamentos em Los Angeles, com corretores felizes demais, também fazia com as pessoas.

Quando eu e Ray havíamos conversado sobre aquela aquisição do apartamento, por causa dos projetos dele e nossas idas constantes a Califórnia,  aquele momento parecera bem mais promissor na minha cabeça, mas não era como se eu não soubesse o real motivo do meu desânimo com tudo aquilo.  

Por sugestão de Ray, tínhamos aproveitado a viagem a San Diego para agendar as visitas aos apartamentos, e aquilo acabou sendo um verdadeiro desastre, porque minha vibe pós Comic Con prendera totalmente minha atenção em Dominique, e para ajudar no combo, horas depois vieram as mensagens dela.

Mensagens recebidas

Dom <3

11h21min p.m. Hey, baby.

11h23min p.m. Me desculpe por aquilo,

11h33min p.m. Me desculpe de verdade,

11h33min p.m. Do fundo do meu  coração(zinho).

11h34min p.m. Não quero te causar problemas.

11h34min p.m. Espero que estejamos bem.

11h36min p.m. Durma com os anjos.

11h36min p.m.  xoxo

Reli as mensagens infinitas vezes, e não consegui responde-las, porque eu sabia que precisava olhar nos olhos dela para poder responder se estávamos realmente bem.

No outro dia, disse a Ray que queria ir para casa. Ele não fez questão alguma de esconder o quanto ficou chateado por minha decisão repentina, afinal tínhamos planos, mas mesmo ele não gostando, não contestou minha decisão e cancelou tudo.

Nosso retorno para casa foi permeado pelo silencioso extremo. Confesso que não foi nenhum esforço ficar calada, porque eu sabia que quando as coisas ficavam daquele jeito, a melhor coisa a se fazer era esperar o humor dele voltar. Ainda que gradativamente. Ainda que demorassem dias. 

A verdade era que Ray não dava o primeiro passo, para desculpas ou para situações em geral, a única vez que ele tentara, havia sido para  demonstrar simpatia por Dom, mesmo eu sabendo que para ele, era eu no céu, e Dominique no inferno

Depois de tentar e não conseguir, ele culpou a falta de maturidade de Dominique, e disse que ela atrapalhava sua aproximação, que ela não tentava ser gentil, e não facilitava uma amizade entre eles. Por um bom tempo achei que talvez, Ray não tivesse tentado o bastante. Depois achei que talvez fosse pela diferença de gerações, signos ou visão política, mas ao fim  descobri que ela realmente implicava com ele, aparentemente, sem motivo algum.

I Love HerOnde histórias criam vida. Descubra agora