Capítulo Treze

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O grande dia havia chego, o julgamento de Throe. Em quanto eu me arrumava, tinha uma sensação esmagadora em meu peito, eu senti que estava fazendo o certo por Throe, mas o meu senso de justiça me alertava que aquilo era muito errado.
A quem eu queria enganar? Tudo estava errado, eu tinha ido de uma policial renomada para uma futura fugitiva, eu realmente deveria me odiar, mas apenas sentia mais e mais expectativa em começar uma vida nova.
— Olívia — tomo um susto ao ouvir a voz de minha mãe. Ela aparece na porta do meu carro.
— Mãe? O que faz aqui?
— Nós precisamos conversar — é claro que sim. Desde que eu tinha sido solta do meu cativeiro, eu não tinha tido qualquer contato com meus pais.
— Do que se trata? Eu não tenho muito tempo...
— Eu não posso aceitar que você irá ajudar aqueles bandidos — eu desvio meus olhos dos dela
— Eu não tenho escolha, se não fizer eles vão vir atrás de nós, da nossa família
— Não minta para mim e nem para si mesma, você o ama, eu posso ver isso. Esta fazendo isso por ele e não por sua família.
Ouvir aquilo da minha mãe não era fácil, mas fazia parte da verdade. Eu amava Throe, fazia isso porquê não o queria ver atrás das grades o resto a vida. Porém não esquecia da minha família.
— Você está certa, mãe, eu o amo, mas faço isso por vocês também, eu prefiro ver todos vivos e bem do que conviver com a culpa.
— Isso é errado, Oliv, você ainda pode voltar atrás — eu me aproximo dela e lhe dou um abraço
— Espero que um dia você me entenda, eu te amo, mamãe — me afasto a olhando. Pego minhas malas e saio dali.
Na porta do meu apartamento, dou uma boa última olhada, eu iria sentir muita falta daquele lugar, foi onde eu passei ótimos anos da minha vida. Quando fecho a porta, sei que dali em diante daria início a um novo capítulo da minha vida.
Quando chego no tribunal, sento em um dos últimos lugares, tinha uma boa visão de tudo o que acontecia, a imprensa estava em peso e eu só queria que tudo acabasse o mais rápido possível.
O tribunal entrou em cessão e Throe foi enviado para a sala, o silêncio reinou quando a juíza entrou e deu início ao julgamento.
Na mesma hora, eu mandei uma mensagem para Henry, queria que ele estivesse aposto, quando o julgamento se encerrasse, aí sim nós poderíamos agir.
(...)

— O tribunal entrou em consenso. Throe Mc'Connor, você agora é condenado a prisão perpétua, sem direito de entrar em condicional  — diz a juíza e então bate seu martelo. Olho para Throe, ele não parece nada abalado, apenas frustrado.
Eu saio da sala quando todos estão focados em Throe, sigo para o meu carro e então eu ligo para Henry. Ele não demora a atender.
— E então?
— O julgamento foi encerrado, logo vão começar a transferência dele
— Estamos na BR, esperamos você lá
— Certo.
Eu desligo meu celular, fico ali dentro do carro olhando em volta e com a arma engatilhada. Não tinha o menor receio de começar um tiroteio se fosse necessário.
Eu sabia que o ônibus que levaria Throe seria escoltado por um pequeno exército, não havia apenas ele de bandido perigoso naquele veículo.
Quando eu o vi, sendo escoltado até o ônibus, usando aquele uniforme laranja, algemado nos punhos e nos tornozelos. Céus, eu tive certeza que estava fazendo o certo, aquilo era insuportável.
Tento manter meu controle e enfim eu dou partida no meu carro. Dou uma ultima olhada para os policiais, o palácio da justiça. Seria a ultima vez que eu poderia chegar perto de um lugar daqueles sem o risco de ser presa.
Finalmente, saio dali, seguindo o ônibus e as viaturas discretamente. Eu tinha que manter uma distancia segura e poder ficar de olho no ônibus sem o perder de vista.
Quando finalmente eu alcanço o quilometro que os carros de Henry e Oliver estão escondidos, eu mando um sinal de alerta pelo celular e então eu vejo seus carros sair das sombras e começar a seguir o ônibus junto comigo.
Minha arma esta em minha mão enquanto a outra está no volante, quando eu finalmente os vejo do meu lado, sinto a força necessária para seguir em frente. Tomando a liderança, eu bato na primeira viatura fazendo ela bater na que estava na frente.
Os tiros começaram, então eu pude descontar um pouco da minha raiva atirando para todos os lados que pude. Acelerando, pude ficar a frente do ônibus e então atiro contra o motorista e ele faz o veículo perder o controle e sir da estrada e assim capotar e ficar preso um tanto soterrado entre o mato.
Henry e Oliver seguem caminho tentando tirar os policiais da nossa cola, eu saio do meu carro, atiro contra uma janela que esta de cabeça para baixo, estourando o vidro. Vejo a maioria dos presidiários desmaiado e acho que um ou outro deve estar morto.
Eu vejo Throe, ele esta desmaiado, então tenho que arrasta-lo para fora do ônibus.
– Throe? Merda! Acorde, vamos lá! – dou alguns tapas em seu rosto, pouco a pouco eu vejo ele despertar e me olhar assustado. Havia um corte grande em sua cabeça, eu conseguia apenas sentir alívio ao ver que ele não estava morto.
– O que..?
– Sem perguntas, vamos logo – ele se levanta com dificuldade e, corremos para o meu carro.
Quando dou partida no meu carro novamente, meu coração esta a mil e eu posso ouvir barulho de sirenes não muito longe. Saio da rota mais conhecida e faço o meu próprio caminho até o esconderijo que Henry tinha arranjado.
Na verdade não passava de um casebre no meio do nada. Finalmente chegando lá, estava ofegando e meu coração estava a mil, na verdade eu estava sentindo muita dor, mas aquilo devia ser por ter arrasto o peso quase morto de Throe.
– Saia do carro – ordeno para Throe, ele me olha por um longo momento que quase me faz gritar
– Olivia, o que você vai fazer agora? Pra onde você vai?
– Algum lugar que provavelmente você nunca vai descobrir, eu quero que você saia deste carro e que nunca mais eu te veja – aquilo era mais cruel comigo do que com ele.
– Você sabe que isso não vai dar certo, eu sei que você me ama e eu...eu sou completamente louco por você – aquela declaração trás lágrimas aos meus olhos, mas eu não podia ceder.
Eu posso amar Throe como nunca amei ninguém na minha vida, mas isso não queria dizer que iria enfrentar a vida de bandidagem dele apenas para poder viver isto.
Mas ainda tinha o fato de que eu não sabia o que fazer com o resto da vida que tinha, então, olhando nos belos olhos de Throe, eu tinha que tomar uma decisão, jogar tudo para o auto e tentar dar certo com Throe ou seguir minha vida...                                                                                 

Lost In PerditionOnde histórias criam vida. Descubra agora