Terceiro Capítulo

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— Você está parecendo um pintinho molhado.

Otávio ouviu a moça desconhecida dos sorrisos escandalosos falar toda cheia de graça.

Ficou muito nervoso com aquela situação inusitada, porém quase riu, ela estava linda sorrindo de uma forma natural e divertida. Mas não podia permitir que coisas daquele tipo voltassem a acontecer em sua empresa. Por isso amarrou a expressão em uma carranca séria, para a tal moça perceber que não estava para brincadeiras.

Observou ela apertando os lábios grossos tentando segurar o riso.

— Posso saber qual é a graça? Você acabou de me dar um banho e ainda está rindo da minha situação? — falou sério a encarando.

Reparou que era uma mulher linda, e mesmo estando com o uniforme de limpeza, pôde observar o corpo com curvas bem distribuídas, seios fartos, lábios cheios e olhar brilhoso divertido.

Otávio abanou a cabeça tentando espantar os pensamentos, nunca poderia se envolver com uma mulher como ela. Nunca.

— Me desculpe, senhor — estava visivelmente arrependida, mas ainda achava graça. — Não foi minha intenção. Mas mesmo sendo tarde, com o horário avançado das horas e pouquíssimas pessoas neste andar da empresa, deixei uma placa de aviso na porta que é bem grande, e de um tom amarelo muito vivo.

Ele se recriminou mentalmente.

Estava tão concentrado na mancha de café de sua camisa, que aquele detalhe passou despercebido.

— Deixa eu te ajudar a secar, só um momento. — Otávio ficou parado, observando-a pegar um pano branco de algodão em cima de um carrinho cinza e ir em sua direção. No momento não teve nenhuma reação, a não ser ficar acompanhando cada movimento da nova funcionária.

Quando Jasmim ficou perto o suficiente, secou o rosto dele com tanta delicadeza, que o fez fechar os olhos involuntariamente para apreciar melhor aquele contato cheio de carinho e atenção. Ela secou os cabelos macios, as pálpebras, bochechas, mas quando ia passar a pequena toalha em seu longo pescoço, Otávio recobrou o juízo e a impediu de continuar, aquilo estava indo longe demais, e não era nada bom para sua sanidade.

— Pode deixar que eu mesmo darei um jeito. Mas espero que isso nunca mais se repita. — falou firme antes de sair a passos largos e apressados do banheiro sem olhar para trás. Estava pisando em um terreno perigoso demais e não podia esquecer-se de suas limitações com assuntos relacionados a envolvimentos amorosos.

— Senhor, me desculpe mesmo, de coração — ainda a ouviu dizer com a voz doce e suave.

Sentiu sinceridade em suas palavras, por esse motivo, pensou que talvez não devesse ter sido tão seco e indiferente com ela. Mas era melhor assim, aquela garota havia mexido com seus pensamentos de uma forma diferente e em pouco tempo, fazendo-o lembrar-se de sua amada mãe quando fazia emendados no cabelo, nunca tinha entendido como eram feitas, mas achava lindo. Sua mama ficava uma verdadeira rainha com a coroa de tranças na cabeça.

Voltou para sua sala ainda molhado, e decidiu ir embora pegando sua pasta e os seus objetos pessoais. Já era tarde e não queria ficar nem mais um minuto na empresa, mesmo porque, estava ridículo todo ensopado e amarrotado daquela forma. Foi alvo de olhares surpresos e chocados dos poucos funcionários que restaram na empresa naquele horário, mas saiu sem olhar para os lados como se não tivesse acontecido nada. Porém seus pensamentos estavam a mil por segundos, pois horas era muito tempo para tudo que estava passando em sua cabeça.

Chegando a casa, encontrou Magda preparando algo na cozinha. Ela trabalhava para ele há muito tempo e sabia de todos os seus gostos na alimentação.

— Boa noite! — saudou educado como sempre.

Quero Te Amar Sem Medo - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora