Não é tão difícil entender quando alguém não está bem. Há sempre aquele olhar cansado ou furtivo, algo que te diz "fique longe de mim" ou então "me abraça". Viver onde ninguém é capaz de ver essas minimas reações é complicado, mas o mundo está se tornando cada vez mais antipático. A empatia daqui uns anos vai ser raridade de pessoas excluídas da massa popular que se dirá "proativa e resiliente".
Não é uma questão de superar a situação, as vezes é uma questão de não estar bem e ter que não estar, porque faz parte da natureza humana tentar se consertar quando as coisas vão mal. As escapatórias furtivas que alguns dão para esconder o que sentem um dia serão cobradas em algo que chamo de efeito rebote.
Todo sentimento tem um preço, escondê-los, ignorá-los ou desprezá-los é um prato cheio para rebotes. Podendo acontecer das mais variadas formas possíveis, sejam elas ruins ou boas. Ninguém vai querer estar perto quando a panela pressão explodir.
A melhor coisa, as vezes, que podemos fazer é nos acalmar sozinhos e então conversar com alguém sobre o assunto, ouvir demais "o que foi? O que está acontecendo?" pode ser uma bela válvula de escape da explosão que já acontecia dentro de nós.
Então, para evitar indigestão, as vezes temos que lidar com nosso próprio mal humor, claro, isso quando alguém próximo não é o responsável. Aí a questão se complica, porque a obrigação de ver essa pessoa todos os dias força o rompimento do estar só e lidar consigo mesmo.
Contudo, isso pode ser uma oportunidade para ver o quão somos capazes de contornar explosões sem descarregar em ninguém mesmo na pessoa que é a causa. Claro, não é tarefa fácil, mas não custa manter o equilíbrio por uns segundos ao invés de aproveitar cada milésimo para descarregar.
Sempre penso que Deus é maravilhoso nessas horas, porque ao invés de nos culpar ele nos abraça e espera a tempestade se acalmar, então vem com bálsamo e cura o que algumas vezes nós mesmos ferimos.
Wilson P. Lobo
