Capítulo 4: Vincent

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Você está tão bonita nessa luz,
Sua silhueta sobre mim,

O jeito como isso destaca o azul de
seus olhos, é o mar de Tenerife

— Tenerife Sea, Ed Sheeran

Ela é cor para mim, mesmo com a falta de cor sendo vista por alguém daltônico. Ela se destaca quando colocada ao lado de uma parede amarela, ou na frente de um jardim cheio de rosas, das mais vermelhas. O meu daltonismo não me impossibilita de ver como ela pode colorir os dias e se tornar a estrela mais brilhante de noite, muito pelo contrário, eu a vejo de maneira diferente dos demais. Vejo Summer como algo maior que o astro rei, eu a vejo como cor em meio ao meu particular mundo monocromático.

Sua proximidade nos últimos meses me fez notar algo diferente dentro de mim, coisas como um abrigo de borboletas no estomago.

Ela é inconstante, ora quer fugir da aula para conversar sobre o quão poético é estarmos começando algo, outrora diz que não podemos nos aproximar mais por segurança. Fala sério quem precisa de segurança quando se tem uma menina que mais parece uma montanha russa bem na sua frente?

— Ei Vince, estou falando com você. — Summer diz encostando seu dedo na minha testa — No que tanto pensa?

— Em você, nisso que está acontecendo — digo passando a mão em seu cabelo.

— Isso é bom?

— Não sei, depende

— Depende de quê? — ela pergunta e se forma uma linha na sua testa

— Depende de quando os meus pensamentos em "você" se tornarão pensamentos em "nós".

Summer não costuma se calar, ela sempre tem algo a dizer, seja em forma de palavra ou com seus olhinhos brilhantes colados aos meus. Ela diria alguma coisa, mas meu celular vibrou e toda a calma que nos rodeava passou a ser inexistente.

Eu pego o celular do bolso e o atendo, já o colocando no ouvido, mesmo sabendo que não seria uma boa ideia.

— Oi Kyle, fala

— Uau, bom ouvir sua voz também, meu amigo

— Sem essa, fala logo o que você quer, homem — Summer me olha e ri, eu mostro a língua.

— Ok, meu amor. — eu reviro os olhos — Estou indo levar Aurora naquela cafeteria que estávamos de manhã, você poderia vir conosco? Por favor.

— Pode ser, já estou indo. Tchau — desligo sem deixar que ele responda.

Summer estava tirando fotos minhas, discretamente (era o que ela achava pelo menos) e sorri quando me vê fazendo pose, eu me sinto colorido por dentro.

Convencê-la a ir a cafeteria foi fácil, quando soube que Aurora estaria lá levantou num pulo. As duas são tão próximas quanto eu e Kyle, por isso Summer diz que não é uma boa ideia que os dois se aproximem.

Dentro do carro, conversamos um pouco sobre tudo, cantamos juntos e fizemos o que eu mais gostei, trocar olhares.

Summer viu quando paramos no farol e aproveitou para repousar sua cabeça sobre o meu ombro, agora eu podia ouvir sua respiração, sem nenhum motivo, isso me faz lembrar quando começamos com toda essa confusão.

Temos aulas de arte juntos, ela conhece muito sobre o impressionismo e tudo que nele há. Ela gosta de falar sobre o assunto, eu gosto de ouvi-la.

Logo viramos uma dupla, a professora dizia que em pouco tempo estaríamos dividindo tintas e pintando quadros juntos, Summer discordava e me cutucava para que fizesse o mesmo.

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