Entrando na boate eu fui lançada a um mundo com muito extasy, LSD, cocaína e álcool. As pessoas estavam simplesmente fora de si, o som da música martelava sem dó por meus ouvidos, as luzes, o neon e as garçonetes vestidas como coelhinhas eram um exagero a parte. Aquilo era um templo de pecados muito mais do que mortais...
— Com licença — falo ao me aproximar do bar leste, um barman se aproxima e me dá um sorriso predatório
— Opa, em que posso ajudar? — ele era alto, tinha um corpo magro, mas tinha músculos salientes, os cabelos raspados dos lados e mais cumprido na frente, não sabia dizer muito sobre o seu rosto com o breu e as luzes coloridas que não ajudavam muito, mas eu vi seu sorriso brilhante e sabia que ele tinha um piercing no septo.
— Você sabe me dizer se o gerente ou o dono desse lugar está por aqui? — o cara me da um olhar de cima a baixo e um meio sorriso um tanto malicioso
— Você pode falar com aquele cara ali — apontou para a lateral, a uns três metros de mim, um outro homem, ele era alto, muito alto, cabelos meticulosamente penteado pra trás e engomado de gel. Usava roupas pretas e óculos escuros, tatuagens por todos os lados.
— Obrigada — o barman assentiu. Eu segui, com a minha mala nas costas até aquele cara. Dei mais um suspiro e fui até ele. Realmente ou eu era muito pequena ou esse cara é ridiculamente grande.— Com licença — toco o ombro dele, o homem se vira para mim, não sei como são seus olhos, por causa dos óculos, mas ao me ver ele rapidamente me dá um sorriso
— Sim?
— Eu posso falar com você um instante? — a musica parece ter dobrado o volume, parece que minha cabeça vai explodir
— Você pode adiantar o assunto, gatinha? — me seguro para não revirar os olhos
— Vocês por acaso estão contratando? — o cara ficou me encarando por alguns segundos, então fez um gesto para eu o seguir.Eu fui, passamos por muitas pessoas até chegarmos em uma escada meio escondida. Os degraus nos levaram a até um corredor onde a música ficava abafada e cheio de portas. Mas mesmo dali do começo podia se ver um par de portas altas, vermelhas. O cara grande me levou até essas portas, e em quanto andávamos eu tentava aprender cada nuance daquele lugar, ver a onde tinham câmeras, sistemas de movimento e áudio. O cara bateu na porta, três toques seguidos.
— Espere aqui, eu já volto — disse ele e entrou pelas portas, que logo foram fechadas. Suspiro, eu não podia me mover dali, haviam duas câmeras um pouco acima das portas. Elas tinham o movimento sincronizado o que queria dizer que havia um sistema para controlar elas.
— Ei gata, entra aí — levo um pequeno susto, a porta se abre para mim e eu entro. Lá dentro eu fico espantada com tamanha elegância e luxo.Com uma estante enorme e cheia de livros, um sofá que nada menos valia uns vinte mil dólares. A mesa de mogno escuro em um estilo clássico com uma poltrona atrás, e sentado nela estava o que eu tenho certeza ser o poderoso chefão daquele lugar, apenas pela arrogância e as mulheres que estavam em volta dele.O cara atrás daquela mesa era...como todos ali grande, musculoso e metido. Seus cabelos eram cor de cobre, ele tinha olhos escuros como a noite e totalmente sem brilho, como poços vazios. Ao me ver seu olhar ficou instantaneamente preso no meu corpo, o que eu já esperava, aquele vestido era de mais.
— Garotas, voltem ao trabalho — disse ele, com sua voz grave e cheia de autoridade, ele era dono daquele espaço. As coelhinhas saíram, deixando eu, o cara de óculos e o chefão. — Você pode ir também, Oliver — o cara de óculos assentiu e saiu. De repente eu me senti muito insegura, aquele cara era perigoso, ele tinha cheiro de adrenalina e crueldade. — Sente-se — disse ele, indicando a cadeira na sua frente. Eu deixei a minha mala de lado e me sentei, tentei manter a minha expressão relaxada.
— Oliver me adiantou que você perguntou se há vagas aqui — assenti
— Eu estou precisando muito de um emprego
— Tudo bem, vamos por partes, qual o seu nome? — ele se recosta em sua poltrona, me olhando diretamente, aquilo era uma forma clássica de intimidação, mas eu não iria cair nessa.
— Latiffa Reymonds — ele me dá um meio sorriso
— Muito prazer, Latiffa, eu sou Throe, dono do estabelecimento. Você é de onde, Latiffa?
— Eu nasci na Carolina do norte — o tal Throe se endireita em sua cadeira e me olha
— Você não tem sotaque
— Faz muito tempo que eu vim de lá, ainda era uma menina
— E você tem quantos anos agora?
— Vinte e três — ele assente. Coça sua mandíbula que tem uma barba muito bem feita, aparada e bonita
— Muito bem Latiffa, você tem experiência com boates?
— Eu trabalhava em uma até semana passada, mas o dono começou a fazer cortes e eu fui chutada — não era nem um pouco do meu feitio usar aquele tipo de linguagem, eu me sentia estranha, mas sabia que pegaria o jeito logo
— Olha, você deu muita sorte, uma das minhas garçonetes vai entrar de licença maternidade e é bem provável que peça demissão nesse período, então você vai ficar com a vaga dela. Vou te dar um mês de experiência, tudo bem? — aquilo havia sido mais fácil do que eu pensei. Throe se estica um pouco e vê a minha mala — você por acaso tem a onde ficar? — nego com a cabeça
— Sem salário, sem casa — dou de ombros. Ele passa a mão por seus cabelos, estavam perfeitamente bagunçados, que irritante!
— Tudo bem, você vai dividir um quarto com a Charlotte, ela era a única que morava aqui na boate, agora não vai mais ficar sozinha. — ele pega seu rádio e aperta o botão — Henry, no meu escritório — diz apenas. Em menos de dois minutos alguém bate na porta. Mais um cara entra, ele é diferente dos outros ali. Ainda alto e encorpado, seus cabelos mais longos e cacheados, pele morena e lindos olhos verdes muito claros, vestindo aquela roupa toda preta.
— Leve a Latiffa para o quarto da Charlotte, não esquece de avisar a doidinha que ela tem uma colega agora — o tal Henry assente, então pega a minha mala. Olho para Throe, ele tinha sua atenção em sua mesa, para alguma papel, mas me olhou um segundo depois. Senti um pequeno calafrio, aqueles olhos eram tão frios e observadores, céus, era assustador.Eu saí do escritório, segui o tal Henry, ele não disse nada, na verdade o cara nem sequer me olhou, aquilo fez com que ele fosse o primeiro cara que eu gostasse naquele lugar. Descemos as escadas, então ele abriu uma porta que tinha mais uma escada, só que essa ia pra baixo. Descemos e no final dela havia uma cortina vermelha de veludo, pesada. Henry a afastou e me deixou entrar primeiro. Era um lugar extremamente iluminado e bonito.
Havia um sofá branco pequeno, um tapete, uma TV de tubo com antena em cima. Mas o que chamava a atenção era a cama, ela ficava em cima de um quadrado feito de madeira que tinha porta e uma escada lateral para chegar até ela.
O Henry deixou minhas coisas ali, eu o olhei pensando que ele iria dizer algo, dar alguma orientação, mas tudo o que ele fez foi me olhar no rosto e sair andando. Bom, acho que não dá pra agradar todo mundo mesmo. Olhando em volta via como tudo era organizado e limpo, acho que essa Charlotte deve ser legal, pelo menos quero acreditar nisso.
Deixando de lado meus pensamentos, tratei de me mexer, abrindo minha mala procurei os suportes para colocar as armas que eu havia trago. Colocando eles em lugares estratégicos. Então me sentei no sofá ali e fiquei pensando o que iria fazer agora, estava basicamente contratada. Acho que avisar Jake era um começo. Olhando do lado de fora, não havia ninguém, pego meu celular no meu sutiã e disco o número de Jake, ele atende no segundo toque.
— Oi, nossa eu estava preocupado, como você está? — dou um sorriso
— Oi, eu estou bem, tenho notícias
— Pode falar
— Fui contratada — sorrio com o meu feito
— Caramba! Isso é sensacional, você é mesmo a melhor, Oliv
— Você não iria acreditar no quanto foi fácil
— Já tínhamos algumas informações pra você conseguir esse lugar, mas o seu charme era a chave para seguir adiante
— Bom, então que comece os jogos — Jake me dá um riso curto
— Boa sorte
— Obrigada, boa noite — desligo. Deixando minha mala em um canto, resolvo que eu tenho uma investigação para fazer. Saio do quarto, subo a escadinha e volto para a boate. A música estrondosa continua, eu teria que me acostumar com ela. Tentando me misturar com as pessoas a minha volta e dar uma de invisível, eu observei aquele lugar. A estrutura era inacreditavelmente grande. Havia a pista no centro, bares leste e oeste. Os camarotes eram em playgrounds que ficavam em cima dos bares, você chegava até lá por escadas. O DJ ficava no centro de tudo, no mesmo nível dos camarotes, abaixo dele, telões com luzes e e caixas de som muito potentes. Fora tudo isso os lugares para onde havia um pouco de privacidade. Sofás com cortinas em volta. Eles ficavam em uma parte mais escura. O cheiro de destilaria era forte por todo aquele lugar, mas mesmo com todos os corpos balançando, não era um calor infernal, Throe investe nos ar condicionados.Por entre os seres dançantes, eu cheguei novamente ao bar leste, aquele barman bonitinho estava lá e me deu um sorriso, mas não saiu do seu posto, fazendo um drink que parecia complicado. Eu apenas me encostei no balcão e fiquei por ali, acompanhando o movimento, observando cada detalhe da noite. Era assustador a quantidade de drogas daquele lugar, em todos os cantos havia alguém cheirando ou engolindo, fumando e até injetando alguma coisa. Claramente a pista que temos desse tal Throe ser o chefão do fornecimento são bem verdadeiras...
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Lost In Perdition
RomanceA vida é capaz de nos lançar em situações muito inusitadas muitas vezes e há momentos em que nos sentimos perdidos quando a emboscada realmente da certo. Olivia Lambert é uma agente infiltrada, seu trabalho é unicamente entrar na vida das pessoas e...