Epílogo

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                (Cinco Anos Depois)

– Mamãe, mamãe, venha aqui ver, eu achei outra joaninha – não posso deixar de sorrir. Layla havia crescido muito rápido, seus cabelos loiros como os meus e seus lindos olhos escuros, como os de Throe.
Era a única coisa que hoje em dia eu poderia agradecer a ele...

Saia do carro – ordeno para Throe, ele me olha por um longo momento que quase me faz gritar
– Olivia, o que você vai fazer agora? Pra onde você vai?
– Algum lugar que provavelmente você nunca vai descobrir, eu quero que você saia deste carro e que nunca mais eu te veja – aquilo era mais cruel comigo do que com ele.
– Você sabe que isso não vai dar certo, eu sei que você me ama e eu...eu sou completamente louco por você – aquela declaração trás lágrimas aos meus olhos, mas eu não podia ceder.
Eu posso amar Throe como nunca amei ninguém na minha vida, mas isso não queria dizer que iria enfrentar a vida de bandidagem dele apenas para poder viver isto.
Mas ainda tinha o fato de que eu não sabia o que fazer com o resto da vida que tinha, então, olhando nos belos olhos de Throe, eu tinha que tomar uma decisão, jogar tudo para o auto e tentar dar certo com Throe ou seguir minha vida...
As lágrimas desciam, e em meu coração eu sabia que aquela era a melhor coisa a se fazer.
– Saia do carro – falo pela última vez. Throe respira fundo, então saí e eu o deixo para trás.
A escolha de não ficar com Throe me causou uma série de sentimentos que eu nem sabia reconhecer, mas algum tempo depois, quando eu tinha me mudado para Londres, descobri que estava grávida.
Foi uma surpresa, um choque, e um amor. Quando Layla nasceu eu senti falta de Throe, eu gostaria de saber o que ele sentiria ao vê-la, se seria um bom pai.
Olhando Layla agora, provavelmente é muito errado esconder de Throe que ele tem uma filha e o pior é saber que Layla nunca iria conhecer quem eu amei de verdade para concebe-la.
– Olha só, essa aqui é tão bonita – digo a ela ao ver a joaninha que ela achou em nosso jardim.
Aqui em Londres eu consegui uma boa casa, depois de mudar de identidade, consegui um emprego bom em uma loja de roupas perto de casa. Eu tinha uma vida pacifica e normal, era tudo o que eu queria.
Apesar de que eu sentia muita falta da ação e da adrenalina de quando era policial, de quando estava infiltrada e fazendo o trabalho que eu sabia que tinha nascido pra isso.
Mas olhando para a minha filha agora, eu vi que tudo o que eu fiz durante esse tempo foi por ela. Tinha um motivo para tudo isso acontecer. E era por Layla.
– Eu já achei três – ela dizia com muita alegria, aquilo me fez sorrir mais ainda.
De repente eu ouço um carro, parando bem na frente do meu jardim. Era todo preto e parecia suspeito de mais. Coloco Layla atrás de mim.
– Querida por que você não entra e vai ver TV? Eu já vou – sorrio para ela, Layla assente e corre para dentro. Quando sei que ela esta segura dentro de casa, eu aciono o sistema de segurança.
Ando até o carro, com alguma cautela, eu tinha medo de ser a policia ou algum órgão do governo vindo tirar a minha filha. Eu sempre tinha pesadelos com isso.
Quando a porta do motorista abre, meu coração vai na garganta. Era Oliver, eu podia reconhecer aquele estilo e aquela altura em qualquer lugar.
– Olivia, como é bom ver você de novo – eu lamentava profundamente não estar armada agora.
– Oliver? O que faz aqui? Como me achou? – ele tira seus óculos e anda até mim
– Não foi eu, Throe não descansou até localizar você – saber daquilo deixou meu coração batendo ainda mais rápido e me fazendo questionar o porquê.
– E por que ele faria isso?
– Olha, você vai ter que perguntar isso pra ele
– Como é que é? Ele está aqui? – ele sorri
– Está, e vocês tem um encontro hoje a noite – aquilo não podia ficar pior – ah, ele quer conhecer a Layla – acabou de ficar.
– Bom, com toda essa boa vontade que você veio aqui me dar essa noticia, você vai até o Throe e vai dizer a ele que nem em um milhão de anos eu vou ir vê-lo e levar a minha filha para ele conhecer.
– Qual é, Olivia, ele sabe que Layla é filha dele, você não pode negar esse direito. Já renegou dele por cinco anos.
Eu odiava que ele estivesse certo, mas eu nunca comentei com Layla sobre seu pai, nunca nem mencionei que para ela poder nascer precisou de outra pessoa. Mas eu não podia tirar o direito dela de conhecer seu progenitor.
– Que droga, Oliver! – ele sorri
– Eu vou passar aqui lá por uma sete, estejam prontas
– Vai se foder – eu me viro e começo andar
– Foi bom te ver de novo também – eu o ignoro e entro em casa.
                                  (...)

Mais difícil do que ter força de vontade para me arrumar, foi explicar para Layla o que nós vamos fazer naquela noite. Era muito complicado falar para uma garotinha de cinco anos que hoje ela conheceria quem ajudou a sua mãe a tê-la.
Em quanto eu dava banho em Layla e a arrumava eu só conseguia pensar em como será quando eu ver Throe novamente, fazia anos desde aquela última vez, um tanto traumática para uma despedida.
Depois de deixar minha filha mais parecendo uma princesa eu fiquei orgulhosa de ela estar lidando bem com situação mesmo sem entender muito bem do que se tratava.
Deixei ela vendo seu desenho favorito e fui me arrumar. Um banho rápido e logo estava no meu quarto olhando meu closet. Droga, eu não tinha ideia do que usar, tudo bem, não era um super evento, então eu escolhi um vestido com mangas compridas, um decote V profundo e com a parte da saia até meus tornozelos, era em uma cor branca meio rosada. Com meus cabelos secos, maquiagem feita e salto nos pés, eu me sentia pronta e poderosa.
Quando a campainha tocou, vi Layla pular do sofá e correr até a porta e então a abrir. Eu vi o quanto ela ficou espantada ao ver Oliver, ele tinha cara de quem assustava jardins de infância por ai.
– Estão prontas? – perguntou ele a Layla, ela deu um sorriso tímido que eu conhecia bem, estava assustada, mas era muito orgulhosa para admitir, igual a mim.
– Estamos – eu digo, pegando a minha bolsa e mão de Layla, nós saímos na frente de Oliver e então entramos em uma linda limusine que eu fiquei espantada só de ver.
– Isso é sério? – pergunto a Oliver quando ele abre a porta para nós
– Eu só cumpro ordens – é claro que sim.
Com Layla sentada do meu lado, ela estava maravilhada com o carro e ficava me perguntando a todo momento para que servia cada coisa que havia ali dentro. Céus, ela era tão imperativa.
Eu estava nervosa, mas havia tanta expectativa, o que ele falaria ao me ver, ao ver Layla. Tudo seria muito novo e cheio de surpresas.
Oliver não nos fala nada durante o caminho, mas quando carro parou, foi em frente a uma mansão muito grande e elegante e em um bairro lindo e completamente normal. Era até um pouco estranho como tudo ali parecia distante da realidade que eu estava vivendo.
Oliver abriu a porta do carro para Layla e eu, então nos acompanhou até a grande porta da mansão. Apenas empurrando-a, abriu e nos levou até a sala de estar. Então me deu um sorrisinho um tanto cúmplice e saiu da li.
– Mamãe, o homem que nos viemos ver mora nessa casa?
– Sim meu amor. – me abaixo na frente dela – você não precisa o chamar de pai Layla, não precisa tratar ele bem se por acaso não for com a cara dele e se sentir mal é só falar pra mamãe. Você entendeu? – ela assente
– Eu acho que já gosto dele – eu seguro meu riso. Acho que nas questão interesses, Layla tinha puxado muito o seu pai.
– Olivia – meu corpo todo se arrepia quando eu ouço sua voz ecoar pela sala, eu respiro fundo antes de me virar e olhar Throe pela primeira vez depois de cinco longos anos
E ele não podia estar mais igual. Simplesmente lindo de tentar me matar e ao mesmo tempo me salvar. Meu coração vai na boca e volta. Ele estava tão elegante com seu blazer e o cabelo bem penteado.
– Throe – eu digo. Ele se aproxima cautelosamente de nós. Eu olho para Layla, ela parece simplesmente fascinada, eu nunca tinha visto seus olhos tão vidrados.
Throe se abaixa na altura dela e a olha do mesmo modo que ela faz. Eu tento, mas não consigo segurar as lágrimas, meu coração está cheio de uma alegria surpreendente.
– Eu conheço você, mamãe, eu conheço ele – diz Layla de repente, eu a olho com espanto.
– Conhece de onde, meu amor?
– Dos meus sonhos, eu já falei pra você dele – eu busco em minha mente alguma memória do que ela está falando.
Então me lembro de muitas vezes Layla comentar que havia sonhado com um homem grande, que protegia ela dos monstros de seus pesadelos. Mas eu nunca fiz qualquer ligação com a imagem de Throe.
Porquê ela nunca viu sequer uma imagem dele.
Meu mundo fica um pouco balançado, Throe está me olhando, então sorri para Layla.
– Eu sempre apareci nos seus sonhos para te proteger porquê estava muito longe, mas agora eu estou bem aqui e nunca vou deixar nada de mal te acontecer, minha pequena – Layla lhe da um grande sorriso e então abraça seu pai.
Naquele instante eu sinto o resto do meu destino selado, toda essa jornada louca que a vida me fez passar era apenas para chegar neste instante e ver que minha vida podia ser completa sem Throe, mas eu não queria isso.
Ele era o meu lar, era pra onde eu sempre voltaria. Quando Throe me olhou novamente, e ergueu uma das sua sobrancelhas, em um questionamento silencioso da minha decisão final, Eu lhe dou um sorriso contendo um grande sim.







Fim... por em quanto

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