Capítulo Onze

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Algumas horas ali, com Henry me torturando não só psicologicamente, mas fisicamente também, eu tinha o nariz, testa, canto da boca e sentia o sangue quente escorrer da parte de trás da minha cabeça.
De algumas situações de perigo que eu já passei essa é a de longe a mais horrível, eu via a quantidade absurda de ódio que Henry nutria por mim, isso porque ele nem sabia pra quem eu trabalho.
Eu não tinha ideia de que horas Jake iria colocar a força tarefa para invadir a boate, mas eu iria enrolar Henry até lá, com Throe preso era questão de tempo até eles me localizarem, eu ainda estava com o meu celular e claro que o meu chip é rastreado.
— Você está testando a minha paciência — diz ele, me pegando pelos cabelos e me aproximando do seu rosto vermelho e suado, com os olhos claros cheios de insanidade. — fale agora o que você está tramando desde que apareceu na Last Kiss — eu cuspo sangue
— Você é um estúpido se acha que eu vou falar alguma coisa, Henry, eu já passei por coisas piores que isso.
— Você não me dá outra escolha mesmo — ele me larga bruscamente no chão e pega seu celular, mas o mesmo na hora começa a tocar. — Que foi, porra?... O QUE? — ele me olha, agora muito mais irado — filhos da puta! Some para o esconderijo, eu te encontro lá, de um jeito de levar os outros, eu tenho uma coisa pra vocês — ele desliga e me olha — Throe está preso
Imediatamente eu sinto um gelo na barriga, não sei o que sentir, parte de mim está feliz por minha missão cumprida, mas outra parte, ainda maior e estranha está cheia de dor, por que eu estava me sentindo desse jeito?!
— Eu e você vamos dar uma voltinha — ele me coloca a mordaça e me puxa para fora do apartamento, descemos as escadas até estar dentro daquela van horrorosa novamente.
Henry da a partida e acelera o mais fundo possível. Em quanto eu me sentia horrivelmente mariada por causa daquela van me empurrando para todos os lados, me pergunto quem avisou Henry no telefone. Junto a Throe todos os seus capangas devem ter sido presos.
Chegamos mais uma vez em algum lugar, que eu realmente não sabia onde ficava, mas era uma casa, com aparência normal, como se fosse de uma pequena família normal. Henry me arrastou para dentro da casa, ela era incrivelmente bem mobiliada, cheia de detalhes em madeira.
Não me deixaram observar mais a casa, Henry me levou escada a baixo até entrar em um porão muito sujo e cheio de caixas, iguais as que haviam no apartamento de Throe, mais drogas. Ali estava Benjamin e Oliver, cada um tinha uma expressão mais medonha que a outra
Eu não sabia se deveria ter medo, mas realmente não sentia nada naquele momento a não ser um enjoo de proporções épicas.
– Então você vai falar o que realmente veio fazer desde o início na boate? Eu estou começando a perder a paciência.– diz Henry, eu olho para os outros dois. No mesmo instante o celular de Oliver começa a vibrar sem parar. Ele atende, vejo quando seu rosto ficar completamente branco e sem expressão, só por aquilo eu já sei que o que Jake planejou mais cedo, havia ocorrido com perfeição.
Eu não sabia exatamente o que sentir, mas tudo ficou momentaneamente escuro, com uma sensação esmagadora em meu peito.
Por que eu estava sentindo aquilo? Por que eu não podia apenas sentir o alivio de uma missão cumprida? Oliver me olha com ódio e é Benjamin que o impede de partir para cima de mim com todo a raiva que tinha.
– Ei! Se acalme, o que houve?
– Agora eu sei o que essa puta foi fazer na boate, como eu pude ser tão cego?– eu sei bem do que ele está falando, meu coração esta cheio de angustia, e medo. Eles sabiam agora quem eu era.
– Espera, do que você esta falando, Oliver?
– Throe foi preso esta tarde, com ele todos da boate e as garotas levadas como testemunhas, por muita sorte não estávamos lá, ou a gente iria em cana como cumplices – todos me olham, agora que ele tinha finalmente ido preso, eu resolvo c contar tudo de uma vez.
– Sou uma agente infiltrada, minha missão era descobrir quem era responsável pelo cartel de drogas que estava distribuindo para toda a cidade, fui bem sucedida na minha missão e agora Throe esta preso e vocês serão os próximos– cuspo as palavras para eles.
– Você não foi nem um pouco bem sucedida nesta merda, por que você vai ajudar a soltar Throe ou eu juro que te mato e a todos que você ama, sem nenhum pudor ou remorso. Olho por olho – diz Benjamin me surpreendendo, de todos ali ele parecia o mais pacifico e inofensivo, mas devia ter um motivo para Throe o ter contratado.
– Eu não tenho medo de vocês – todos ali sorriram como se fossem psicopatas, que eu poderia apostar que eram mesmo, todos loucos e perigosos.
– Eu teria se fosse você
                                 (...)

Dias e mais dias presa, eu sabia pela conversa dos três patetas que havia grupos de policiais me procurando sem descanso, e também os três capangas que faltava para prender.
Eu pensava que seria mais um dia de pura tortura, Henry iria me surrar tentando arrancar alguma coisa de mim além das informações que já os tinha fornecido. Mas eu amanheci sozinha, algemada na mesma cadeira, com os pés amarrados e aboca amordaçada, como eu iria sair dali era uma questão sem qualquer resposta.
Mesmo se eu tentava me soltar, com qualquer truque que havia aprendido no treinamento da policia, ainda não era eficaz. O estrondo da porta me parou e eu ouvi pequenos gritos femininos abafados, eu estava com um olho roxo e inchado, mas sabia perfeitamente reconhecer as feições de minha mãe, colocada amordaçada na minha frente.
Naquele instante eu soube que deveria temer um pouco mais aqueles três, eles realmente não estavam brincando. Ela foi pendurada por uma corda em uma viga de madeira, totalmente fora do chão.
– Você tem exatamente três segundos para começar a contar tudo o que sabe e topar nos ajudar a tirar Throe do buraco a onde você o colocou. Antes da sua mãe ser eletrocutada – diz Henry, Benjamin e Oliver aparecem com dois grilhões com as pontas faiscando com a eletricidade.
Não sei como, mas minha mãe se livra da sua mordaça e me olha suplicante, falando muito ao mesmo tempo.
– Olivia, não os ajude, você sabe o que esse bandido merece, eu não ligo de morrer pela justiça, foi isso que você me ensinou assim que resolveu entrar para a policia. – a atitude de minha mãe podia ser corajosa, mas fazia dias que eu estava ali, sofrendo as mais diversas agressões e tendo a plena certeza de que tinha contraído alguma doença no meu estômago. Eu não podia ver minha mãe sofrer com o mesmo que eu.
– Tudo bem, eu topo, eu ajudo vocês – declaro com a voz falhando, céus, eu nunca me perdoaria por isso, mas naquele momento não valia só a minha vida, a pessoa mais importante do mundo pra mim também estava ali.
– Muito bem, você pode começar a falar, vadia!

Lost In PerditionOnde histórias criam vida. Descubra agora