Vó Marina

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Eu nunca parei para pensar  quanto eu sentia falta das pessoas que amo, até porque não gosto de fazer ninguém sentir desejo de estar comigo sem poder. Hoje pensei nela, na minha rainha das rainhas, a que até as chatices eram toleráveis. Vó, querida palavra e boa de se dizer.
Se eu pensar nesse meu costume de tomar café a tarde, no cuscuz aos domingos, em querer a família toda reunida, em sempre andar pela calçada e ainda querer ter alguém para visitar aos sábados e domingos, sempre terei ela em meus pensamentos.
Uma das maiores proezas do amor é internalizar a pessoa que ama de uma tal forma que ela se torna presente mesmo ausente. Ela representa o meu lado romântico, das flores e bênçãos, de palavras no diminutivo e de um jeito falado tão mimoso que soa açucarado demais.
Certa vez ela me deu um dos maiores incentivos para continuar estudando, algo que ninguém jamais diria e que mudou minha forma de ver a vida, ela me pediu para aprender para poder ensiná-la. E quem diria, agora ensino tantos que assim como ela não sabem e precisam de alguém com paciência e amor.
Talvez tenha sido a primeira a notar que às vezes eu não quero falar, mas nem por isso significa que não estou ouvindo, ao contrário, é o momento em que eu mais ouço e presto atenção. Ela é a pessoa que mais entende que eu sou assim, e tudo bem, com tanto que esteja feliz. Porque para ela a felicidade é coisa séria, por tudo que ela passou, ela sabe. Eu a amo porque ela já faz parte de mim.
Wilson P. Lobo

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