Um passo de cada vez

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POV Katherine


— As coisas não são tão fáceis como o álcool faz parecer, Dom — respondi, sem juntar forças o bastante para interromper o toque dela em minhas mãos.

— É exatamente por isso que bebo, Katherine — afirmou Dominique, curvando os lábios em um sorriso frouxo. Ela afagou minha mão em meio as dela, levando-a até sua face. — Você poderia tentar também, ajuda bastante.

O leve roçar da ponta dos meus dedos, nas bochechas dela que coraram, fez com que aquela vontade de tomar os lábios dela, me invadisse de novo. Por alguns segundos me perdi olhando a boca dela, e retribui ao sorriso que ela dava, sem me dar conta.

Ela era tão linda. Tão frágil.

— Vou te levar embora, você não deveria ter vindo a esse lugar. — lembrei, me afastando e dando alguns passos para o lado, ganhando uma distância segura.

De passo em passo, caminhei em direção ao carro que estava estacionado próximo a esquina.

Eram poucos metros, mas ainda assim, supliquei para que a distância, do trajeto e de Dom, fosse o bastante para que aquele desejo se esvaísse.

A quem eu estava tentando enganar?

Não sei.

Ainda que fossem quilômetros, eu sabia que não seriam suficientes, e que estaria pedindo demais.

Mas, a súplica silenciosa da minha razão foi primordial para que ela prevalecesse e me lembrasse que, beijar Dominique, ali, de novo, não ajudaria. Nem a mim, nem a ela. Tampouco ajudaria naquela conversa quase civilizada que tentávamos estabelecer.

— Eu também acho que eu não deveria ter vindo, ou bebido. — concordou Dom, dando de ombros e me acompanhando em alguns passos tímidos, logo atrás. — Mas sabe, assim fica bem mais fácil aceitar as coisas como são, e as vezes, só as vezes, eu consigo esquecer que Katherine Barrell escolheu não me amar — afirmou dramática. Ela mantinha o olhar fixo em algum ponto desconhecido, bem longe, no outro lado da avenida.

Era visível que ela não se dera conta, de que as palavras tinham sido pronunciadas para a única pessoa que não deveriam escutá-las, eu.

Ainda assim, a firmeza que a voz dela manteve, ao pronunciar cada uma das palavras, me fez hesitar, e esperar que ela me alcançasse,

Katherine Barrell escolheu não me amar.

Aquilo não parecia nem de longe a verdade, analisei, repetindo tudo mentalmente.

E o pior, daquilo, era que pelas feições de Dom, ela parecia acreditar mesmo no que dizia.

E não sei se foi pelo tom de voz, ou pelas palavras na ordem como foram ditas, mas a forma como tudo me atingiu, fez com que eu me sentisse péssima.

Como Dominique poderia acreditar que eu não a amava? Como?

Não tinha como não amar aquele pequeno ser.

— Hey, Dom — sussurrei, chamando-a. Ela não desviou a atenção do que olhava ao longe.

— Parece que eu disse mesmo, tudo isso em voz alta. — disse ela, sorrindo envergonhada e igualmente entorpecida em seu próprio mundo.

— Fico feliz por ter dito. — agradeci, pondo-me a frente dela e ocupando seu campo de visão.

Elevando minhas mãos, levei os dedos aos longos fios castanhos que encobriam em partes o rosto dela, afastando-os dos olhos. Toquei-a na face, e segurei com a ponta dos dedos o queixo fino. Nosso olhar prontamente fixou-se, e a surpresa que me invadiu por ela não relutar, não se comparou a tristeza que havia naquele rosto angelical.

I Love HerOnde histórias criam vida. Descubra agora