Capítulo Oito

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Ao chegarmos, Henry sumiu e eu fui ver Charlie, quando sai hoje cedo ela estava animada com o fato de eu sair para gastar o dinheiro de Throe. Foi bastante engraçado, aquilo me deu a impressão de que o cara poderia ser um tanto mão fechada.

— Me mostra o que você comprou — disse Charlie ao me ver, eu deixei minhas sacolas em cima do sofá onde era minha cama, em quanto ia ao banheiro — garota! Que vestido escândalo!
— Você gostou então? — saio do banheiro
— Se eu gostei? Garota eu imagino os seus peitos saltando neste decote, Throe não vai tirar as mãos de você amanhã — não sei se aquilo era uma coisa tão boa, mas resolvo não comentar
— Bom, eu ainda não sei o que vou fazer no meu cabelo — Charlie deixa o vestido de lado e olha os sapatos
— Não se preocupe, eu sou muito boa com penteados, faço sempre para as garotas aqui da boate quando elas pedem — aquilo me fez a olhar com mais atenção
— Charlie, quando você pensa em mudar de vida, deixar a boate, voltar a estudar, essas coisas? — vejo uma reação nela ao mencionar aquilo, parece tristeza, mas ela não me olha quando responde
— Eu não sei, a muito tempo deixei essa vida, me acostumei com a que criei aqui, na verdade eu não me vejo voltando a escola ou tendo um emprego normal — ela dá de ombros.

Aquilo me deixou sinceramente triste, Charlie tinha dezesseis anos e não tinha sonhos, projetos, ela nem cogitava sair da vida que estava levando. Eu não deixaria aquilo daquele jeito, quando entregasse Throe, iria ajudar Charlie e outras garotas da boate na mesma situação dela. Elas voltariam a estudar, teriam empregos e seriam felizes.

Eu tive uma noite relativamente normal naquele sábado, e por mais surpresa que aquilo me causou, o fato de Throe não me chamar para o seu escritório depois do expediente. Não que aquilo também não fosse bom, ver a cara daquele homem todo o dia estava me deixando injuriada.

No domingo de manhã, não fui acordada cedo, hoje era um dia de folga que Throe atribuiu a todos, a boate não abriria, mesmo que fosse domingo, um dia que haveria muito movimento. Achei a boa ação dele muito notável.

Charlie e eu passamos boa parte do dia dormindo, e quando era a parte da tarde, eu tratei de sair daquela preguiça toda e fui tomar um banho. Não tinha ideia de que horas Throe iria me chamar, então quanto antes eu tratasse de me arrumar melhor.

Depois do banho, Charlie acordou e ficou animada em pensar de penteados para o meu cabelo, aquilo me deixava feliz, a perspectiva de Charlie fazendo um curso de cabeleireira e trabalhando em um bom salão, aquilo me deixou de ótimo humor.

Charlie me fez um penteado simples, mas bastante sofisticado. Meu cabelo foi preso em um rabo de cavalo alto, deixando fora dele alguns fios, depois ondulando as madeixas e me deixando com uma cara de mulher super rica.

Eu mesma me maquiei, algo forte e chamativo nos olhos, os destacando, e apenas um batom cor de boca pra terminar. Finalmente coloquei o vestido e calcei os scarpins. Me olhei no espelho do banheiro, eu nunca havia me arrumado daquela forma, na polícia você não tem muito tempo para ser chique.

De primeira eu não estava me reconhecendo, mas era óbvio, aquela não era Olívia Lambert, aquela no espelho era apenas a Latiffa, apenas uma farsa para cumprir o meu trabalho. Uma hora depois de estava pronta, Throe mandou me chamar, eu subi até seu escritório me sentindo ansiosa.

Ao abrir a porta, não fiquei surpresa ao ver ele sozinho, apenas com sua aparência, a barba estava impecável, seu cabelo bem penteado para trás e usava um smoking preto com a gravata borboleta e um lenço vermelho no bolso. Throe me viu e seu olhar demorou muito sobre o meu corpo.

Fechei a porta, dando passos cautelosos até Throe, ele me olhava como um predador, não que eu por acaso achasse aquilo ruim. Mesmo que eu o odiasse, senti um prazer imenso ao ver ele me desejando daquela forma.

Lost In PerditionOnde histórias criam vida. Descubra agora