Doce solidão

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Tem dias que não podemos discutir com a vulnerabilidade da existência humana, simplesmente somos sentenciados a coexistir com situações externas que jamais desejamos. Há na solidão uma audácia não dita, a propriedade de se sentir confiante em meio a multidão que não te escuta ou no silêncio do dia que insiste em não apresentar ninguém para uma conversa e mesmo assim você não deseja que apareça.
É no encontro consigo mesmo que podemos criar o hábito de nos suportar, a resistência de manter nosso caráter as escondidas, construir novas pontes em vales que ainda não surgiram. Não se engane, pode parecer um ótimo auxílio para quem costuma se isolar e acaba tendo tendências suicidas. A mente é um recanto para pensamentos depressivos, e deve ser domesticada para não aceitá-los com tanta facilidade. Ainda que vá acontecer várias outras vezes, algumas poucas te farão enxergar o mundo de uma maneira um pouco mais além.
A solidão é devastadora, acostumar-se com ela é desafiador. Coloquei na minha cabeça que deveria morrer tentando, pois existe aquele vulto apavorante de que quando a vida se esvair de mim não vai haver ali comigo mais ninguém.
Agarro-me a presença da divindade, mas antes de chamá-la já me auto-preservei de muitas coisas, principalmente da de considerar que estou só, afinal sempre estarei comigo mesmo. É maravilhoso se perder em pensamentos tentando dissolver enigmas da vida, mas pode ser uma válvula de escape para perturbação e angústia da solidão. Aguente quem puder, quem não puder é melhor se segurar nas mãos das pessoas queridas e torcer para quando fechar os olhos pela última vez elas estarem lá para te dizer adeus.
Wilson P. Lobo

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