Até o último dia Vivi

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Talvez é uma palavra muito boa para começar o que tenho a dizer. Talvez eu nunca entenda quando tudo começou, me refiro a tempestade, foi em um dia não agendado.
Recordo-me que sempre fui chegado a meios de comunicação, a saber, na época eram as TVs e celulares de teclas. Era um verdadeiro viciado em desenhos animados e joguinhos. Consumia qualquer coisa que fosse novidade. Naquele tempo haviam cybers e lan houses, fora as casas de jogos e fliperama – tudo isso morreu anos depois – que frequentava com meus colegas da escola. Dentro dessa realidade também me envolvi com os que gostavam de campinhos de futebol e invadir propriedades públicas e eventos para comunidades, não que tenhamos feito algo ilegal, mas as portas costumavam se abrir para crianças, até cafezinho ganhamos.
Sinceramente não consigo fazer um flash back sem engatar em vultos longínquos demais para alcançar com uma memória cansada. Então prossigamos ao objetivo.
De repente já não era mais essa criança aventureira. Dediquei-me a assistir séries e filmes americanos – anos depois já nem sabia de que pais eram –, a ler livros variados, a escrever histórias fantásticas e a viver cada vez mais recluso. Dessa rotina de odiar as pessoas e passar bastante tempo com minha ilustre presença, para a próxima fase foi bastante fácil.
Já não era tão recluso no final do ensino médio. Andava de cabelo pintado em tons fortes – vermelho –, grandes fones de ouvido, roupas estranhas e ambicionava acessórios. O ter e parecer eram importantes nessa época, conheci muita gente que claramente eram momentâneas. Parecia que nunca tinha um grupo só, que vivia de grupo em grupo, mas na maior parte do tempo sendo perseguido pelos nerds. Considero esse tempo como síndrome do pavão, era acompanhada com crises fortes de solidão. Odiei cada segundo.
Quando entrei na juventude fui precedido por um espírito de desânimo e dúvida insuportáveis que talvez (ótima palavra aliás) tenha sido a razão para muitas confusões mentais.
Faculdade não enriquece pessoas, mas sabendo usar pode amadurecer. O que um menino viciado em séries, leitura, filmes e escrita poderia conseguir? Tudo! Tive colegas sensacionais que me ensinaram a dar valor a idade e as escolhas e que nunca é tarde. Foram muitos conflitos é claro, e fui aprendendo a lidar com eles.
Por fim, cá estou. Após um período de descoberta e de muito trabalho – trabalho foi outra coisa que me abriu os olhos –. Já não sou mais o mesmo, e cada coisa moldou algo importante na minha história. E em junho tem mais um desafio pela frente.
O que importa é que até o último dia, que é todos os dias, Vivi. Fui eu mesmo.
Wilson Lobo

ReflexõesOnde histórias criam vida. Descubra agora