Capítulo 2: Aurora

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Perdendo um pouco da minha guarda,
deixe que ela caia.

Não precisamos pensar nisso a fundo,

Nós temos que deixar rolar.

- Wild Love, James Bay

Assim como o sol é culpado por furtar as luas de Mercúrio e Vênus, eu posso culpa-lo por me trazer até Kyle e Vincent. Afinal se não fosse ideia do sol, em forma de menina, eu não teria vindo até aqui. Summer com seus olhinhos azuis e brilhantes, como seu próprio nome sugere, me olha alegre e me enrola em seus braços enquanto sussurra.

— Achei que não viria, estavamos te esperando — Summer sorri para mim assim que desfaz o abraço, pedindo com os olhos para que eu fale algo

— Bom dia meninos... então, como foi a festa ontem? — Pergunto sorrindo, péssimo assunto Aurora, péssimo assunto.

— Ah, foi uma das melhores festas que Kyle deu, você deveria ter ido

— Vincent às vezes exagera, não foi tão boa assim — Kyle diz, sem tirar os olhos do celular.

Durante alguns minutos só se ouvia a voz de Summer e Vincent, decidi então pedir para que ela me entregasse o café quando ficasse pronto, enquanto eu esperava na praça em frente a cafeteria.

Durante alguns minutos só se ouvia a voz de Summer e Vincent, decidi então pedir para que ela me entregasse o café quando ficasse pronto, enquanto eu esperava na praça em frente a cafeteria

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O sol hoje decidiu se esconder atrás de algumas nuvens, como o habitual nessa época do ano. Algumas pequenas manchas no céu é o que parece iluminar as crianças que correm em volta da pequena fonte.

Elas parecem mais felizes do que a mulher que as assiste, que vez ou outra grita para que tomem cuidado. Passo um tempo os observando, tão distraída ao ponto de não notar quando alguém se senta ao meu lado, o 'alguém' toca meu braço com seu dedo, então o olho.

— Pediram para que trouxesse a você, sem açúcar, me parece horrível

— Café com açúcar é um dos 7 pecados capitais — Kyle dá um meio sorriso, enquanto me entrega o copo — onde estão os outros dois?

— Foram juntos buscar um livro que Vince esqueceu, Summer pediu para que eu te acompanhasse até a escola — o olho indignada — Não me olha assim, culpe sua amiga por isso

— Foi o SEU amigo quem esqueceu o livro

— Que seja, podemos ir logo? não quero me atrasar

Ele me convenceria se não estudássemos na mesma escola, fazendo com que eu o visse chegar atrasado em todas as aulas, eu podeira contestar, mas apenas reviro os olhos.

— Vamos

Me inclino afim de pegar minhas coisas, mas ele me surpreende as pegando para mim

— O que foi? Eu posso ser cavalheiro às vezes.

Dentro de seu carro me sinto uma intrusa, é perceptível como tudo é tão característico dele, desde o pequeno chaveiro escrito Marte pendurado no retrovisor até o casaco jogado sobre o banco traseiro

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Dentro de seu carro me sinto uma intrusa, é perceptível como tudo é tão característico dele, desde o pequeno chaveiro escrito Marte pendurado no retrovisor até o casaco jogado sobre o banco traseiro.

— Pode escolher a música se quiser — ele diz me entregando o celular

Suas músicas vão de Queen e Arctic Monkeys à Sleeping At Last e Justin Timberlake. Acabo escolhendo Wild Love do James Bay.

— Ótima escolha

Durante a maior parte do trajeto olho pela janela fechada do carro, algumas árvores parecem incompletas por falta das folhas e ora ou outra o pneu passa por uma poça de água, que foi resultado da chuva de ontem, fazendo com que ela se desmanche no asfalto. O silêncio entre mim e Kyle é preenchido pela voz agora de Vance Joy, cantando Riptide.

Quando paramos em um farol fechado, decido me virar um pouco para olhá-lo, com um pequeno movimento ele é envolvido por uma quantidade mínima de Sol e isso é o suficiente para seu cabelo se destacar tornando-se uma parte viva de todo o preto que ele veste, combinado então com algumas sardas espalhadas pelo seu rosto pálido, é como se ele fosse Marte, sendo acolhido por milhões de estrelas. Só então entendo seu pequeno chaveiro.

— Pretende ficar me olhando sem dizer nada? — ele diz se virando para mim e levantando uma das sobrancelhas, fazendo minhas bochechas ganharem um tom rosado.

— Não tenho nada para dizer

— Uau, você é uma péssima mentirosa, mas dessa vez eu te perdoo

— Que seja, o sinal já abriu se você não andar vamos sofrer um acidente

Ele ia responder, mas se virou para frente e continuou a dirigir, agora com um singelo sorriso de canto de boca.

Chegamos rápido ao estacionamento da escola e quando Kyle parou o carro eu sentia vontade de pular para fora o mais rápido possível, mas me contive. Ele se virou um pouco pegando nossas coisas e me entregou o que era meu.

— Bem, vamos? — diz Kyle me olhando

Manuseio a cabeça já saindo do carro, ele tranca as portas e começa a ir de encontro a entrada, eu ando um pouco mais rápido para alcança-lo.

— Ei você — ele para e se vira um pouco para me olhar — obrigada por ter me trazido

— Nos conhecemos desde o fundamental, não te deixaria vir andando, de qualquer maneira

Ele se vira e continua sua caminhada em direção as portas da escola, sendo gentilmente abraçado por fracos raios solares e uma leve brisa que fazem bagunça em seus fios laranjas, algumas meninas o olham e cochicham entre si, novamente Marte é assunto entre astronautas e estudiosos, dessa vez não por terem descoberto uma provável fonte de vida no planeta e sim por sua beleza poética e de outro mundo.

Amar-teOnde histórias criam vida. Descubra agora